segunda-feira, 9 de maio de 2016

Capítulo 11-Minissérie:Adora-Alguém como você



-Aqui é a colega dele, Jeane, eu queria avisá-la de que ele está aqui em casa, eu o achei na porta da escola na saída e o trouxe para cá, e ele está tomando um lanche comigo.
-Por favor, por favor, qual o seu endereço, eu vou aí busca-lo!  Obrigada, muito obrigada, nossa, que alívio, eu já estava desesperada!
-Rua Jensen Jacobs, trezentos e dezoito, pertinho da escola, acho que não dá mais que uns seis quarteirões!
-Estou indo aí imediatamente!
A mãe dele disparou com o carro pelas ruas e em menos de cinco minutos ela chegou de lá, e saiu tão apressada, que nem trancou o carro direito, e apertou a campainha.
-Oi, senhora...
-Madeleine! Sou a mãe do Damian! Posso entrar, por favor, senhorita Jeane?
-Claro, entre, ele está lá na cozinha.
Ela entrou na velocidade de um furacão e logo encontrou o filho sentado, comendo um sanduíche de presunto, queijo e tomate.
-Filho, ai, meu filho, eu estava tão preocupada com você ! Ainda bem que você está bem!
Ele sequer se levantou para abraçar a mãe e continuou comendo como se nada estivesse acontecendo. Fez um sinal de positivo com a mão para a mãe alguns segundos depois.
E ela o abraçou por trás, ou tentou, por que no momento exato ele desgrudou as costas do encosto da cadeira.
-Ele é assim mesmo, nunca deixa ninguém abraça-lo, acho que ele não gosta de abraços...
-Eee? Mas a mim e ‘a Professora Adora ele abraça, Senhora Madeleine!
Os olhos da mãe arregalaram-se, e a pergunta que não queria calar era :Por que diabos ele abraçava a colega e a professora e não ‘a própria mãe?
Mas ela guardar a esta pergunta para si, pois o sentimento que despontou foi de ciúmes:
-Você não o trouxe para cá para se aproveitar dele, não é mocinha? Você não o levou para...para...
Madeleine até gaguejava de nervosa !
Jeanne corou de vergonha, rubra como camarão!
-Não, não, senhora, imagine, de jeito nenhum, sou só uma amiga, só isto, não tenho estas intenções com ele não!
-Acho bom, mocinha, pois se eu souber que você fez qualquer coisa com ele se aproveitando da inocência dele, eu te bato primeiro e depois te processo por abuso de incapaz !Vamos embora, Damian, vamos para casa !
O olhar daquela mulher de aproximadamente quarenta anos de idade era o de uma tigresa que protege a cria!
-Acabe de comer logo, Damian, vamos ! Caramba, ele nunca quis saber de sanduíches em casa, sempre odiou presunto, queijo, tomate, pão ele nem chegava perto, e aqui ele come! Como pode uma coisa destas ? E eu aqui, desesperada por que ele só gosta de batata frita com salsicha e catchup, e chego aqui e ele está comendo sanduíche! O que você fez para ele aceitar?
O olhar de Madeleine para Jeane era desconfiado e inquisidor.
-Nada, senhora, apenas fiz para ele e ofereci. Ele pegou o sanduíche na hora e comeu...
-Ah, droga, por que todos conseguem o que eu não consigo? Qual o meu problema afinal? Por que você faz isto com sua mãe, Damian?Eu não consigo entender! Vamos, vamos embora logo, que já está tarde!
Finalmente ele terminou de comer, mas para a vergonha da mãe, ao invés de limpar a boca no guardanapo, limpou-a na toalha da mesa, e o fez com a maior naturalidade, como se não tivesse feito nada de mais.
-Até parece que não te dei educação, não é, Damian ? Usa o guardanapo, filho, assim, olha, já te ensinei tantas vezes!
Mas ele desviou o rosto, impedindo que a mãe limpasse sua boca.

-Desculpe os modos de meu filho, ele não é mal educado, ele é autista...
-Eu sei, senhora, eu não ligo não, não tem problema, eu coloco a toalha para lavar depois! Olha, Damian, você é bem vindo aqui sempre que quiser vir, está bem? Muito obrigada pela visita, a gente ainda vai se ver bastante, não fique preocupado, certo? Eu sempre irei te visitar , agora já tenho seu telefone, se sua mãe deixar, claro!
Diante do olhar cobrador do filho, Madeleine não se atreveu a contrariá-lo. Era perceptível que ele queria que a menina o visitasse e queria voltar a visita-la.
-Claro que deixo, você foi tão boazinha com ele, um anjo, muito obrigada por cuidar de meu filho ! Vamos, Damian, vamos embora, meu filho, despeça-se de sua amiguinha, por favor, seja um bom menino!
Embora Damian ainda estivesse muito magoado e triste, ele se esforçou para dar um sorriso torto e desengonçado para Jeane, e acenou um “tchau” para ela, que quis lhe dar um beijo no rosto, mas ele desviou, menos de um segundo depois, a mãe puxou-lhe pelo braço com certa brutalidade. Ela não queria nenhuma intimidade entre os dois.

(Por continuar)

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