-Isto é por que você não conhece ele direito
ele ainda e não convive com ele no dia a dia!
Disse Madeleine, irritada.
Mas o olhar de Damian estava desviado agora dos
olhos delas e estava concentrado no decote da blusa da professora, e ele até
arregalava os olhos de ficar observando.
Adora estava tão concentrada em falar com a mãe
dele, que nem percebeu, mas Madeleine percebeu e ficou furiosa:
-Damian, você está impossível hoje ! Vai lá
para o seu quarto , por favor, pois eu tenho uma conversa muito importante para
ter com sua professora, conversa de gente grande, vai, por favor !
Decepcionado, e com um beiço do tamanho de um
bonde, revoltado por que estava sendo tratado como se ele fosse criança, ele
entrou no quarto dele e bateu a porta com força, e deixou a luz vermelha
permanentemente acesa.
A violência do fechamento da porta, com sua
alta sonoridade, fora proposital, para expressar a raiva e revolta dele e
deixa-las bem claras para a mãe, que suspirou profundamente.
-Eu não sei mais o que fazer com ele ! Eu juro
que não sei ! Eu não aguento mais tanto trabalho ! Pombas, eu faço tudo por
ele, amo tanto ele, mas ele não reconhece nada, é duro, viu? É duro, é muito
duro, voc~e não tem idéia da dor que sinto nestas horas...
Lágrimas
caíam dos olhos de Madeleine, e estas pareciam lhe pesar uma tonelada !
Mas em seu quarto, deitado na cama, Damian
também chorava...queria poder ser compreendido e mostrar que ele que tinha
razão, na visão dele, mas também ter de deixar de ficar junto de Adora
igualmente o entristecia.
Constrangida, mas apiedada, Adora tentou
consertar a situação:
-Calma, senhora Madeleine, eu estou aqui para
ajudar vocês, quero muito te ajudar a se dar melhor com seu filho e quero dar
aulas para ele aqui na sua casa, de graça, se a senhora me permitir !
E a professora explicou sua proposta.
-Ai, que bom, muito obrigada, nossa, que
bom...você é mesmo um anjo! Eu estou muito feliz, enfim alguém para me ajudar
!Eu estava mesmo extremamente preocupada em como eu vou fazer para arranjar
outra escola para ele...já é a terceira escola que o expulsa, não aguento mais
, não sei mais o que fazer, ele me dá trabalho demais, vive aprontando !
-Olha, Senhora Madeleine, eu vi tudo o que
aconteceu, e ,sinceramente, acredite em mim, ao menos desta vez seu filho não
teve culpa alguma...eu vou contar tudo o que aconteceu para a senhora,
inclusive o que uma funcionária que estava na sala da diretoria viu e ouviu e
me contou depois que fui expulsa da sala!
-Conta, conta !
Disse Madeleine, com o coração apertado.
Adora contou tudo em detalhes.
-Eles fizeram isto com o meu filho? A Diretora
falou isto do meu filho? Aqueles monstros disseram e falaram tudo isto do meu
Damian?
Disse a mãe dele, com olhos flamejantes e
urrando com fúria.
-Sim, disseram, fizeram, senhora !
-Eu mato aqueles desgraçados, aquela égua
ordinária ! Eu juro que eu mato ! Ninguém faz estas coisas com meu filho e faz
estas coisas com ele e fica impune ! Eu vou amanhã mesmo falar com aquela
Diretora desalmada ! Isto não vai ficar assim !
E as lágrimas explodiram de seus olhos
novamente, ao imaginar o que seu filho passara.
Adora se assustou tanto, que trouxe um copo de
água para ela se acalmar.
-Tudo bem, tudo bem, muito obrigada por me
contar, eu tenho de pedir desculpas ao meu filho, ele realmente não tem culpa
desta vez...pode vir aqui ensinar a ele a partir de amanhã, ok?
-Está certo, muito obrigada, Senhora.
-Vou te dar as dicas de como funcionam as
coisas aqui com ele aqui em casa.
E Madeleine contou tudo , em todos os detalhes.
No dia seguinte, um sábado, Madaleine foi na
escola de Damian.
A secretária tentou barra-la, mas não
conseguiu.
Madaleine entrou na sala da Diretora de
sopetão, furiosa, e já chegou gritando:
-Sua vadia !Você não tem vergonha do que fez a
meu filho não?
-Sinto muito se
a senhora tem um filho doente retardado mental...
Agora que Madeleine ficou vermelha como
pimentão e perdeu as estribeiras de vez :
-Ele não é doente , nem retardado mental, se
tem uma doente aqui é você , sua
preconceituosa intolerante de uma figa ! Eu vou te processar, isto é crime de
Psicofobia e Discriminação, sabia?
-Você é pobre, eu tenho dinheiro para bons
advogados e você não tem, boa sorte, senhora...
Disse a Diretora, com uma frieza congelante.
Madeleine se descontrolou e pegou a Diretora
pelo colarinho com tanta força que a fez se levantar um pouco da cadeira e
berrou:
-Filha de uma égua, a Lei está do meu lado !
(Por continuar)
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