-Damian
, você é culpado por não ter previsto corretamente a reação das outras
crianças e não ter reagido adequadamente ! Eu o condeno ‘a Angústia e ‘a
Depressão !
Disse o Juiz, com voz de trovão.
Na verdade não era só a voz, mas o céu acimado
tribunal encheu-se de nuvens negras e raios assustadores dançaram em torno do
rapaz, que gritou:
-Nãaaaaaaaao !
Enquanto isto o Ditador soltava sua risada
sinistra e assustadora.
Foi quando Damian emergiu de seu mundo para a
Realidade, ainda trêmulo, com as mãos na cabeça, se culpando sem parar.
Foi quando viu, em um canto do terreno da
escola algo que lhe chamou a sua atenção:
Um girassol ! Lá estava ele, impávido, enorme,
em toda a sua majestade, brilhando ao Sol!
Suas lágrimas pararam no meio do rosto,
indecisas.
Seria aquilo sonho ou realidade? Onde ele
estaria?
Ele caiu ajoelhado, no estertor da dúvida, sem
saber o que pensar. Para ele o antigo sonho de Adora e o girassol estava despedaçado, destruído pela cruel
realidade que ele odiava, mas aquela flor imensa parecia lhe dizer que não, que
o sonho era real e continuava existindo e resistira a tudo!
Foi quando ele divisou uma sombra por trás do
Girassol, que ele podia jurar que tinha mudado de direção e se virava para a
sombra que caminhava na direção dele.
Quando o vulto deixou de ser uma sombra , ele
reconheceu a figura humana feminina que caminhava; era Adora !
Seu sonho parecia estar se realizando, ele não
tinha morrido afinal !
Sem nem pensar, ele correu para ela, que abriu
seus braços em um gesto carinhoso. Seus olhos ficaram rasos novamente: aquela
receptividade podia ser um gesto qualquer para outras pessoas, mas significava
muito para ele !
Ele a abraçou com tanta força que as costelas
dela chegaram a doer: ele não tinha idéia da força física que sua emoção o
levava a fazer, maior do que a que ele achava que tinha.
Abrigado nos braços dela, ele se sentiu
aconchegado, quentinho, querido.
Ela também chorava e as lágrimas de um molhava
as costas do outro e vice versa.
-Desculpe, desculpe, desculpe,
desculpe...eu...eu me sinto tão culpada...eu ainda não sei o que fiz de errado, mas...me ensina, me ensina por
favor, eu...eu preciso saber, Damian...eu...eu não quero mais te ver
chorar...eu quero te ver feliz !
O rapaz se afastou um pouco e o sol fazia
brilhar as lágrimas em seu rosto, e ele olhou para ela com doçura, e abriu um
sorriso.
-Ai, Damian, Damian...não me faça chorar de
novo...eu não resisto a esse seu sorriso lindo...
Adora não parava de se emocionar!
Damian então apontou para o girassol e virou a
cabeça dela para a direção da flor, e apontou para o chão, e fez movimentos com
a mão como se estivesse desenhando.
Adora entendeu imediatamente e disse:
-Oh, a Flor ! A flor que você desenhou e deu
para mim, oh, Damian...e não é que ela existe mesmo ? Você realmente não para de
me surpreender...
Ele soltou-a e foi em direção da flor e escondeu-se atrás dela, e saia de trás dela
pela esquerda e pela direita, sorrindo!
Adora nunca mais esqueceria aquele dia !
-Ah, Damian, ainda bem que consegui te
achar...e que você existe na minha vida, você conseguiu muda-la, dar um novo
rumo, um novo propósito para ela, sabia, você em faz bem !
E ela correu a abraçá-lo novamente.
Ele não teve dúvidas: a levantou no ar e girou
nos calcanhares com ela como um pai faria com uma criança pequena, sempre
sorrindo.
E depois retribuiu o abraço e acariciou os
cabelos dela.
-Aaaaaah !
Ouviu-se um grito feminino de adolescente.
Era Jeanne, a menina que juntara os pedaços do
desenho de Damian.
Com lágrimas nos olhos, ela saiu correndo,
furiosa.
Estava claro que ela estava com ciúmes dos
dois, mas Adora não entendeu, na verdade até entendeu, mas não aceitara, pois
não havia, ao ver dela, razão ou sentido para a menina sentir ciúmes dele, já
que eles eram professora e aluno, não namorados e ela não sentia amor romântico por ele.
Mas Jeane sentia.
Com receio de a menina a acusar injustamente para a Diretoria, Adora
largou Damian e saiu correndo atrás dela.
Tudo isto deixou o rapaz atordoado. Ele nem
percebera o amor da menina por ele, mas o que lhe importante era a figura de
Adora correndo na direção contrária a dele. Parecia que seu pesadelo voltava
novamente, e ficou com medo que os garotos maus o achassem novamente e
destruíssem a “sua” flor. Sim, ela para ele era um símbolo de Adora, de seu sonho e de seus sentimentos
para com ela, que ele receava muito que ela descobrisse e deixasse de gostar
dele e fosse embora de sua vida.
(Por Continuar)
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