sábado, 27 de junho de 2015

Episódio 33- Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP



Motoko abraçou Momiji com carinho, e a mãe de Lune chorou tudo o que tinha direito. Depois de ver a amiga se recompor, Motolko procurou dar um apoio para ela, também de olhos rasos:
-Momiji , eu me senti assim quando a Megumi veio morar aqui, você sabe , eu sei a dor que é, e compreendo a sua dor, por que já senti igual na minha própria pele...mas veja, por favor, não é definitivo, não é para sempre e você me conhece, sabe da minha história de vida, eu jamais faria mal ou trataria mal o Otaru! E eu jamais, mas jamais mesmo cogitaria substituir a você no coração dele, nem conseguiria, eu seria incapaz de uma maldade destas ! Porém, eu quero lhe assegurar também que eu e o Hayao, não estamos fazendo isto por maldade, nem por vingança, nem fazendo para cobrar responsabilidade de nada. Estamos fazendo pelo bem do nosso casalzinho, e dos nossos netos. Não que vocês não sejam capazes, mas vocês trataram e cuidaram de nossa Megumi com tanto carinho, que queríamos apenas retribuir a gentileza!
-Desculpe, Motoko, eu é que sou uma boba, sentimental mesmo...vocês tem direito de retribuir!
-Você não é boba, nem é questão de sentimentalismo, você está agindo como mãe, seguindo o seu coração, Momiji. Olha, fica tranquila, você sempre poderá vê-los quando quiser, pode nos visitar e passar uma noite em casa quando quiser. Eu sei que não é a mesma coisa, claro, mas veja, eu também, não há nada que eu possa fazer para aplacar sua dor, mas, ei, ele não morreu, ele está vivo e forte e nós vamos garantir a saúde e o bem estar dele, e vou cuidar dele exatamente como você cuidou da Momiji !Depois que os dois forem adultos, eles podem morar aqui com vocês se quiser, então, por favor, deixe seu passarinho sair do ninho e voar,sim?
Momiji fez um meneio com a cabeça, concordando silenciosamente.
Motoko deu um beijo na testa dela, e depois disse, mudando de assunto:-Ah, mas você tem belas flores aqui no seu quintal! E esta coleção de bonsais, que linda !
-Muito obrigada, Motoko, vamos entrar, vamos?
E elas voltaram para a sala, onde a conversa dos adultos estava animada.
Um lauto almoço foi servido então e todos se refastelaram com as delícias que Momiji preparou.
Após o almoço, era a hora da despedida de Megumi e Otaru.
Momiji apertou tanto Otaru em seu abraço que ele achou que suas costelas iriam se quebrar, e mãe e filho choraram nos braços um do outro.
Também Kazuo abraçou o filho, comovido, depois Ruri o abraçou com carinho e finalmente chegou a vez de Lune, que também o abraçou forte, tão forte que Otaru pôde sentir não apenas os seios dela comprimidos contra seu peito, como também a virilha fortemente comprimida contra a virilha dele,a ponto dele se excitar sexualmente e não conseguir disfarçar, o que deixou Lune corada da cabeça aos pés.
Ela finalmente o largou e lhe deu um selinho, e depois as famílias se perfilaram novamente de frente uma para a outra na calçada e se despediram.
Quando os Soryu entraram no carro levando Otaru, Kazuo e Lune tiveram de segurar Megumi, que sentia uma vontade irresistível de tirar seu menino daquele carro.
Logo que sumiram no horizonte e a família Tamasuki entrou dentro de casa, Momiji subiu as escadas correndo e chorou trancada no quarto a tarde  toda, deixando Kazuo para fora.
Naquela noite, tiveram de pedir pizza, pois Momiji nem quis saber de cozinhar e não quis sair no quarto. Ela estava tão deprimida que Kazuo teve de dormir no sofá da sala naquela noite, pois ela se trancou lá sem jantar e só foi sair no dia seguinte.
