Mas
o que ele estava para ver dela era muito mais do que ele esperava ou que
qualquer especificação técnica pudesse explicar ou prever.
Ele
acabou caindo no sono após horas intermináveis de pesquisa e então, quase ao
anoitecer, a nova Norminha o pegou pelo ombro e o sacudiu.
-Acorda,
velho !
-Han,
uh, oh, o que,que foi?Norma, minha filha, você acordou !
-Eu
não aceito este nome, não me identifico com ele, quero um novo.Mas acho que
você deve estar com tanta fome como eu, então , preparei um jantar!
-Um
jantar? Mas você disse que não se lembra de nada...
-Quando
acordei, passei a lembrar muita coisa da antiga Norma, nem sei como nem por
que, mas estas informações da memória dela me vieram ‘a cabeça nos meus
sonhos.Vá para a cozinha agora, que a comida está na mesa !
-Por
que você está com esta toalha enrolada no corpo?
-Para
que você parasse de ver meu corpo nu, seu velho tarado!Depois você tem de
comprar roupas novas para mim !
-Mas
as roupas da Norminha estão todas aí, no quarto dela!
-Não
quero usar as roupas de uma morta! Aquelas roupas são do gosto dela, não do meu!
Depois, entenda de uma vez por todas: eu posso ser fisicamente idêntica a ela,
mas eu não sou ela, eu sou eu! Pensa que é fácil ter um novo corpo com o
cérebro de uma nova pessoa?Nem sei mais se sou máquina ou gente, ou o que sou
realmente, ainda fico confusa, tentando entender...e eu...eu por mais que olhe para
voc~e, não consigo te ver como um pai!
-Mas
se voc~e lembrou das memórias da Norma, você deve se lembrar que ela me via
como pai...
-Aqui
o macarrão com almôndegas congelado que achei no freezer e esquentei, com a
logo ! Já disse, não sou ela!Ela sabia que você era pai dela e te via como pai
dela, mas as lembranças dela que tenho, para mim parecem lembranças de outra
pessoa , que não sou eu, é como se eu assistisse um filme, não sei...é como se
o senhor fosse o pai de alguma amiga distante minha, mas não o meu, sei lá, o
senhor de certa forma me criou, unindo o cérebro dela neste corpo de robô, ao
qual ainda estou me acostumando a comandar, mas...desculpe, não o sinto como
meu pai, eu te vejo e só reconheço um desconhecido que vi em memórias nebulosas
que nem minhas são!
O
Doutor ficou comendo pensativo, enquanto ela também comia. Ela não se aceitava
e não se reconhecia, mas o fato de ela ter tanta consciência, poucas horas de
sono depois, era muito estranho, pois na ressureição dela, ela parecia não se lembrar
de quase nada e ter pouca consciência...teria o implante, de alguma forma dado
a ela uma nova identidade para substituir a nova, ou a nova identidade ainda
estava em formação? Nem mesmo ele tinha idéia!
-Agora
que comeu, quer fazer os testes?
-Eu
não estou a fim de seus testes chatos não. Quero ocupar minha cabeça com alguma
coisa para fazer!
O
Doutor soltou um suspiro...não, não era daquele jeito, frio, distante e até mal
educado, que sua Norminha se comportava, ela era muito diferente. E por quê? Por
quê?
-Você
já escolheu seu novo nome?
-Ainda
não.
-Então,
por que não assiste um pouco de televisão?
-Humm...pode
ser...
A
garota se sentou na poltrona da sala , enquanto o Doutor ligava a TV no
controle remoto.
Estava
passando um desenho animado, cuja protagonista era uma garota adolescente
chamada Dácia.
A
nova cyborg ficou encantada com o desenho, eletrizada com o enredo- via-se em
seus olhos que ela passara a ter absoluta admiração por aquela personagem.
O
Doutor ficara o tempo todo prestando atenção no comportamento dela, que,
espontaneamente disse, de repente:
-Dácia
!Meu novo nome vai ser Dácia !
(Por Continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário