sábado, 16 de junho de 2018

Episódio 23- Sensibilidade de Viver:Gestação



No dia seguinte, após uma noite tranquila e reconfortante e de um lauto café da manhã bem cedo, providenciado por Takeo, Lune foi para seu primeiro dia de trabalho, enquanto Takeo ia para o trabalho dele.
Ela chegou ao prédio do Departamento de História, com sua pasta e sua bolsa. Agora não era mais a velha mochila escolar, ela é que era a professora, e nem tinha idéia do que teria de enfrentar.
Ela foi ‘a sala dos professores e assinou o ponto.
-Huum, professora nova aqui !Bom dia, novata, como se chama?
-Lune Tamasuki, vou  lecionar História Mundial para a classe 1-C!
-Eu sou Nagisa Sawakashi !A professora de História do Japão. Então  você entrou no lugar da Haruka Maranata, é isto?
-Não a conheci, infelizmente, hoje é meu primeiro dia aqui.
-Seis, sei, puxa, mas você é tão novinha...quase se confunde com os alunos...
-Senhora, eu tenho vinte e três anos de idade!
-Então é a mais novinha daqui, pois aqui ninguém tem menos de trinta e seis.
-Ser cronologicamente mais nova que você não me desqualifica...
-Aahaaam, com licença, novata...
-Meu nome não é novata, é Lune !
-Você comprou esta arrogância toda  no shopping ou no centro mesmo?Você deveria respeitar mais suas sempais..eu sou  Ninasa Yatamuchi, professora de...
-Arrogãncia é de vocês, Yatamuchi-sempai !Não tenho obrigação de respeitar a quem não me respeita !
-Huum, bravinha e insolente...deve ter aberto as pernas para alguém para entrar aqui...
SPLAAAAFT !
Soou o tapa de Lune na cara de Nagisa!
-Eu não sou prostituta para abrir minhas pernas para ninguém, Yatamuchi-sempai,eu sou uma mulher digna ! E sou casada, se quer saber ! Agora com licença que tenho de ir ministrar minha aula !
Nagisa, espantada, caída sentada no chão , ficou de queixo caído! Seu olhar, porém era de fúria!
-Ela vai pagar por este atrevimento, este  insulto!Ai, meu traseiro !
Disse Nagisa para Ninasa.
As demais professoras ficaram olhando espantadas.
Lune procurou espantar a irritação de sua cabeça.Já começara brigando com as colegas logo no primeiro dia, embora ela não tivesse culpa das provocações delas. Mas a mentalidade típica japonesa de fazer tudo pelo coletivo anulando-se a si mesma, e de obedecer a uma rígida hierarquia com base na idade e na experiência, em que as mais novas teriam de se submeter ‘as mais velhas e sofrer caladas todo tipo de provocações e humilhações a revoltava, era algo que ela não aceitava e que criticava muito.
Ela entrou na sala de aulas, pensativa.
A classe era predominantemente feminina, havia poucos alunos e muitas alunas.Todos na faixa de dezoito a dezenove anos de idade.
Como mandava a tradição japonesa, eram todos muito ordeiros e tímidos.Ou pelo menos era o que pareciam ser ‘a primeira vista.
-Bom dia, Tamasuki-sensei !
Dissea classe toda, em uníssono, levantando-se de suas carteiras, e cumprimentando-a com o cumprimento típico japonês, inclinando o torso para baixo.
Lune respondeu cumprimentando-os da mesma forma.
A educação deles lhe fez esquecer um pouco sua irritação e ela sorriu, respondendo logo depois:
-Muito obrigada !Bom dia a todos e todas vocês !
A classe se sentou novamente  e ficou em silêncio aguardando as ordens dela.
Foi quando Lune sentiu uma sensação de domínio sobre a classe, de autoridade, poder, mas também de responsabilidade sobre eles e elas. As expectativas  ali eram altas, não só da classe, mas da própria Universidade.
