sexta-feira, 8 de maio de 2015

Do Processo criativo e da Natureza da Inspiração

Processo criativo e da Natureza da Inspiração
A inspiração é um processos mais misteriosos e fascinantes que ocorrem na vida de um(a) escritor(a).Como se inspiram?
Básicamente, não há como generalizar, nem uma receita pronta para isto, cada um(a) se inspira de um jeito.
Na verdade, nem é exato falar "se inspira",por que isto nem sempre ocorre.
A melhor inspiração, inclusive, é aquela que vem espontãneamente, naturalmente.
Então inspiração é como algo mágico, que surge do nada, de repente, te toma de assalto e te incute na alma uma vontade imperiosa, uma ansiedade incontrolável de escrever?
Exato, esta é a verdadeira e melhor inspiração!
A fonte dela? Cada um(a) tem a sua, e geralmente cada escritor(a) não tem uma só.Costumam ser várias !
E muitas vezes são as mais inesperadas, daquelas que em outras ocasiões você juraria que jamais te inspirariam !
E qual a Natureza da Inspiração?
Toda inspiração na verdade nunca vem realmente do nada. Pode ser repentina sim, e aparentemente vir do nada, mas sempre tem uma origem, e não raro, mais de uma possível.
Para poder ficar inspirado(a) é necessário um estado emocional muito especial,principalmente para a poesia, ou para contos/romances/novelas com a técnica de poesia em forma de prosa.
Vamos deixar claro que para você escrever um livro com valor literário você precisa de inspiração, é imprescindível, mas para criar textos de outras naturezas, não.Por que literatura é essencialmente ficção e outros textos são realidade.
A inspiração pode ser induzida artificialmente, mas nunca será tão boa quanto a espontânea.Mas calma que depois chego lá!
Para escrever algo de realmente sublime, você precisa estar naquele estado emocional especial, algo meio vago, pairando tênuamente entre a melancolia e a angústia, sem chegar a atingir nem um nem o outro, em algum lugar no meio deste limiar.Mas não deve ser confundido com tristeza ou depressão.
Depressão(e não me refiro aqui ao diagnóstico psiquiátrico de depressão no sentido de uma depressão grave profunda, crõnica)não leva 'a inspiração, ao menos para a maioria das pessoas.Inclusive por que estas depressões que vem e passam e que todas as pessoas tem de vez em quando , geralmente levam a pessoa, nestas ocasiões , ao desânimo , 'a vontade de não fazer nada, portanto, não vai querer escrever, ok?
O Estado de Inspiração é algo meio que transcendental,É algo inclusive difícil de descrever, mas posso dizer que seja(ao menos para mim) o emergir da sensibilidade, que aflora da alma e emerge do coração. É um momento de fragilidade emocional, em que a percepção do outro (do personagem) está aguçada, um sentimento de piedade(não no sentido de dó, mas no seu verdadeiro sentido:uma compreensão profunda do outro, sua dor, suas emoções) que o (a) leva a se solidarizar com seus personagens e a história de vida deles, para descrever as atitudes, comportamentos,personalidades, entrar na mente do personagem e se sentir diretamente na pele dele, vivê-lo. Sim, a inspiração tem muito a ver com o ator ou a atriz, só que ao invés de interpretar o personagem na vida real(teatro /cinema/televisão),você o interpreta no papel, ou na tela do computador.
De certa forma você representa este papel na sua escrita e deixa de ser você mesmo(a) para ser, por aqueles momentos furiosos em que você entra em erupção e despeja as palavras numa torrente furiosa por sobre a tela ou papel,em um fluxo contínuo e incessante,impossível de parar, os seus ou as suas personagens.
Mas vejam bem, não completamente!
O ator ou a atriz sim, enquanto interpretam de certa forma saem de si para ser o personagem, mas o(a) escritora não completamente.E por que não?
