quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Episódio 3- Minissérie- As Piratas também sonham:Pirata x Pirata





-Então vá para a primeira galé e se vire ! A Capitã está com fome e é bom que o jantar dela saia rápido !
-Sim, senhora !
E Verônica foi para lá. O caldeirão estava numa imundície de dar medo, com centenas de ratos e baratas se refastelando nos restos de comida no fundo do caldeirão.
Com muita dificuldade, ela baixou e inclinou o caldeirão, o que levou os ratos a fugir, mas muitas baratas continuavam lá.
A Solução foi pegar um grande balde, encher o caldeirão de água do mar, e acender o fogo e deixar a água ferver, e depois deitar a água fora.
A água fervente escorreu sebosa e imunda, com restos de baratas mortas para todo lado, o que atraiu mais ratos e baratas para devorar os cadáveres no chão.
Este procedimento, porém, não lavou completamente a sujeira o caldeirão, muito pelo contrário, mas ela não ligou. Pegou e abriu um barril de água doce e o despejou no caldeirão, pegou as batatas e cenouras roídas pelos ratos e as cozinhou com uma carne seca conservada no sal , igualmente roída e cheia de excrementos de ratos, e a jogou no caldeirão.
Ela não sabia, mas era a carne das crianças que Marlene mantinha prisioneiras nas masmorras de seu castelo para assar e comer.
O sino de bronze tocou, e Ariadne apareceu, pegou um prato e talheres, serviu-se com a concha e levou a nojenta refeição para sua soberana.
O ensopado era tão ruim que até cheirava mal !
Mas Marlene não se satisfez em ser servida na mesa de seu quarto, isolada de todos.Ela saiu de lá antes de comer, reuniu todas as marujas e as mandou continuarem trabalhando até que ela terminasse de comer. Só depois que ela terminasse é que as demais poderiam se servir !
E assim foi.
Só quando Ariadne chegou com o prato sujo de Marlene  na primeira galé, é que Verônica pôde chamar as demais piratas, que já estavam verdes de fome.