Ela depositou sua pasta na mesa professoral, olhou para a lousa, olhou para a classe, e sentiu o clima de expectativa no ar.Era a sua primeira aula, e sua primeira experiência como professora, e era a hora de colocar tudo o muito que tinha planejado em prática, pois ali, ali era a realidade. E ela sabia que não poderia vacilar, gaguejar, ficar nervosa, nem fraquejar ou se mostrar indecisa. Aquela classe dependia dela para se formar e adquirir conhecimentos, e ela precisava inspirar auto confiança em toda a classe, que tremenda responsabilidade !
-Bom, estou vendo que não precisarei me apresentar, já que já me conhecem.  Então começarei fazendo a chamada de presença !
Ela abriu sua caderneta e começou a chamada.
Quando terminou, e viu que a classe toda estava presente e terminou suas anotações, Lune se levantou da cadeira e  ficou em pé na frente da Classe.
-Bom, então vamos começar nossas aulas. Onde a antiga professora de vocês parou?
- Ela tinha terminado toda a Antiguidade e ia começar a Época Medieval, sensei !
-Ah, está certo, então retomaremos de onde ela parou. Muito Obrigada, Tamome-   kohai ! Por favor, abram seus livros na primeira página do capítulo sobre a Idade Média !
A classe obedeceu prontamente.
-A Idade Média não é conhecida como a Idade das Trevas ‘a toa. Foi um período de tremenda regressão , brutalidade e selvageria, foram tempos bárbaros, com muitas guerras, dentre elas as famosas Cruzadas, foi um período também de grande opressão popular, em que os Estados como conhecemos ainda não existiam, fragmentados em pequenos feudos regidos pela nobreza:Reis, Duques, Barões, Viscondes, Condes, etc....
E foi ministrando a sua aula.
Optou por colocar pouca coisa na lousa, pois era cansativo escrever nela e ela não tinha o menor talento para desenhar.
Naquele primeiro dia, a classe fora extremamente bem comportada, mas havia um aluno ali que a incomodava- era o mesmo que, quando da sua apresentação ‘a classe pela Diretora do Departamento, a ficara observando apaixonadamente.
Enquanto ela falava, ela percebia o olhar amoroso dele para ela, mas também de uma boa dose de desejo sexual por ela. Ele ficava no fundo da classe, e quando o sinal tocou e a aula acabou, denunciando o intervalo, ela esperou toda a classe se esvaziar, percebendo que ele seria o ultimo a sair, e disse a ele, com voz autoritária:
-Sato-kohai, precisamos ter uma conversa séria !
-Sim, sensei !
Os olhos dele brilharam. Lune continuava de pé na frente da classe e ele sentado no fundo.
-Mas que raio de olhares seus para mim são estes, Sato-kohai?Pensa que sou boba?Pensa que não percebi?
-Desculpe, sensei...mas eu...
-Ah, não ! Não me venha por favor com confissões amorosas para cima de mim !Olha o respeito para com sua professora, rapaz ! Eu sou casada, aliás, muito bem casada, e é uma atitude deplorável um aluno se envolver amorosamente com uma professora, além de crime, proibido por lei !
O rapaz ficou cabisbaixo, com olhar triste e caído.Lágrimas começaram a brotar odos olhos dele, mas Lune continuava implacável:
-Quando eu fui estudante, rejeitei dezenas de garotos na cara dura, sem dó nem piedade, exatamente como estou rejeitando você !Coloque-se em seu lugar e concentre-se só nos estudos, e não quero mais ver esta droga de olhar para mim nunca mais, fui clara?
Ela disse, em tom bem alto, com as mãos na cintura e olhar colérico fuzilando-o impiedosamente, humilhando-o de maneira cruel.
Na verdade, ela queria cortar o mal pela raiz, e impedir que a situação se agravasse e se tornasse constrangedora, colocando sua carreira e seu casamento em risco.
Mas apesar da humilhação e da mágoa, não havia ódio nem raiva no coração de Sato Ourichi. Havia sim, a determinação de conquista-la e o sonho de namorá-la e leva-la para o motel. Para ele, aqueles lábios carnudos e espessos, eram sensualíssimos, irresistíveis, e ele mal se continha em sua vontade de beijar a boca dela !

(Por Continuar)

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