Motoko abraçou Momiji com
carinho, e a mãe de Lune chorou tudo o que tinha direito. Depois de ver a amiga
se recompor, Motolko procurou dar um apoio para ela, também de olhos rasos:
-Momiji , eu me senti assim
quando a Megumi veio morar aqui, você sabe , eu sei a dor que é, e compreendo a
sua dor, por que já senti igual na minha própria pele...mas veja, por favor,
não é definitivo, não é para sempre e você me conhece, sabe da minha história
de vida, eu jamais faria mal ou trataria mal o Otaru! E eu jamais, mas jamais
mesmo cogitaria substituir a você no coração dele, nem conseguiria, eu seria
incapaz de uma maldade destas ! Porém, eu quero lhe assegurar também que eu e o
Hayao, não estamos fazendo isto por maldade, nem por vingança, nem fazendo para
cobrar responsabilidade de nada. Estamos fazendo pelo bem do nosso casalzinho,
e dos nossos netos. Não que vocês não sejam capazes, mas vocês trataram e
cuidaram de nossa Megumi com tanto carinho, que queríamos apenas retribuir a
gentileza!
-Desculpe, Motoko, eu é que
sou uma boba, sentimental mesmo...vocês tem direito de retribuir!
-Você não é boba, nem é
questão de sentimentalismo, você está agindo como mãe, seguindo o seu coração,
Momiji. Olha, fica tranquila, você sempre poderá vê-los quando quiser, pode nos
visitar e passar uma noite em casa quando quiser. Eu sei que não é a mesma
coisa, claro, mas veja, eu também, não há nada que eu possa fazer para aplacar
sua dor, mas, ei, ele não morreu, ele está vivo e forte e nós vamos garantir a
saúde e o bem estar dele, e vou cuidar dele exatamente como você cuidou da
Momiji !Depois que os dois forem adultos, eles podem morar aqui com vocês se
quiser, então, por favor, deixe seu passarinho sair do ninho e voar,sim?
Momiji fez um meneio com a
cabeça, concordando silenciosamente.
Motoko deu um beijo na testa
dela, e depois disse, mudando de assunto:-Ah, mas você tem belas flores aqui no
seu quintal! E esta coleção de bonsais, que linda !
-Muito obrigada, Motoko, vamos
entrar, vamos?
E elas voltaram para a sala,
onde a conversa dos adultos estava animada.
Um lauto almoço foi servido
então e todos se refastelaram com as delícias que Momiji preparou.
Após o almoço, era a hora da
despedida de Megumi e Otaru.
Momiji apertou tanto Otaru em
seu abraço que ele achou que suas costelas iriam se quebrar, e mãe e filho
choraram nos braços um do outro.
Também Kazuo abraçou o filho,
comovido, depois Ruri o abraçou com carinho e finalmente chegou a vez de Lune,
que também o abraçou forte, tão forte que Otaru pôde sentir não apenas os seios
dela comprimidos contra seu peito, como também a virilha fortemente comprimida
contra a virilha dele,a ponto dele se excitar sexualmente e não conseguir
disfarçar, o que deixou Lune corada da cabeça aos pés.
Ela finalmente o largou e lhe
deu um selinho, e depois as famílias se perfilaram novamente de frente uma para
a outra na calçada e se despediram.
Quando os Soryu entraram no
carro levando Otaru, Kazuo e Lune tiveram de segurar Megumi, que sentia uma
vontade irresistível de tirar seu menino daquele carro.
Logo que sumiram no horizonte
e a família Tamasuki entrou dentro de casa, Momiji subiu as escadas correndo e
chorou trancada no quarto a tarde toda,
deixando Kazuo para fora.
Naquela noite, tiveram de
pedir pizza, pois Momiji nem quis saber de cozinhar e não quis sair no quarto. Ela
estava tão deprimida que Kazuo teve de dormir no sofá da sala naquela noite,
pois ela se trancou lá sem jantar e só foi sair no dia seguinte.
Mas embora disfarçasse, Kazuo
também estava de coração apertado e preocupado, até que o telefone tocou e
Otaru avisou que já tinham chegado e estava tudo bem.
