sexta-feira, 26 de junho de 2015

Episódio 32- Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP



-O Otaru-san?Meu filhinho?
Sim, Momiji-san...nosso filho...
-Mas não é justo, Kazuo-kun, eu não posso ficar sem ele...
E Momiji, de olhos rasos abraçou Otaru.
-Claro que é justo. Eles não deixaram a Megumi-san com a gente? Agora é a nossa vez de retribuir. E penso que é a melhor solução. Eles tem mais recursos financeiros que nós e nós temos também a obrigação moral de reparar nossa falta na responsabilidade para com a filha deles. Depois, Nagoya não é tão longe assim, estaremos sempre em contato. Momiji-san, pense bem, punir os dois agora não os ajudará em nada, muito menos sermões. Esta criança será nossa neta e não tem culpa de nascer, e temos de receber à ela com todo amor e carinho. O que os dois precisam agora é de amor, carinho, apoio e compreensão, e eu os receberei, como sempre os recebi no meu coração!
Momiji levantou-se e se resignou. Ela sabia que no fundo seu marido tinha razão.
Ainda de olhos rasos, ela cumprimentou Otaru e Megumi com o tradicional cumprimento japonês e depois os abraçou emocionada.
-Me desculpem, por favor...eu também os recebo em meu coração com todo amor e ternura e quero que sejam felizes!
Depois voltou-se para Lune e a abraçou também, dizendo:
-Filha, desculpe, me perdoe por ter sido tão violenta e rude com você, eu a amo muito, como amo a Ruri-san e o Otaru-san, e estou arrependida de como agi com você, com o Otaru-san e com a Megumi-san.
Lune, também de olhos rasos, retribuiu o abraço, com carinho:
-Mãezinha, eu também a amo, desculpe também meu ímpeto...nada há para ser desculpado ou perdoado...
-Somos esquentadinhas, não?
Respondeu Lune, com um sorriso por entre as lágrimas.
Toda a família se abraçou, comovida, a união deles continuava firme !
No dia seguinte, os Soryu chegaram.
Da Mercedes Classe S preta emergiram Hayao e Motoko,e na frente da porta de casa, a família Tamasuki, todinha perfilada, aguardava por eles e os cumprimentaram inclinando seus torsos.
Kazuo, como o patriarca da família, se pronunciou:
-Nós da Família Tamasuki, recebemos a Família Soryu e estamos honrados e felizes com sua visita !Sejam bem vindos !
-Nós, da Família Soryu, agradecemos as boas vindas e também estamos felizes e honrados em visita-los !
-Por favor, entrem, entrem, sintam-se à vontade !
Os Soryu entraram e foram recebidos na sala, onde se sentaram.
Momiji olhava aflita para Otaru, mal disfarçando as lágrimas, já com saudades, antes mesmo de ele ir. Em seu coração doía saber que ele iria deixar aquela casa e temia que ele nunca mais voltasse, a insegurança tomava conta de seu coração. Para ela, era como se eles estivessem “roubando” seu filho e ela não pudesse fazer nada !
-Bom, mais uma união entre nossas famílias !Primeiro foi o Takeo-san com a Lune-san, e agora são a Megumi-chan com o Otaru-chan!
-Verdade, Hayo-sempai !Ainda que por razões diferentes...
-Kazuo-sama, por favor não se culpe, os dois são jovens, e estão no explendor de suas juventudes, e ambos vivendo juntos e amando um ao outro, é natural que isto acabasse acontecendo mais cedo ou mais tarde!
-Sim, Motoko-sama, a senhora tem razão, eles ainda são muito jovens para terem o devido juízo, mas agora serão considerados por nós como adultos, assumindo suas responsabilidades!
-Meu marido colocou bem a situação, Motoko-sempai, e acrescento que, embora eles não possam se casar legalmente, nem tem condições de sustentar financeiramente esta criança ainda, eles terão de aprender a cuidar e criar esta criança, pois se fizermos tudo no lugar deles, a criança identificará a nós e não a eles como pais e terão o vínculo afetivo errado, e eles permanecerão inexperientes;
-Você está coberta de razão,Momiji-san, também penso assim.Já que tudo ocorreu de forma precoce, mesmo sendo crianças eles terão de se assumir como adultos,mas terão nossa orientação para isto e as responsabilidades deles para com a criança serão deles cobradas, pode ficar tranquila!
-Bom, isto quer dizer então que vocês aceitaram nossa oferta, Kazuo-san?
-Sim, Hayao-sempai, nós humildemente aceitamos e agradecemos a gentil e generosa oferta de vocês !
-Muito bom, muito bom, Kazuo-san, fico feliz em poder contar com a colaboração de vocês e chegar a um acordo bom para ambos !
Disse Hayao, por entre seu farto bigode.
-Momiji-san, se você não se importa,gostaria de ter uma conversa particular, de mãe para mãe contigo...
-Pois não, Motoko-sempai! Com licença,gente, desculpem! Venha, vamos conversar no quintal!
As duas saíram da sala, foram para a cozinha e saíram pela porta, ganhando o quintal da casa.
-Vamos deixar as formalidades e sufixos de lado, minha amiga e vamos conversar! Olha, eu sei, entendo bem como você está se sentindo, com a ida do Otaru para nossa casa, eu também me senti assim com a Megumi indo para a sua...mas deixe de lado, por favor , esta tristeza do seu coração. E não se culpe, não se cobre responsabilidades, por favor, não se martirize...se aconteceu é por que tinha de acontecer, mas pense que logo teremos um neto ou uma neta para paparicar! Eu sei que vai doer muito em seu coração se separar do seu filho, o único menino da casa, e sei o quanto o ama,mas, quer um conselho? Não seja assim tão severa consigo mesma!Veja o Hayo, ele era tremendamente severo com os filhos, comigo também, e principalmente com si mesmo, e sendo assim, ele se castigava e castigava a todos injustamente. Depois do choque que a Kotomi provocou na nossa casa, com a Lune provando seu valor, além da Megumi,ele mudou muito ,compreendeu seus erros e hoje ele é um outro homem, que aproveita muito mais a vida, e vê o que ele não enxergava antes. Ser severa consigo mesma e ficar se cobrando, só faz mal !Veja, Momiji, não é culpa de ninguém,nem cabe culpa alguma no que aconteceu, a ninguém.
-Mas o Otaru vai emboraaaaa...eu não queria que ele fosse embora, meu filhinho querido...eu vou sentir tantas saudades...ai, Motoko,eu sinto como se meu coração estivesse sendo rasgado em mil pedaços !
Disse Momiji, debulhando-se em lágrimas.

(Por continuar)

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