-O Otaru-san?Meu filhinho?
Sim, Momiji-san...nosso
filho...
-Mas não é justo, Kazuo-kun,
eu não posso ficar sem ele...
E Momiji, de olhos rasos
abraçou Otaru.
-Claro que é justo. Eles não
deixaram a Megumi-san com a gente? Agora é a nossa vez de retribuir. E penso
que é a melhor solução. Eles tem mais recursos financeiros que nós e nós temos
também a obrigação moral de reparar nossa falta na responsabilidade para com a
filha deles. Depois, Nagoya não é tão longe assim, estaremos sempre em contato.
Momiji-san, pense bem, punir os dois agora não os ajudará em nada, muito menos
sermões. Esta criança será nossa neta e não tem culpa de nascer, e temos de
receber à ela com todo amor e carinho. O que os dois precisam agora é de amor,
carinho, apoio e compreensão, e eu os receberei, como sempre os recebi no meu
coração!
Momiji levantou-se e se
resignou. Ela sabia que no fundo seu marido tinha razão.
Ainda de olhos rasos, ela
cumprimentou Otaru e Megumi com o tradicional cumprimento japonês e depois os
abraçou emocionada.
-Me desculpem, por favor...eu
também os recebo em meu coração com todo amor e ternura e quero que sejam
felizes!
Depois voltou-se para Lune e
a abraçou também, dizendo:
-Filha, desculpe, me perdoe
por ter sido tão violenta e rude com você, eu a amo muito, como amo a Ruri-san
e o Otaru-san, e estou arrependida de como agi com você, com o Otaru-san e com
a Megumi-san.
Lune, também de olhos rasos,
retribuiu o abraço, com carinho:
-Mãezinha, eu também a amo, desculpe
também meu ímpeto...nada há para ser desculpado ou perdoado...
-Somos esquentadinhas, não?
Respondeu Lune, com um
sorriso por entre as lágrimas.
Toda a família se abraçou,
comovida, a união deles continuava firme !
No dia seguinte, os Soryu
chegaram.
Da Mercedes Classe S preta
emergiram Hayao e Motoko,e na frente da porta de casa, a família Tamasuki,
todinha perfilada, aguardava por eles e os cumprimentaram inclinando seus
torsos.
Kazuo, como o patriarca da
família, se pronunciou:
-Nós da Família Tamasuki,
recebemos a Família Soryu e estamos honrados e felizes com sua visita !Sejam
bem vindos !
-Nós, da Família Soryu,
agradecemos as boas vindas e também estamos felizes e honrados em visita-los !
-Por favor, entrem, entrem,
sintam-se à vontade !
Os Soryu entraram e foram
recebidos na sala, onde se sentaram.
Momiji olhava aflita para
Otaru, mal disfarçando as lágrimas, já com saudades, antes mesmo de ele ir. Em
seu coração doía saber que ele iria deixar aquela casa e temia que ele nunca
mais voltasse, a insegurança tomava conta de seu coração. Para ela, era como se
eles estivessem “roubando” seu filho e ela não pudesse fazer nada !
-Bom, mais uma união entre
nossas famílias !Primeiro foi o Takeo-san com a Lune-san, e agora são a
Megumi-chan com o Otaru-chan!
-Verdade, Hayo-sempai !Ainda
que por razões diferentes...
-Kazuo-sama, por favor não se
culpe, os dois são jovens, e estão no explendor de suas juventudes, e ambos
vivendo juntos e amando um ao outro, é natural que isto acabasse acontecendo
mais cedo ou mais tarde!
-Sim, Motoko-sama, a senhora
tem razão, eles ainda são muito jovens para terem o devido juízo, mas agora serão
considerados por nós como adultos, assumindo suas responsabilidades!
-Meu marido colocou bem a
situação, Motoko-sempai, e acrescento que, embora eles não possam se casar
legalmente, nem tem condições de sustentar financeiramente esta criança ainda,
eles terão de aprender a cuidar e criar esta criança, pois se fizermos tudo no
lugar deles, a criança identificará a nós e não a eles como pais e terão o vínculo
afetivo errado, e eles permanecerão inexperientes;
-Você está coberta de razão,Momiji-san,
também penso assim.Já que tudo ocorreu de forma precoce, mesmo sendo crianças
eles terão de se assumir como adultos,mas terão nossa orientação para isto e as
responsabilidades deles para com a criança serão deles cobradas, pode ficar
tranquila!
-Bom, isto quer dizer então
que vocês aceitaram nossa oferta, Kazuo-san?
-Sim, Hayao-sempai, nós
humildemente aceitamos e agradecemos a gentil e generosa oferta de vocês !
-Muito bom, muito bom, Kazuo-san,
fico feliz em poder contar com a colaboração de vocês e chegar a um acordo bom
para ambos !
Disse Hayao, por entre seu
farto bigode.
-Momiji-san, se você não se
importa,gostaria de ter uma conversa particular, de mãe para mãe contigo...
-Pois não, Motoko-sempai! Com
licença,gente, desculpem! Venha, vamos conversar no quintal!
As duas saíram da sala, foram
para a cozinha e saíram pela porta, ganhando o quintal da casa.
-Vamos deixar as formalidades
e sufixos de lado, minha amiga e vamos conversar! Olha, eu sei, entendo bem
como você está se sentindo, com a ida do Otaru para nossa casa, eu também me
senti assim com a Megumi indo para a sua...mas deixe de lado, por favor , esta
tristeza do seu coração. E não se culpe, não se cobre responsabilidades, por
favor, não se martirize...se aconteceu é por que tinha de acontecer, mas pense
que logo teremos um neto ou uma neta para paparicar! Eu sei que vai doer muito
em seu coração se separar do seu filho, o único menino da casa, e sei o quanto
o ama,mas, quer um conselho? Não seja assim tão severa consigo mesma!Veja o
Hayo, ele era tremendamente severo com os filhos, comigo também, e
principalmente com si mesmo, e sendo assim, ele se castigava e castigava a
todos injustamente. Depois do choque que a Kotomi provocou na nossa casa, com a
Lune provando seu valor, além da Megumi,ele mudou muito ,compreendeu seus erros
e hoje ele é um outro homem, que aproveita muito mais a vida, e vê o que ele não
enxergava antes. Ser severa consigo mesma e ficar se cobrando, só faz mal
!Veja, Momiji, não é culpa de ninguém,nem cabe culpa alguma no que aconteceu, a
ninguém.
-Mas o Otaru vai
emboraaaaa...eu não queria que ele fosse embora, meu filhinho querido...eu vou
sentir tantas saudades...ai, Motoko,eu sinto como se meu coração estivesse
sendo rasgado em mil pedaços !
Disse Momiji, debulhando-se
em lágrimas.
(Por continuar)
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