-Ai, que vergonha, Lune-saaaan !
O sistema de autofalantes anunciou o desembarque do voo de
Otaru.
-Ele está chegando. Lune fique atrás de nós!Maki-san,
fique preparada!
-Sim, Akane-san!
Disseram as duas.
Dali a pouco a comitiva desembarcava. Seis homens de terno
preto e óculos escuros, dois levando as malas, o restante escoltando Otaru.
Eles pararam em frente ‘as policiais.
-Otaru Tamasuki, você está preso em nome da Lei, pelos
crimes de pedofilia, estupro , assassinato e prostituição infantil !
O irmão de Lune ficou de cabeça baixa e olhos baixos, em silêncio, enquanto Maki o
algemava.
-Não tente nenhuma gracinha! Não somos as únicas policiais
aqui, há uma dezena de outros cercando-o
mais distanciadamente.
Disse Akane, com firmeza.
Só então Otaru olhou para Lune. Um olhar frio, feroz,
lúgubre, soturno,assustador!
Lune baixou os olhos imediatamente, assustada com aquele
olhar terrível.
-Nem pense em ameaçar a Lune-san, rapaz ! Vamos indo !
Disse Maki, deixando sua pose alegre para uma expressão
severa.
As duas o conduziram aos demais policiais, que o colocaram
em uma viatura policial fora das dependências do saguão do Aeroporto.
--Nossa missão está cumprida, senhorita, vamos embora !
Disseram os seguranças e saíram logo dali.
-Também temos de ir agora, Lune-san, mas em breve nos
reencontraremos, qualquer dia irei visita-la ! Ah, e parabéns pela sua gravidez
!
-Obrigada, Maki-chan !
-Tchaaooo !Fui !
E lá se foram as duas.
Lune não quis acompanhar os procedimentos policiais e
pegou seu carro, pagou o estacionamento e voltou para casa.
Assim que chegou em seu apartamento, Lune resolveu abrir o
vitrô da sala e se sentou numa das
cadeira da sacada, onde, do sexto andar, onde morava, observava o trânsito na
rua e o horizonte urbano imenso, aquele mar de prédios, após pegar um
refrigerante na geladeira e se servir em um copo e colocar alguns cubos de
gelo.
Havia um certo alívio, tanto em seu semblante como em sua
mente, pela prisão do irmão, que, agora não seria mais condenado a morte,
apesar de saber que, devido ‘a gravidade dos atos dele, provavelmente pegaria
prisão perpétua.
O alívio era também
o de não mais ter de se ver frente a frente com um irmão que poderia abusar
sexualmente dela ou mesmo violenta-la. Preferia manter na memória apenas a
imagem cândida do irmão quando criança, do qual cuidara e que a respeitava.
Eram estas as lembranças do irmão , que queria conservar e fixar na sua
memória.
Mas se preocupava com o estado emocional de Momiji,
sabendo que Otaru agora estava atrás das grades e não voltaria mais.Foi quando
resolveu ligar na casa dos pais.
-Oi, filha, boa tarde !
-Boa tarde pai! O Onii-san já está detido e o processo
dele já começou...
-Sim, estamos sabendo já, o Hayao-sama já nos avisou!
-E como vocês estão se sentindo?
-Muito tristes, filha. Sua mãe, depois que soube, vestiu
luto e fica rezando para Buda em meio ‘as lágrimas.Para ela, como para mim
também, e como se o Otaru-san tivesse falecido..bom, de certa forma, aquela
imagem de filho que tínhamos dele, faleceu mesmo...
-Puxa, pai...fico triste em saber, será que ela vai
aguentar?
-É uma dor para a vida inteira, sentimento de culpa, é
muito pesado isto, não só para ela, mas para mim,que já estou velho, também.
-Melhor eu ir aí dar uma força para vocês?
-Não, filha, acho melhor não, o trauma ainda está muito
forte, mas vai passar, a gente aos poucos vai se anestesiando, não/A vida não
pode parar...deixa a poeira baixar, e a gente melhorar, aí você vem, ok?
-Ok, pai, fico feliz de o senhor pensar assim.
-Assim que estivermos mais inteiros, a gente te liga e te
convida para cá!
-Ah, ok !Ah, mas se o senhor está em casa, e o Takeo-kun?
-Ele está no trabalho, mesmo sem mim. Eu não sou o único
que trabalha lá, e estou colocando ele como meu braço direito, o segundo em
comando, liderando a equipe enquanto eu estou fora!
-Que bom !
-Até mais então, filha !
-Até, pai...
E a ligação terminou.
Lune então resolveu tomar um banho, e estava tão distraída
que foi tirando as roupas e as jogando no chão, deixando uma trilha de roupas
atrás de si, no caminho até o banheiro do quarto.
Já nua, ela de repente teve um pressentimento, e voltou
para a sala:
Foi no momento exato em que viu sua calcinha levantar voo
com o vento que entrava pelo vitrô aberto e voar pela cidade afora.
-Nãaao !
Ela gritou e tentou correr pelada até a sacada e parou no
parapeito. Mas tarde demais: a calcinha já estava fora de alcance!
Só então percebeu que
estava nua, e que seus seios arfavam e balançavam com sua respiração
ofegante.
-Mas que droga !
Ela gritou .
Quando levantou os olhos, percebeu que havia um homem
olhando da janela do prédio em frente ao dela, de binóculos. Um voyeur !
-Aaaaai não !
Lune gritou, vermelha de vergonha da cabeça aos pés,
correndo para dentro, fechando o vitrô e as cortinas, e tratou de tomar seu
banho, ainda envergonhada. Dizia para si mesma:
-Ele me viu !Droga, ele me viu !Queria tanto apagar estas
imagens da memória dele !Sujeito tarado, indecente, desalmado, se eu ver ele na
rua, baterei nele sem dó nem piedade !Mas...não, não contarei ao Takeo-kun, ele
ficaria com ciúmes, eu sei, era só para ele e mais ninguém me ver nua, só
ele...se bem que nem foi culpa minha, mas...ai, não, que vergonha!E se algum
homem tiver pegado minha calcinha e a ficar cheirando...e se ele souber onde
moro e vier me entregar?Minha intimidade...exposta deste jeito..quantos
viram?Não posso ser tão descuidada, a culpa é minha, devia ter me trocado no
quarto !Mas como eu podia saber que haveria um pervertido vasculhando a
vizinhança?
Dúvidas, dúvidas, dúvidas, eram o que permeavam a mente de
Lune durante o banho!
Tão envergonhada ficou, que vestiu uma camisa preta de
manga comprida, sem decote algum, e uma saia comprida, que ia quase até os
calcanhares, sapato fechado, com meias grossas, e colocou um lenço no pescoço
cobrindo o busto, e depois tratou de recolher as roupas do chão correndo, pois
não demoraria muito a Takeo chegar.
(Por Continuar)
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