quinta-feira, 30 de julho de 2015

Episódio 93- Depois daquela fria manhã de Outono



Tetsuo não conseguiu deixar de se comover, e abraçou Kaede-san com ternura, que o abraçou de volta e afagou seus cabelos.
Enquanto isto, em Yokohama, após o telefonema de Maki, Hideo e Emi resolveram se sentar para discutir sua relação:
-Onii-san, você não me ama mais? Vai me abandonar para voltar para a Maki-san?
Hideo estava angustiado, sem saber o que responder, morrendo de medo de magoar a irmã. Seu prolongado silêncio, no entanto, era já para Emi uma resposta, e ela se levantou e disse:
-Mas que droga ! Que droga ! A Maki-san sempre vence ! No fim ela sempre vence !Ela é a queridinha de todos e no fim domina os outros e os dobra ‘as vontades dela mesmo ‘a distância !Droga ! O que ela tem, afinal? Por que ela não me deixa em paz? Estava tão bom aqui , com você e eu de amantes, vivendo como mulher e marido e ela vem se meter no meio !Mas não, ela de fazer as filhas dela com você !Quer saber? Nem precisa responder !Está na cara que você ainda ama  ‘a ela e quer voltar para ela. Então, vai, me deixa aqui sozinha, vai ter sua família feliz com aquela criançona mimada e dominadora, você parece que nasceu para capacho das mulheres mesmo, irmão imprestável ! Só de pensar em quantas vezes abri minhas pernas para você e você se aproveitou, no fim, só queria saciar sua tara , seus fetiches e se aproveitar de mim, é só para sexo que sirvo para você mesmo ! Você nunca me procurou para outra coisa mesmo, sou apenas um mero buraco para você ficar entrando e saindo de dentro e me inundando por dentro com seus prazeres mesmo ! Um buraco de carne para você colocar seu membro e me coitar o tempo todo, o resto de mim não existe , não importa !Aí quando você enjoa do buraco da Maki ou das outras você vem procurar o meu, por que você não consegue ficar sem se enfiar, é a única coisa que te importa, o propósito de sua vida, você inteiro é um pequeno pênis ambulante que pensa que pensa, que pensa que sente, mas na verdade, é só instinto e não está nem aí com nada !Ai...como dói...dói no coração, dói na alma, dói pensar quanto amor e carinho eu te dei, o quanto gastei com você, o quanto fiz por você, te protegi, até me prostitui para que você pudesse ter o que comer !E você, como me retribui? Fazendo sexo sem parar comigo, sem me dar amor, nem carinho e depois que não sirvo mais ou a outra te chama, você volta para ela feito um cachorrinho e me abandona aqui, sozinha, sem ninguém, te amando sozinha como uma besta quadrada que sou...burra, burra, como eu poderia ter achado que desta vez você iria me amar, ser meu marido, ter seus filhos comigo? Tudo ilusão, infantilidade, ingenuidade a minha, eu sou realmente besta mesmo ! Eu tenho vontade sumir, morrer, continuar vivendo para quê? Para ser um mero buraco entre as pernas para todo mundo enfiar, um par de seios para todo mundo apertar, um par de nádegas para todo mundo encoxar? Não, ser mulher não pode ser só isto, droga, não é possível ! Deve ser mais que isto, bem mais que isto, tem de ser bem mais que isto ! Não posso estar reduzida só a isto, pombas !
O já tímido Hideo, de cabeça baixa, escutou tudo chorando, especialmente ao ver  a irmã chorando também. Ele queria dizer alguma coisa, dar carinho para ela, abraça-la, mas não conseguia. Se sentia culpado e se auto reprimia violentamente, censurando-se internamente de maneira atroz, em uma angústia e sofrimento incessantes, um tormento, a tortura mental de se sentir infrizado em relação a ela, a sensação sufocante de se sentir de mãos atadas, impotência, de não achar palavras nem coragem de se defender, de estar numa situação indefensável.Simplesmente trvado, não conseguia fazer outra coisa senão deixar as lágrimas rolarem rosto abaixo e com a cabeça enterrando o queixo no peito, de olhos fechados, simplesmente incapaz de tomar uma atitude , de fazer alguma coisa, de responder alguma coisa que fosse. Só o seu cruel sil~encio, que a enfurecia mais ainda.
Revoltada, Emi começou a estapeá-lo e o empurrar, e começou a chutá-lo sem parar , numa fúria histérica, totalmente fora de si.
O nariz e a boca dele sangravam e ele não esboçava reação, mais parecia uma estátua.
Ela bateu nele até ficar exausta, gritando e xingando a ele até ficar rouca, depois fez as malas dele de qualquer jeito, as jogou no corredor e arrastou ele até o corredor, para fora do apartamento e bateu a porta com força desmedida, expulsando-o de casa. Depois trancou-se no seu quarto e ficou chorando desabaladamente.
Após horas que pareceram a ele dias sem fim, ele saiu de seu estado catatônico e ,tal e qual um zumbi morto vivo, saiu do prédio e foi para a estação de trem, onde comprou a passagem e rumou para Kyoto.
Durante a viagem toda ficou calado, encolhido em um canto. Pensamentos não conseguiam vir em sua cabeça, apenas uma neblina espessa e uma sensação horrível, e um arrependimento dominavam sua mente torturada.
Ele não queria ter ido embora e deixado ‘a ela lá, desassistida e desesperada, e o temor de que ela se matasse era enorme. Também ele, após a primeira metade da viagem, começou a ter pensamentos suicidas e se não seria melhor morrer de vez, haja vista que ele parecia, ao ver dele, só fazer as pessoas sofrerem e não ter nada de bom a oferecer para elas. No fim, o que predominava mesmo eram a indecisão, a vacilação, o vazio da falta de coragem e atitude, a depressão, o desãnimo, a letargia da impotência e a vontade de não fazer absolutamente nada.Sua mente estava exausta, exaurida !

(Por continuar)

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