terça-feira, 14 de julho de 2015

Episódio 89- Depois dquela fria manhã de Outono



Ela acompanhou o irmão, que tomava fortes antibióticos na veia por causa do risco de septicemia, já que o intestino fora perfurado.
Mas felizmente foi um ferimento pequeno, pois tinha cortado mais gordura e músculo e atingido um vaso externo do intestino, mas o tecido interno do intestino não se abriu.
Mas a perda de sangue foi grande e ele precisou de uma transfusão.
Uma operação foi feita para retirar um caco de cerâmica que ficara preso entre os músculos da barriga, e ele estava sob fortes sedativos.
Enquanto isto, Maki estava fragilizada e traumatizada. Tinha sido traída pelo próprio pai e sabia que dependia dele, que ela era menor de idade e não poderia viver sem ele. Agora se arrependia de tê-lo esfaqueado com o caco de cerâmica e temia que ele morresse. Um grande dilema angustiava sua mente: por um lado, as chibatas de fogo do ciúmes, lacerando sua Razão,por outro, a mágoa de ter sido traída e enganada, que fazia chagas que queimavam sua consciência, e por um terceiro, o arrependimento, a culpa, a insegurança ,a dúvida atroz se ele iria morrer ou sobreviver e o que seria da vida dela sem ele.
Não queria ir para um orfanato de maneira alguma, sua experiência anterior fora terrível e ela não queria passar por este inferno de novo.
Tudo o que havia conquistado: uma nova família, estável, rica ,um ambiente confortável, uma vida feliz, filhas, um marido, tudo parecia estar perdido, e ela se perguntava como as coisas puderam ir ao fundo do poço daquela maneira. De certa forma, ela crescia como ser humano e se desenvolvia, amadurecia, e sua infantilidade, ingenuidade e inocência de outrora estavam se esvaindo por entre suas lágrimas.
Qual larva que se encerra em um casulo, vira ninfa e depois emerge do casulo como borboleta, assim, em apenas uma noite, Maki estava se transformando, ao mesmo passo em que tentava lidar com a realidade.
De certa forma ela sabia que esta transformação seria inevitável, e que no dia seguinte ela seria outra pessoa.
A influência negativa, de arrogância e insensibilidade , que Myumi exercera nela, agora também parecia parte do passado, pois Maki finalmente caiu em si que cometera muitos erros: abrira mão de Hideo, que ela amava, desposou informalmente o próprio pai e tivera sexo com ele,e como resultado fora traída e sua irmã Natsume, que ela gostava tanto , tinha saído de casa.
No dia seguinte, não foi para a escola e sim ao hospital ver Tetsuo, que finalmente estava livre dos anestésicos pesados e consciente.
-Pai !
Tetsuo ainda estava inseguro, traumatizado, ressabiado e tremia de medo ao vê-la.
-Maki-chan?
-Kuome-san, pode nos dar licença, por favor?Preciso ter uma conversa a sós com ele.
-Claro, claro, Maki-chan!
Assim que a irmã dele saiu, Maki pegou na mão do pai com as duas mãos e beijou a mão dele com carinho.
-Papai, por favor me perdoe...eu...eu te machuquei e...eu estou arrependida, eu fiz um monte de bobagens, fui infantil, e te fiz mal! Eu agora sei que nunca poderíamos ter vivido como se fôssemos um casal...ai, que vergonha !Só de pensar no que fizemos juntos e que o senhor já me viu pelada e já esteve dentro de mim...ai que vergonha !Me desculpe, me perdoe por tudo, eu quero voltar a ser a sua filha,sua filhinha outra vez, vamos esquecer tudo, e podemos ser filha e pai daqui por diante, para sempre, por favor, eu quero muito !
Maki acariciava os cabelos dele e entremeava sua fala e seu choro baixinho com beijos na testa dele.
-Maki-chan...poxa...eu estou emocionado, comovido, eu...eu também estou muito arrependido e quero que você me perdoe também, por favor...eu te fiz mal e fiz mal para minha própria irmã, cometi um crime e mereci a punição que ela me deu...
-Punição?
-Sim, mas eu tenho vergonha de falar sobre isto, fale depois com a Kuome-nee-san que ela te explica, você não calcula quanta vergonha sinto...mas olha, fique tranquila, nada há para ser perdoado, eu sou culpado por tudo e sim, eu aceito seu trato e prometo cumpri-lo e nunca mais tocá-la sexualmente outra vez !
-Eu te digo a mesma coisa, paizinho e te prometo a mesma coisa também !Eu vou conversar com a Kuome-san agora.
E de fato, Maki saiu do quarto, convidou Kuome para tomar o café da manhã na cafeteria do hospital, e lá Kuome contou tudo o que ela e Natsume fizeram com Tetsuo, e de como ele quase foi estuprado por Bantana.
-Ai, tadinho do meu pai...e eu nem sabia de nada !Ai, eu nunca poderia ter brigado com ele daquele jeito, mas eu fiquei fora de mim de ciúmes...como eu fui infantil !Mas...Kuome-san, o do Bantana era tão grande assim?Jura?
-Juro !Bom, nem era para ter dó do meu irmão depois do que ele fez, mas ao menos eu acredito que ele nunca mais fará isto !Quem sabe ele ande na linha daqui por diante, para variar...e ei, você parece muito interessada no órgão do Bantana !Isto me soa...suspeito !
-Huuuum, é exatamente o que você está pensando !Ai, que vergonha ! Mas eu estou tendo uma idéia aqui !
-Xi, lá vem você se meter em encrencas de novo! O que você está querendo aprontar? Será que é o que eu estou pensando?
-Acertou, mas não quero ir sozinha !Vou convidar a Natsume-nee-san !
-Bom, seja o que for, estou fora, não quero saber de homens ! Mas, ei, você não está com o onii-san?
-Não, voltamos a ser filha e pai, de comum acordo.
-E o Hideo-san?
-Mais tarde irei busca-lo de volta. Mas antes, enquanto não voltamos a namorar, quero fazer esta aventura !Ai, que vergonha !
Maki então ligou para Natsume.

(Por continuar)

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