Episódio 61:
Mercedes permaneceu quietinha, enquanto Lune falava e
quando terminou de ouvir:
-Nossa, Lune, mas que vida a sua !Não tem sido fácil mesmo
!Mas olha, eu quero ser sua amiga e te ajudar em tudo o que eu puder, afinal,
você está me ajudando tanto...
-Obrigada, Mercedes, sempre é bom poder contar com as
pessoas, apesar de eu não estar precisando de ajuda no momento!Bom, já é hora
de jantar, vamos descer para o refeitório?
-Vamos lá !
Mercedes se arrumou e Lune já estava pronta , e logo ambas desciam as escadas juntas. Não
demorou, notavam-se sorrisos e olhares maliciosos e maldosos das outras
garotas. As duas sabiam muito bem o que isto significa, mas cada uma teve uma
reação diferente :a primeira corou de vergonha e a segunda ficou irritada.
Elas se sentaram numa das mesas, e o som abafado dos
risinhos chegava aos ouvidos sensíveis de Lune, que foi ficando cada vez mais
irritada.
Elas foram servidas, e o mesmo tratamento continuava, até
que Lune parou de comer, se levantou da mesa e gritou:
-Qual é que é, heim, gente ? Que maldade, que hipocrisia é
esta? Eu vou falar agora e só uma vez: eu e a Mercedes-san não somos um casal,
nem somos namorada e não rola nada entre nós !Fui clara?
-Deixou bem claro que você é arrogante e autoritária! E
que se vocês estão se defendendo, é por que alguma coisa aí tem ! Ou por que a
espanhola aí estaria tão corada de vergonha?
-Ah, mas só podia mesmo ser você, Katsumi-san ! Só podia
mesmo ser você ! Você não se toca o quanto você é preconceituosa e xenofóbica
!Só ouvi de você pré-julgamentos mentirosos e preconceituosos ! Pombas, não se
pode mais ter uma amiga que todo mundo já julga e acha que é lesbianismo , é?
Mercedes enterrou a cabeça entre os braços cruzados na
mesa de tanta vergonha !
-Eu vou te mostrar o preconceituosa aqui, sua estúpida ! Eu
sou lésbica assumida, e você, que é covarde e não tem coragem de sair do armário?
Agora foi demais !
Lune foi até a mesa de Katsumi e lhe desferiu um tapa na
cara com toda a força!
Mas sua oponente não se fez de rogada e pegou no braço de
Lune pelo pulso, e como era mais forte do que ela, começou a forçar ele para trás
em um movimento que poderia quebra-lo.
-Aaaaaaaai
! Gritou Lune.
-Katsumi-san, pára, para, olha atrás de você !
Gritaram as demais garotas,
de repente.
Uma enorme sombra se projetou da entrada do refeitório,
ameaçadora.!
E ela estava ela, impávido colosso, assustando todo mundo,
Sakuya e seus músculos gigantes , e logo sua voz trovejante se fez ouvir:
-Ninguém bate na minha amiga e sai ilesa !Katsumi-san,
largue a Lune –san imediatamente, agora ! Já fazia tempo que eu vinha querendo
te dar uma surra, e agora foi a gota d ´agua !
Katsumi olhou para trás, seus olhos se arregalaram, seu
queixo caiu, ela começou a tremer como vara verde, e a suar frio !
Largou Lune na hora !
A gigante avançou sobre Katsumi como um rolo compressor e
todo mundo até fechou os olhos e tampou os ouvidos !
Sakuya pegou a adversária pelo braço e começou a dar um
soco atrás do outro, e ela balançava como se fosse uma folha seca, até ficar na
horizontal, depois a jogou no chão brutalmente como de fosse uma boneca, e
agora os socos eram na cabeça, quebrando nariz, mandíbula, os ossos da face,
desfigurando-a e tonando seu rosto uma massa de carne e sangue monstruosa. Um
golpe no peito lhe quebrou o esterno e ela vomitou sangue pelo que lhe restava
da boca.
Até que, deseperada, Natsuki, a mãe de Katsumi, apareceu
no salão, e suplicou de joelhos:
-Sakuya-san, por favor, não mate a minha filha ! Por
favor, poupe a vida dela , por favor, por favor ! Eu sei que minha filha não
presta, mas é a minha filha e eu...eu não consigo deixar de amá-la !Por favor,
Sakuya-san, por mim, eu te suplico, pare...
Vendo as lágrimas da dona da hospedaria, Sakuya olhou para
Lune, fez um sinal para parar.
Sakuya se levantou e disse:
Tudo bem, senhora Natsuki, só em consideração ‘a senhora e
por que a Lune pediu, eu vou parar e poupar a vida dela. Agora preciso ir !
Natsuki correu e abraçou a filha ensanguentada, toda
destruída, e Lune ligou para a ambulância imediatamente.Sakuya saiu pela porta
com seu ar altivo, como se não tivesse feito nada.
Em poucos minutos a ambulância chegou e levou Katsumi para
o hospital, acompanhada por sua mãe, desesperada.
E Lune assistira a aquilo tudo em absoluto choque,
traumatizada com a tremenda violência que assistiu! Seus olhos estavam
vidrados, a fome sumiu, e ela ,logo após Sakuya ir embora, desmaiou, sendo
amparada por Mercedes.
No hospital, foi constatado que Katsumi estava em coma,
entre a vida e a morte, com quase todas as costelas quebradas, esterno idem,
mandíbula e parte do rosto afundado. Um dos olhos dela descolou a retina e rasgou
a parte branca do olho, na verdade, o olho explodira e ela agora estava cega do
olho direito. O outro também estava muito ruim, mas dava para salvar.Quse todos
os ossos do rosto estavam quebrados, e pedaços de costela perfuraram os pulmões,
além de uma hemorragia interna gravíssima, que quase lhe rasga o coração.
Após rápidos exames, ela entrou em cirurgia múltipla de
emergência, e respirava com muita dificuldade por aparelhos.
Já Natsuki fazia suas orações para Buda, em desespero,
para que lhe salvasse a vida da filha.
A cirurgia durou a noite inteira, e ao sair, foi colocada
na UTI, ainda em coma, ainda correndo imenso risco de vida.Uma enorme transfusão
de sangue foi necessária durante a operação, e ela teve várias paradas cardíacas
e respiratórias, tendo de ser reanimada emergencialmente várias vezes, não
morrendo por um fio !
(Por continuar)
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