No
dia seguinte, era Domingo, dia de descanso, em que nenhum dos dois iria
trabalhar, e por isto mesmo, podiam levantar tarde.
Acordaram
com humor bem melhor do que na noite anterior, e Lune foi a última a acordar,
pois acordara durante a madrugada, ansiosa, pensando em seu novo trabalho,
cheia de planos para o futuro, e se havia alguma coisa que Lune amava fazer na
vida, era planejar o futuro!
Ela
já tinha até perdido a conta de quantos futuros já planejara na vida,mas muito
poucos foram os que se cumpriram e/ou se realizaram.
Mas
isto pouco importava para ela, planejar
em si era um grande prazer para ela e nem ela mesma saberia precisar
quanto tempo da vida dela fora usada nesta atividade de planejar futuros em
detalhes.
Ainda
assim, tinha perfeita consciência do quanto de prazer, esperança e alegrias
esta atividade lhe proporcionou. Não havia nada de mais cômodo, confortável e seguro
do que o Futuro, pois o passado não era plausível de ser modificado e o
presente, bem, o presente para modificar, ela pensava, dava trabalho demais,
exigia decisões com a pressa que ela
detestava-ela não gostava nem um pouco de fazer nada com pressa, ter de fazer
depressa, decidir correndo, deixar coisas para a última hora, e odiava pressões
e exigências, para ela, tudo isto fazia parte das Hostilidades do Mundo, da
agressividade da Realidade, ‘a qual ela definia com uma só palavra para qualifica-la:
Neurótica.
Sim,
Lune julgava a Realidade como neurótica, maniqueísta, autoritária e sádica. Lógico,
ela via um lado bom na Realidade, afinal, os prazeres da vida fazem parte da
Realidade também, ser feliz é tão real como ficar deprimida. Mas quantas vezes,
ah, quantas vezes não desejou e planejou vinganças contra a Realidade?
Nem
ela o sabia !
Mas
isto fora no passado, ou ao menos, ela achava que já era passado, pois agora
ela sabia, realizar os sonhos e conquistar o que ninguém acreditava ser
possível, o que a Realidade achava impossível, também faz parte da Realidade,
pois é nela que eles se realizam, então, praticaria-se uma vingança, usando o
próprio objeto da vingança para se vingar, no fim, acaba não sendo vingança
alguma, pois o resultado faria parte da própria realidade do mesmo jeito uma vez
acontecido.
Ela
sabia que não deveria tentar humanizar ou antropologizar a Realidade, pois esta
não é um ser vivo, muito menos inteligente ou pensante, é algo imaterial, uma
interpretação, um conceito relativo, portanto, não tem sentimentos a serem
magoados, nem vontades, nem ego a ser ferido.Então, na verdade, não havia como
tentar dar qualidades e defeitos humanos ‘ a realidade, ela não é humana, nem é
uma entidade divina, pensante, com defeitos e qualidades, sim, a Realidade é desumana, não so sentido de um vício ou
defeito, mas no fato de ela não ser, em si, humana, mas um produto etéreo da
mente humana e sua interpretação do que ocorre.E não é humana no sentido
estrito, literal, por que a realidade não é um organismo vivo, o Ser Humano faz
parte da Realidade , mas a Realidade não faz parte do Ser Humano, só sua
interpretação, posto que relativa, não pode ser considerada entidade ou
consenso por ser uma interpretação particular de cada um dos sete bilhões de
seres humanos da Terra, cada um com seu conceito, sua psiquê, sua
interpretação.Então, a Realidade não funciona como um organismo, pois não é orgânica,
não tem órgãos, não tem células, nem se sabe sequer, oh, quanta ignorância e
presunção as humanas, se a Realidade poderia ser considerada um Ambiente, um
Meio. Células, moléculas, átomos, fazem parte dela, mas ela não faz parte
deles, é onde existem, na verdade, é onde a interpretação deles existe. Então,
não é possível de classifica-la de um lugar, por sua natureza imaterial. Qual a
substãncia da realidade?A imaterialidade torna a Realidade simplesmente
inconceituável, na verdade, justamente por sua natureza tão diversa quanto a
natureza humana e sua aberração
extraordinária chamada psiquê, a qual nem foi completamente entendida ainda,
muito longe disto, mas o que nos intriga e muitas vezes nos revolta por
machucar nosso frágil e inseguro ego, é que nós precisamos da Realidade para
existir, mas a Realidade não precisa de nós para ela existir, elaé
independente, autônoma, autossuficiente e, ei! Não estamos de novo tentando
humanizar a Realidade? Enfim, só sabemos que da Realidade nada sabemos, somos
insignificantes demais para coloca-la nas estreitas parcas fôrmas que ingenuamente
tentamos criar para ela-bobagem ! Ela nunca se encaixou, nem nunca se
encaixará, é tentar conter toda a areia do Saara em um baldinho de praia infantil, ou até pior !
O que realmente enfurece a Mente Humana é a selvagem independência da Realidade
de nós, não há como ela obedecer nossos caprichos e vontades, ela não pode ser dominada, e
querer domar a Realidade é como um cãozinho Pinchzer querer levar um
Tiranossauro Rex na coleira para passear.
Podemos
tentar planejar e programar o futuro da
Realidade, mas ela ocorrerá como ocorrerá, não como quem tem vontade quer. Pode
até coincidir, mas pensar que nos obedeceu as vontades é humanizar o que é inumano...
Assim
ficou pensando em meio ‘as suas filosofices, Lune, enquanto tomava seu banho!
(Por Continuar)
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