-Você é uma boa maruja, Hellen, e merece, fez por
merecer. E Françoise, admiro sua coragem ! Chamar a Léa, uma das piratas mais
ferozes da minha tripulação, de caolha, olha, nunca ninguém tinha feito isto
antes !Ahahahah !
E June subiu as escadas, de volta para o
tombadilho.
-Desculpe-nos, Fran, por favor!
Eram as vozes de Léa e Vivian ao mesmo tempo
falando para a princesa, que fez um gesto de sim com a cabeça.
Elas se retiraram, e já no tombadilho, uma disse
para a outra:
-Ela ainda nos paga por ter nos denunciado! O que
é dela está guardado !
-Não pense que será fácil, Léa, agora ela tem a
Hellen como protetora e a Capitã também!
-Droga, Vivian, droga, que droga!
Foi quando Carmen, que espiara a cena da briga,
mas ficara quieta o tempo todo, se aproximou das duas e disse:
-Uma vez covardes, sempre covardes ! Vocês deveriam
se envergonhar de conspirar contra uma garotinha indefesa, uma criança !
-Olha quem fala! Não foi você quem quase matou-a
por ter te chamado de escrava?
-Engula sua língua, cobra do mar !Só agora percebo o quanto você é venenosa, Léa !
Eu não admito que me chamem de escrava, mas também não admito que chamem outras
pessoas de escravas, ainda mais uma criança. Eu ao menos me arrependi do que
fiz e pedirei desculpas a ela, e não guardo rancor, nem mágoa ou vingança dela,
nem de ninguém, diferente de você !
-Agora ela te pegou, Léa...
Disse Vivian, dando uma risada depois.
Léa ficou em silêncio, remoendo seu ódio. O olhar
de seu único olho para Carmen foi feroz.
-Acho bom você parar com este seu olharzinho
intolerante, sua bruxa do mar, eu sei muito bem que você tem preconceito de
mim, mas não tem metade da minha dignidade, e se eu pegar você machucando a Fran, você não terá de se ver só
com a Hellen, mas comigo também, afinal, eu fui capaz de perdoar a menina por
ela ser só uma criança nobre e mimada que nem sabe o que diz, mas você não tem
a minha nobreza, o que me sobra de dignidade lhe falta em caráter !
Diante das palavras de Carmen, a mão de Léa
incrispou- se no cabo da espada e ela tremia de raiva.
Foi a vez de Vivian intervir:
-Pára !Chega !Não queremos mais problemas com a
Capitã nem com a Imediata !Vamos trabalhar, que já já a Long Legs Laura vai nos
dar uma bronca daquelas !E você sabe como ela é chegada na Capitã !
Léa deu as costas para Carmen, e foi embora
bufando.
Na cozinha, Joanna vendo o clima, subiu as
escadas também.
-Filha, fique tranquila, agora ninguém mais vai
te separar de mim, e seremos uma família!
Françoise fez um carinho no rosto de sua mãe
adotiva e deu-lhe um beijinho no rosto.
-Eu te amo, minha mãe!
Hellen também beijou e acariciou o rosto e os
cabelos da filha adotiva, e respondeu:
-Eu também te amo, minha filhinha querida...agora
preciso ir trabalhar, termine seu trabalho, depois eu quero te ensinar a
regular as velas.
Françoise era birrenta, arrogante, pedante, mas
no fundo , no fundo, tudo aquilo era apenas uma carência afetiva profunda, e
ela era na verdade uma menina carinhosa e amorosa , que só precisava ter seus
sentimentos correspondidos para mostrar como ela realmente era. Na verdade, ela
era uma boa menina, só precisava ser amada!
-Sim, senhora !
Agora era com alegria e um luminoso sorriso no
rosto, que Françoise foi limpar os pratos, talheres e canecas, enquanto Joanna
retornava, também com um sorriso para ela, e a menina via sua mãe adotiva subir
as escadas.
Um pouco mais tarde quando retornava da cozinha
depois de guardas as louças e talheres no armário, a princesa ouviu um grito de
Diana :
-Navio à vista ! Navio à vista !
June logo se aproximou do mastro principal e
perguntou:
-Consegue identifica-lo?
-É o galeão inglês que vimos no porto, senhora!
Está nos perseguindo !
-Esta não ! Mais essa agora ! Por esta eu não
esperava! O Visconde deve ter pedido aos ingleses para resgatarem a Françoise !
Atenção, postos de batalha ! Postos de Batalha ! Todas a seus postos !
Canhoneiras, já para seus canhões !
Bradou
June.
-Como vamos fazer, Capitã?
-Temos de manobrar para ficarmos atrás deles !
-Senhora, acho que não vão querer atirar em nós,
nem afundar-nos, afinal, querem a menina viva!
-É verdade, mas não podemos deixa- los nos
abordar, eles provavelmente estão em número bem maior que nós e uma abordagem
deles seria fatal! Bianca, todo leme a bombordo ! Agora !
-Capitã...
-Fran, o que você está fazendo aqui, menina? Vá
se esconder na terceira galé, aqui é perigoso!
-Eu queria saber como vamos enfrenta-los pois
pelo que contei do alto do castelo de proa, eles tem uns cem canhões e pela
contagem que fiz, nós temos uns vinte, só !
-Deixa isto comigo e não se meta, vá logo para o
porão, obedeça ! Pensa que não sei disto, menina?
-Sim, senhora...
E lá se foi a princesa, resignada.
Morta de medo, não teve coragem de adentrar o
terceiro deck, ficou sentada na escada, quando subitamente se sentiu enjoada e
com ânsia de vômito. Não tinha outra escapatória, subiu até a escada do segundo
deque, foi na primeira janela de canhão que encontrou e regurgitou. Mas agora ali
estava com várias piratas preparando os canhões, e elas mandaram que a menina descesse para a
terceira galé.
A batalha por ela finalmente iria começar !
No navio de guerra inglês:
-Almirante já estamos próximos do navio das
piratas !
-Eu não sou cego, Imediato, estou vendo!
-Quais as ordens, senhor?
-Temos de resgatar a princesa, então não podemos
afundá-las, mas podemos imobilizá-las. Vamos iniciar uma curva a bombordo e
atirar nas velas delas !
-Não será perigoso, senhor? E se um dos mastros
cair em cima da menina?
-Elas não são burras, devem tê-la escondido nos
decks abaixo. Vamos lá, ao ataque, a todo pano !
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