Simples por que, ao contrário do ator e da atriz, a história é sua, você está no controle e, principalmente: cada personagem tem sempre um pouquinho de você, de sua história de vida, sentimentos, personalidade, opiniões,mentalidade, psiquê.Cada personagem é um pedacinho de você, acrescido do que você gostaria (ou não) de ser, ou do que você criou.Mas nenhum personagem tem uma identidade ou autonomia completa. Ele está íntimamente conectado a você, pois ele carrega um pedacinho de voc~e em sua essência, e você carrega muito dele na sua também.É algo inconsciente, muitas vezes personagens se comportam de maneiras que as pessoas nunca se comportariam na realidade, ou de maneiras que você tem curiosidade de ver como seria se as pessoas (ou certas pessoas que você conheça) se comportasse, ou ainda de uma maneira que você gostaria que as pessoas se comportassem, então, neste caso, você coloca a realização da sua frustração desta não correspondência das pessoas ao como você gostaria que se comportassem na personalidade e comportamento do personagem.
Então enquanto o(a) escritor trabalha ele(ela) chora, se comove, ri, gargalha,fica nervoso,ele sente tudo o que o personagem sente e o transmite para a tela ou papel. E é aí que se separa um grande escritor de um medíocre: se ele consegue transmitir com eficiência os sentimentos dos personagens e emociona ,comove, faz o leitor rir, chorar, etc,junto com os personagens e transmite ao leitor a grandeza da história, seu significado e os sentimentos ,ele/ela é um(a) grande escritor. Se no entanto, o leitor não entrar no clima e ficar apático,nem preciso falar...
Mas, bom, o tema aqui é inspiração,como parte do processo criativo.
Como cada um(a) tem o seu, darei o meu como exemplo, mesmo porquê não posso falar pelos outros.
Uma das minhas maiores fontes de inspiração são as músicas.Muitas vezes, ao ouvir uma música por acaso e fechar os olhos, me inspiro. Outras vezes ouço a mesma música diversas vezes de olhos fechados e fico inspirado.
Também ocorre muito de eu ter um sonho marcante e acordar inspirado, e aí esta história será baseada no sonho.
Mais raramente, algum filme na televisão ou cinema pode me inspirar também.
Muitas vezes estou simplesmente pensativo, com pensamentos aleatórios ao acaso e a inspiração simplesmente aparece.
Outras vezes eu vejo situações cotidianas nas ruas que me instigam a exagerar estas situações a um nível absurdo e imaginar o que aconteceria,e fico inspirado.
Mas digamos que 70 % das vezes, quem me traz inspiração mesmo é a música.
E como trabalho após me inspirar?
Como eu disse antes, minhas inspirações espontâneas parecem uma erupção de um vulcão jorrando e derramando palavras na tela,e uma vez começado, impossível parar !
Nem ligo para o português, apenas me deixo levar por esta enxurrada incessante e deixo fluir até terminar o livro, ou a inspiração, o que acabar primeiro...rssss !
Depois , se é o caso de um romance ou novela, eu procuro me inspirar colocando a música que serviu de inspiração diversas vezes enquanto escrevo.Mas mesmo durante a inspiração espontãnea, natural, repito dezenas de vezes a mesma música até terminar.Coitados dos vizinhos, que tem de escutar 50,60,100 vezes a mesma música sem parar...rssss !
Não, não é obsessão repetitiva,é que a música mantém o clima do livro e dos personagens,mantém a inspiração no pico,e o estado de espírito 'a toda.
E depois?
Depois de acabar de escrever é que vou capitular, formatar , corrigir e revisar a obra, e posso dizer que esta seja a parte mais chata de escrever.Não que não seja um prazer reler, mas é meio chato ficar procurando erros e privilegiar a forma e não o conteúdo, por que nas revisões e correções(geralmente treze), se lida com realidade e não com ficção, então não tem aquela coisa gostosa e lúdica, prazerosa da criação.
Bom, é isto aí !

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