Já no Black Marlin, a situação era outra:
As piratas já tinham terminado suas refeições e já tinham voltado a trabalhar.
Foi quando, do alto de seu observatório no mastro principal, Diana, a vigia, gritou:
-Navio ‘a vista !
-Vou subir aí !
Disse June, que após subir, estendeu sua luneta telescópica.
-É um navio mercante holandês !É presa !
June desceu do mastro e anunciou:
-Temos uma presa ! Todas aos postos de batalha !
-E nós, Capitã?
Perguntou Celine, acompanhada de Fran e Melissa.
-Vocês ainda não estão suficientemente treinadas, crianças! Vão para a última galé e só saiam quando mandarmos, é para a própria proteção de vocês !
Obedientes, elas logo estavam descendo as escadas.
-Curva a estibordo, Bianca !
-Sim, senhora !
O Black Marlin fez a curva e  logo estava ao lado do navio mercante, que não tinha canhões.
A vítima tentou fazer uma curva para tentar escapar, mas June mandou dar um tiro de advertência, e logo ambos os navios estavam um do lado do outro e o pranchão foi colocado.
Trinta e seis piratas entraram no navio mercante, onde os marinheiros estavam de mãos para o alto em sinal de rendição. Foram todos amarrados juntos, inclusive o Capitão e seu Imediato, junto ao mastro principal, e as piratas saquearam o navio, levando ouro, prata, especiarias e boa parte dos víveres. Após levar tudo de valor do navio, as piratas os desamarraram, e foi neste momento que os marujos mercadores se revoltaram e tentaram ir para cima das garotas, e em resposta, Long Legs Laura saiu espancando os revoltosos.
Havia, no entanto um corajoso garoto com não mais do que dezesseis anos, que veio para cima de Vivian com uma adaga afiada.
Léa, quase que institivamente, reagiu trespassando o garoto com sua espada no ventre dele, de fora a fora, e ele, de olhos arregalados, regurgitou sangue, fora o que escorreu tanto onde a espada entrou como onde ela saiu, e caiu morto no tombadilho.
Houve tumulto entre os marujos mercantes, revoltados com a morte do garoto, e as piratas os ameaçaram com suas espadas.
Repentinamente um dos homens veio e se ajoelhou diante do garoto morto, e gritou:
-Meu filho ! Filho...nãaaaaaaooo !
Léa se aproximou para rasgar suas costas, mas June interveio:
-Não. Ele tem direito de chorar a morte do filho dele. Vamos embora daqui.
Léa, já escaldada de sua última surra por desobediência, parou e calou-se.
As piratas se retiraram de espadas na mão e de frente para os civis, e retiraram o pranchão, afastando-se do navio holandês.
Enquanto isto,   um pai pranteva a morte do filho, com seus colegas consternados.
Já recolhida em sua cabine, longe dos olhares de todas, de frente para a vidraça traseira de seu quarto,a Capitã June caiu ajoelhada no chão e chorou. Chorou convulsamente de piedade do homem que chorava a morte de seu filho e pela morte do rapaz. Aquela cena tocou seu coração, e as lágrimas corriam copiosas pelos vãos de seus dedos na frente do rosto. Aquela fora uma morte desnecessária, que poderia ter sido evitada. E que trouxe enorme risco de provocar uma grande batalha.
No convés:
-Você não precisava ter matado aquele menino ! Era quase uma criança ainda !
-Ele ia matar a Vivian, Rachel !
-Era só ter segurado ele pelo braço, e agora, os holandeses vão espalhar para todos os portos que somos matadoras de crianças, e aí poderemos ter tudo quanto é pirata contra nós, fora os militares holandeses, graças a você !
Arrematou Suzanne.
-Reze para que a Capitã não me ordene outra surra em você, por que é isto o que tenho vontade de fazer com você agora !
Disse Long Legs Laura, com um olhar que gelou a espinha de Léa,que engoliu em seco.
Neste interim, Juliette desceu ‘a ultima galé, e liberou as crianças.
-Podem subir, meninas, o assalto já terminou.
As meninas, aliviadas, pois detestavam aquele lugar, subiram as escadas correndo, mas o que encontraram no tombadilho foi um clima bem  hostil.
Havia uma multidão de piratas cercando Léa.
-O que aconteceu aqui enquanto fui nas galés?
Perguntou Juliette.
A turba explicou o motivo  do cerco.
-Não toquem nela. Vou chamar a Capitã e ela decidirá o que fazer.
Logo ouviam-se batidas na porta da cabine de June.
A Capitã enxugou o rosto com um lenço, limpando as lágrimas e levantou-se, indo até a porta.
-O que foi,Juliette?
A Imediata lhe explicou o acontecido.
-Vamos lá antes que isto vire um motim, ou um linchamento!
Respondeu a Capitã, que dirigiu-se para a multidão resolutamente.
Imediatamente todas abriram o caminho e saíram da frente.
June, escoltada por Juliette e Long Legs Laura,estava frente a frente com Léa.
Sua expressão em seu rosto era terrível.
-SPLAAAFT!
Soou o tapa na cara de Léa, que já estava tremendo de medo.
-Por acaso te dei ordem para matar o rapaz?
-Não, Capitã...
-Foi uma morte estúpida, desnecessária, que nos colocou em risco e nos deixou mal afamadas , sua irresponsável !Long Legs Laura !
-Sim, senhora, Capitã !
-Amarre-a no mastro da popa até o anoitecer, sem água nem comida !E que ninguém se aproxime dela ! Léa, você só escapou da surra por ter salvo a vida da Vivian, mas minha paciência já está se esgotando com você !Você é a única que me dá trabalho aqui !Pode leva-la, Laura !
Este não seria um castigo menos benevolente do que a surra. Ficar amarrada no mastro, em pé, debaixo do sol escaldante por horas a fio, amarrada, judiava da circulação das pernas e braços, que geralmente adormeciam, e causavam muitas dores musculares. Depois de algum tempo, era uma tortura dolorosa !

(Por Continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário