terça-feira, 7 de agosto de 2018

Episódio 5- Anjo de Aço !



Mas o que ele estava para ver dela era muito mais do que ele esperava ou que qualquer especificação técnica pudesse explicar ou prever.
Ele acabou caindo no sono após horas intermináveis de pesquisa e então, quase ao anoitecer, a nova Norminha o pegou pelo ombro e o sacudiu.
-Acorda, velho !
-Han, uh, oh, o que,que foi?Norma, minha filha, você acordou !
-Eu não aceito este nome, não me identifico com ele, quero um novo.Mas acho que você deve estar com tanta fome como eu, então , preparei um jantar!
-Um jantar? Mas você disse que não se lembra de nada...
-Quando acordei, passei a lembrar muita coisa da antiga Norma, nem sei como nem por que, mas estas informações da memória dela me vieram ‘a cabeça nos meus sonhos.Vá para a cozinha agora, que a comida está na mesa !
-Por que você está com esta toalha enrolada no corpo?
-Para que você parasse de ver meu corpo nu, seu velho tarado!Depois você tem de comprar roupas novas para mim !
-Mas as roupas da Norminha estão todas aí, no quarto dela!
-Não quero usar as roupas de uma morta! Aquelas roupas são do gosto dela, não do meu! Depois, entenda de uma vez por todas: eu posso ser fisicamente idêntica a ela, mas eu não sou ela, eu sou eu! Pensa que é fácil ter um novo corpo com o cérebro de uma nova pessoa?Nem sei mais se sou máquina ou gente, ou o que sou realmente, ainda fico confusa, tentando entender...e eu...eu por mais que olhe para voc~e, não consigo te ver como um pai!
-Mas se voc~e lembrou das memórias da Norma, você deve se lembrar que ela me via como pai...
-Aqui o macarrão com almôndegas congelado que achei no freezer e esquentei, com a logo ! Já disse, não sou ela!Ela sabia que você era pai dela e te via como pai dela, mas as lembranças dela que tenho, para mim parecem lembranças de outra pessoa , que não sou eu, é como se eu assistisse um filme, não sei...é como se o senhor fosse o pai de alguma amiga distante minha, mas não o meu, sei lá, o senhor de certa forma me criou, unindo o cérebro dela neste corpo de robô, ao qual ainda estou me acostumando a comandar, mas...desculpe, não o sinto como meu pai, eu te vejo e só reconheço um desconhecido que vi em memórias nebulosas que nem minhas são!
O Doutor ficou comendo pensativo, enquanto ela também comia. Ela não se aceitava e não se reconhecia, mas o fato de ela ter tanta consciência, poucas horas de sono depois, era muito estranho, pois na ressureição dela, ela parecia não se lembrar de quase nada e ter pouca consciência...teria o implante, de alguma forma dado a ela uma nova identidade para substituir a nova, ou a nova identidade ainda estava em formação? Nem mesmo ele tinha idéia!
-Agora que comeu, quer fazer os testes?
-Eu não estou a fim de seus testes chatos não. Quero ocupar minha cabeça com alguma coisa para fazer!
O Doutor soltou um suspiro...não, não era daquele jeito, frio, distante e até mal educado, que sua Norminha se comportava, ela era muito diferente. E por quê? Por quê?
-Você já escolheu seu novo nome?
-Ainda não.
-Então, por que não assiste um pouco de televisão?
-Humm...pode ser...
A garota se sentou na poltrona da sala , enquanto o Doutor ligava a TV no controle remoto.
Estava passando um desenho animado, cuja protagonista era uma garota adolescente chamada Dácia.
A nova cyborg ficou encantada com o desenho, eletrizada com o enredo- via-se em seus olhos que ela passara a ter absoluta admiração por aquela personagem.
O Doutor ficara o tempo todo prestando atenção no comportamento dela, que, espontaneamente disse, de repente:
-Dácia !Meu novo nome vai ser Dácia !


(Por Continuar)

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