Ele explicou ao pai que
Megumi iria dividir o quarto e a cama com ele, e o quarto dela passou a ser o
quarto do casazinho.
-Filho, por favor, cuide bem
de sua noiva, dê amor e atenção a ela, vida de casal não é só sexo, não é só
festa, e você precisará estar presente e do lado dela em todas as situações,
entendeu, filho?
-Sim, papai, entendi, pode
deixar !
-Siga as regras da casa
deles, não dê trabalho, obedeça as ordens dos Soryu, pois você está aí como hóspede.Se
cuida, meu filho, e juízo, heim?Juizo !
Pouco depois a ligação
terminava, e Kazuo estava um pouco mais aliviado.
Mas o dia seguinte sempre
chega, e os pais de Lune foram trabalhar, com sempre.
Ruri fora para a escola e
Lune ficara sozinha em casa.
Não demorou e ela se lembrou
daquele dia que ela passara seu aniversário sozinha com Otaru, e lágrimas lhe
encheram os olhos, copiosas:
-Nem mesmo ele está aqui
agora...
Disse em voz alta, sem perceber.
Ela olhava os porta retratos,
lembrando-se de todos, mas o que mais a comoveu foi o de sua velha e falecida
amiga Rina.
Foi ao seu quarto e chorou
como nunca, até adormecer.
Então sobreveio-lhe um sonho:
Ela chorava sozinha em pé,
nua, em um ambiente todo branco ,coberto por uma neblina espessa, até que ela
divisou um vulto por entre as brumas.E era um vulto feminino.
-Rina?
Disse Lune.
-Sim, sou eu. Mas não a sua
amiga que morreu, mas a Rina Tamasuki, sua filha...mamãe !
Agora o vulto se revelava:
uma garota adolescente, de cabelos pintados de cor de rosa, muito bonita, também
nua.
-Minha...filha?
-Não está me reconhecendo, mamãe?
Eu sou sua filha Rina, que vai nascer daqui uns anos, vindo te visitar do
futuro! Eu estou com dezesseis anos agora!
-Você vai ser assim? Uh, é...é,
você realmente se parece comigo, especialmente nos traços do rosto.
Lune então sentiu uma
estranha e inexplicável comoção súbita, e abraçou Rina com força.
-Eu te amo, minha filha !
-Eu também a amo, mãe, mas há
algo que preciso te dizer?
-Sim, fale, filha, por
favor...
-Se você me ama, permaneça
fiel ao papai, e não dê para a vovó o trabalho que você não gostaria que eu lhe
desse. Apóie a ela, dê a ela o amor que tens por mim, que ele irá florescer. Por
que eu sei o futuro, e desde já eu lhe peço perdão pelo imenso trabalho que lhe
darei no futuro...
-Filha, eu a amo, amo sua avó
e amo seu pai. Eu juro que permanecerei fiel e evitarei ao máximo dar trabalho
para sua avó. Mas sua bisavó já dizia, que filhos dão trabalho mesmo, que é
algo que temos de aceitar. O importante é nossos laços de amor permanecerem
unidos e fortes!E quero te dizer uma coisa: você é muito linda, lindíssima, e
fico muito feliz e orgulhosa de ter uma filha como você!
-Obrigada, mãe, eu também
tenho muito orgulho de ti, mas agora preciso ir. Agora preciso ir. Mas um ano
depois de terminada sua faculdade nascerei, e nos reencontraremos. Até lá !
Rina Tamasuki deu um beijinho
no rosto de Lune e só então Lune percebeu que Rina estava com a boca coberta de
batom.
Lune também a beijou e Rina
foi caminhando por entre as brumas até desaparecer de novo. Só então Lune
acordou.
-Mas que sonho estranho!
Disse Lune em voz alta.
Levantou-se da cama e
olhou-se no espelho.
-Aaaaaaaaaaah !
Ela gritou, assustada!
O que a assustou?
Havia uma marca nítida de
batom na sua bochecha esquerda, de um beijo de mulher !
Ela ficou atônita, e se
pergunta se aquilo fora um sonho mesmo, ou uma visão, uma premonição, ou o que
havia acontecido, afinal !
Ela não conseguia uma
explicação!
(Por continuar)
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