Ela acompanhou o irmão, que tomava fortes antibióticos
na veia por causa do risco de septicemia, já que o intestino fora perfurado.
Mas felizmente foi um ferimento pequeno, pois
tinha cortado mais gordura e músculo e atingido um vaso externo do intestino,
mas o tecido interno do intestino não se abriu.
Mas a perda de sangue foi grande e ele precisou
de uma transfusão.
Uma operação foi feita para retirar um caco de cerâmica
que ficara preso entre os músculos da barriga, e ele estava sob fortes
sedativos.
Enquanto isto, Maki estava fragilizada e
traumatizada. Tinha sido traída pelo próprio pai e sabia que dependia dele, que
ela era menor de idade e não poderia viver sem ele. Agora se arrependia de tê-lo
esfaqueado com o caco de cerâmica e temia que ele morresse. Um grande dilema
angustiava sua mente: por um lado, as chibatas de fogo do ciúmes, lacerando sua
Razão,por outro, a mágoa de ter sido traída e enganada, que fazia chagas que
queimavam sua consciência, e por um terceiro, o arrependimento, a culpa, a
insegurança ,a dúvida atroz se ele iria morrer ou sobreviver e o que seria da
vida dela sem ele.
Não queria ir para um orfanato de maneira alguma,
sua experiência anterior fora terrível e ela não queria passar por este inferno
de novo.
Tudo o que havia conquistado: uma nova família,
estável, rica ,um ambiente confortável, uma vida feliz, filhas, um marido, tudo
parecia estar perdido, e ela se perguntava como as coisas puderam ir ao fundo
do poço daquela maneira. De certa forma, ela crescia como ser humano e se
desenvolvia, amadurecia, e sua infantilidade, ingenuidade e inocência de
outrora estavam se esvaindo por entre suas lágrimas.
Qual larva que se encerra em um casulo, vira
ninfa e depois emerge do casulo como borboleta, assim, em apenas uma noite,
Maki estava se transformando, ao mesmo passo em que tentava lidar com a
realidade.
De certa forma ela sabia que esta transformação
seria inevitável, e que no dia seguinte ela seria outra pessoa.
A influência negativa, de arrogância e
insensibilidade , que Myumi exercera nela, agora também parecia parte do
passado, pois Maki finalmente caiu em si que cometera muitos erros: abrira mão
de Hideo, que ela amava, desposou informalmente o próprio pai e tivera sexo com
ele,e como resultado fora traída e sua irmã Natsume, que ela gostava tanto ,
tinha saído de casa.
No dia seguinte, não foi para a escola e sim ao
hospital ver Tetsuo, que finalmente estava livre dos anestésicos pesados e
consciente.
-Pai !
Tetsuo ainda estava inseguro, traumatizado, ressabiado
e tremia de medo ao vê-la.
-Maki-chan?
-Kuome-san, pode nos dar licença, por
favor?Preciso ter uma conversa a sós com ele.
-Claro, claro, Maki-chan!
Assim que a irmã dele saiu, Maki pegou na mão do
pai com as duas mãos e beijou a mão dele com carinho.
-Papai, por favor me perdoe...eu...eu te
machuquei e...eu estou arrependida, eu fiz um monte de bobagens, fui infantil,
e te fiz mal! Eu agora sei que nunca poderíamos ter vivido como se fôssemos um
casal...ai, que vergonha !Só de pensar no que fizemos juntos e que o senhor já
me viu pelada e já esteve dentro de mim...ai que vergonha !Me desculpe, me
perdoe por tudo, eu quero voltar a ser a sua filha,sua filhinha outra vez, vamos
esquecer tudo, e podemos ser filha e pai daqui por diante, para sempre, por
favor, eu quero muito !
Maki acariciava os cabelos dele e entremeava sua
fala e seu choro baixinho com beijos na testa dele.
-Maki-chan...poxa...eu estou emocionado,
comovido, eu...eu também estou muito arrependido e quero que você me perdoe
também, por favor...eu te fiz mal e fiz mal para minha própria irmã, cometi um
crime e mereci a punição que ela me deu...
-Punição?
-Sim, mas eu tenho vergonha de falar sobre isto,
fale depois com a Kuome-nee-san que ela te explica, você não calcula quanta
vergonha sinto...mas olha, fique tranquila, nada há para ser perdoado, eu sou
culpado por tudo e sim, eu aceito seu trato e prometo cumpri-lo e nunca mais
tocá-la sexualmente outra vez !
-Eu te digo a mesma coisa, paizinho e te prometo
a mesma coisa também !Eu vou conversar com a Kuome-san agora.
E de fato, Maki saiu do quarto, convidou Kuome
para tomar o café da manhã na cafeteria do hospital, e lá Kuome contou tudo o
que ela e Natsume fizeram com Tetsuo, e de como ele quase foi estuprado por
Bantana.
-Ai, tadinho do meu pai...e eu nem sabia de nada
!Ai, eu nunca poderia ter brigado com ele daquele jeito, mas eu fiquei fora de mim
de ciúmes...como eu fui infantil !Mas...Kuome-san, o do Bantana era tão grande
assim?Jura?
-Juro !Bom, nem era para ter dó do meu irmão
depois do que ele fez, mas ao menos eu acredito que ele nunca mais fará isto !Quem
sabe ele ande na linha daqui por diante, para variar...e ei, você parece muito
interessada no órgão do Bantana !Isto me soa...suspeito !
-Huuuum, é exatamente o que você está pensando
!Ai, que vergonha ! Mas eu estou tendo uma idéia aqui !
-Xi, lá vem você se meter em encrencas de novo! O
que você está querendo aprontar? Será que é o que eu estou pensando?
-Acertou, mas não quero ir sozinha !Vou convidar
a Natsume-nee-san !
-Bom, seja o que for, estou fora, não quero saber
de homens ! Mas, ei, você não está com o onii-san?
-Não, voltamos a ser filha e pai, de comum
acordo.
-E o Hideo-san?
-Mais tarde irei busca-lo de volta. Mas antes,
enquanto não voltamos a namorar, quero fazer esta aventura !Ai, que vergonha !
Maki então ligou para Natsume.
(Por continuar)
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