Mas embora disfarçasse, Kazuo também estava de coração apertado e preocupado, até que o telefone tocou e Otaru avisou que já tinham chegado e estava tudo bem.
Ele explicou ao pai que Megumi iria dividir o quarto e a cama com ele, e o quarto dela passou a ser o quarto do casazinho.
-Filho, por favor, cuide bem de sua noiva, dê amor e atenção a ela, vida de casal não é só sexo, não é só festa, e você precisará estar presente e do lado dela em todas as situações, entendeu, filho?
-Sim, papai, entendi, pode deixar !
-Siga as regras da casa deles, não dê trabalho, obedeça as ordens dos Soryu, pois você está aí como hóspede.Se cuida, meu filho, e juízo, heim?Juizo !
Pouco depois a ligação terminava, e Kazuo estava um pouco mais aliviado.
Mas o dia seguinte sempre chega, e os pais de Lune foram trabalhar, com sempre.
Ruri fora para a escola e Lune ficara sozinha em casa.
Não demorou e ela se lembrou daquele dia que ela passara seu aniversário sozinha com Otaru, e lágrimas lhe encheram os olhos, copiosas:
-Nem mesmo ele está aqui agora...
Disse em voz alta, sem perceber.
Ela olhava os porta retratos, lembrando-se de todos, mas o que mais a comoveu foi o de sua velha e falecida amiga Rina.
Foi ao seu quarto e chorou como nunca, até adormecer.
Então sobreveio-lhe um sonho:
Ela chorava sozinha em pé, nua, em um ambiente todo branco ,coberto por uma neblina espessa, até que ela divisou um vulto por entre as brumas.E era um vulto feminino.
-Rina?
Disse Lune.
-Sim, sou eu. Mas não a sua amiga que morreu, mas a Rina Tamasuki, sua filha...mamãe !
Agora o vulto se revelava: uma garota adolescente, de cabelos pintados de cor de rosa, muito bonita, também nua.
-Minha...filha?
-Não está me reconhecendo, mamãe? Eu sou sua filha Rina, que vai nascer daqui uns anos, vindo te visitar do futuro! Eu estou com dezesseis anos agora!
-Você vai ser assim? Uh, é...é, você realmente se parece comigo, especialmente nos traços do rosto.
Lune então sentiu uma estranha e inexplicável comoção súbita, e abraçou  Rina com força.
-Eu te amo, minha filha !
-Eu também a amo, mãe, mas há algo que preciso te dizer?
-Sim, fale, filha, por favor...
-Se você me ama, permaneça fiel ao papai, e não dê para a vovó o trabalho que você não gostaria que eu lhe desse. Apóie a ela, dê a ela o amor que tens por mim, que ele irá florescer. Por que eu sei o futuro, e desde já eu lhe peço perdão pelo imenso trabalho que lhe darei no futuro...
-Filha, eu a amo, amo sua avó e amo seu pai. Eu juro que permanecerei fiel e evitarei ao máximo dar trabalho para sua avó. Mas sua bisavó já dizia, que filhos dão trabalho mesmo, que é algo que temos de aceitar. O importante é nossos laços de amor permanecerem unidos e fortes!E quero te dizer uma coisa: você é muito linda, lindíssima, e fico muito feliz e orgulhosa de ter uma filha como você!
-Obrigada, mãe, eu também tenho muito orgulho de ti, mas agora preciso ir. Agora preciso ir. Mas um ano depois de terminada sua faculdade nascerei, e nos reencontraremos. Até lá !
Rina Tamasuki deu um beijinho no rosto de Lune e só então Lune percebeu que Rina estava com a boca coberta de batom.
Lune também a beijou e Rina foi caminhando por entre as brumas até desaparecer de novo. Só então Lune acordou.
-Mas que sonho estranho!
Disse Lune em voz alta.
Levantou-se da cama e olhou-se no espelho.
-Aaaaaaaaaaah !
Ela gritou, assustada!
O que a assustou?
Havia uma marca nítida de batom na sua bochecha esquerda, de um beijo de mulher !
Ela ficou atônita, e se pergunta se aquilo fora um sonho mesmo, ou uma visão, uma premonição, ou o que havia acontecido, afinal !
Ela não conseguia uma explicação!

(Por continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário