quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Episódio 8- Anjo de Aço !



Não demorou muito e cada um foi para seu quarto e foram dormir.
No dia seguinte  de manhã, logo após o desjejum, Dácia postou-se na frente da televisão e começou a assistir.
Começou a zapear pelos canais, sem achar nada que a interessasse. Repentinamente, em um canal de esportes, encontrou algo que imediatamente prendeu sua atenção: um campeonato de luta livre de robôs e cyborgs.
Ela ficou de olhar vidrado nas lutas, vibrando com cada lance, encantada !
Ela finalmente encontrara um propósito para sua vida: seu objetivo a perseguir, seu sonho, agora era ser campeã de luta livre robótica !
Enquanto ela assistia, animadíssima, suas lutas, o Doutor saía logo cedo de casa. Seu objetivo: encontrar outros cyborgues, cujos cérebros tivessem sido transplantados para corpos robóticos, e entrevistar a eles e ‘a suas famílias, para saber se nos demais casos havia também episódios de perda de memória e identidade, e mudança drástica de temperamento e personalidade, ou mesmo casos de dupla personalidade.
Ele pesquisara na internet pelo menos uma centena de casos, sobretudo de crianças, a maioria, e colheu da pesquisa tabelas com endereços, telefones e históricos de vida.
Ele até poderia fazer esta entrevista por telefone, ou pelos chats nas redes sociais, mas ele achava que ao vivo, fisicamente, ele poderia avaliar melhor , empiricamente , o comportamento dos cyborgs.
Pegou seu carro e foi para o primeiro endereço na lista, para onde já tinha telefonado, marcando a entrevista.
Ao chegar lá, apertou a campainha, e uma mulher, aparentando quarenta e cinco a cinquenta anos atendeu ‘a porta.
Ele então se identificou.
-Olá, Doutor, entre entre ! Estas empresas  que cyborgam crianças simplesmente fazem seu trabalho, cobram e somem !Nenhuma vem, depois de o serviço vendido e feito, tomar satisfações se está tudo bem com a criança !
-É, elas deveriam ter um pós-venda, um acompanhamento, sobretudo psicológico de caso, mesmo.
-Por favor, entre, sente-se aqui na sala e fique a vontade, Doutor !
-Muito obrigado, senhora. Bom, então eu gostaria que você me contasse o caso de seu menino, o Teddy.
-Ah, sim, claro ! Pois é, o Teddy, ai, quanta dor no coração, ele faleceu há seis meses atrás,  quando encontrou a arma do pai, e, sem saber que ela estava carregada, atirou no próprio peito.Foi uma tragédia, um horror, nem gosto de lembrar, eu quase morri naquele dia, foi uma correria para o hospital que o senhor nem imagina ! Ai, tentaram fazer uma cirurgia de emergência nele, mas ele não resistiu, e nossa, chorei demais, queria morrer, juro, o senhor não tem idéia do que é perder um filho...
-Ahaaam, eu diria que até tenho uma noção, pois perdi minha filha adolescente em um acidente automobilístico também...
-Meus Pêsames, Doutor...mas para uma mãe, penso que é ainda pior do que para um pai, bom, enfim, não deu nem cinco minutos  e um agente de uma destas empresas me contactou. Mas por favor me desculpe, o senhor tem razão, não sabia que também tinha perdido uma filha, sinto muito...
-Sem problemas, senhora, continue a descrição do caso de seu filho, por favor...
-Pois não...bom, eles nos ofereceram transplantar o cérebro de meu filho para um corpo robótico fisicamente igualzinho e, movida pela vontade de , digamos, “ressucitar” meu filho, eu e meu marido aceitamos a proposta e o corpo de meu filho foi transferido para as instalações da empresa.Eles nos disseram que, como decidimos depressa, o cérebro dele pôde ser preservado e não se deteriorou de modo significativo. Eles nos garantiram que Teddy continuaria o mesmo menino e que seria uma ressurreição milagrosa.
Nós acreditamos, e depois da operação, ver meu menino recém falecido vivo de novo e caminhando nos encheu de alegria!
-E vocês acham que a empresa cumpriu a promessa? Após o transplante, o Teddy continuou sendo o mesmo garoto?

(Por Continuar)

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