No dia seguinte, após uma noite tranquila e reconfortante
e de um lauto café da manhã bem cedo, providenciado por Takeo, Lune foi para
seu primeiro dia de trabalho, enquanto Takeo ia para o trabalho dele.
Ela chegou ao prédio do Departamento de História, com sua
pasta e sua bolsa. Agora não era mais a velha mochila escolar, ela é que era a
professora, e nem tinha idéia do que teria de enfrentar.
Ela foi ‘a sala dos professores e assinou o ponto.
-Huum, professora nova aqui !Bom dia, novata, como se
chama?
-Lune Tamasuki, vou
lecionar História Mundial para a classe 1-C!
-Eu sou Nagisa Sawakashi !A professora de História do
Japão. Então você entrou no lugar da
Haruka Maranata, é isto?
-Não a conheci, infelizmente, hoje é meu primeiro dia
aqui.
-Seis, sei, puxa, mas você é tão novinha...quase se
confunde com os alunos...
-Senhora, eu tenho vinte e três anos de idade!
-Então é a mais novinha daqui, pois aqui ninguém tem menos
de trinta e seis.
-Ser cronologicamente mais nova que você não me
desqualifica...
-Aahaaam, com licença, novata...
-Meu nome não é novata,
é Lune !
-Você comprou esta
arrogância toda no shopping ou no centro
mesmo?Você deveria respeitar mais suas sempais..eu sou Ninasa Yatamuchi, professora de...
-Arrogãncia é de vocês,
Yatamuchi-sempai !Não tenho obrigação de respeitar a quem não me respeita !
-Huum, bravinha e
insolente...deve ter aberto as pernas para alguém para entrar aqui...
SPLAAAAFT !
Soou o tapa de Lune na
cara de Nagisa!
-Eu não sou prostituta
para abrir minhas pernas para ninguém, Yatamuchi-sempai,eu sou uma mulher digna
! E sou casada, se quer saber ! Agora com licença que tenho de ir ministrar
minha aula !
Nagisa, espantada, caída
sentada no chão , ficou de queixo caído! Seu olhar, porém era de fúria!
-Ela vai pagar por este
atrevimento, este insulto!Ai, meu
traseiro !
Disse Nagisa para
Ninasa.
As demais professoras
ficaram olhando espantadas.
Lune procurou espantar a
irritação de sua cabeça.Já começara brigando com as colegas logo no primeiro
dia, embora ela não tivesse culpa das provocações delas. Mas a mentalidade
típica japonesa de fazer tudo pelo coletivo anulando-se a si mesma, e de
obedecer a uma rígida hierarquia com base na idade e na experiência, em que as
mais novas teriam de se submeter ‘as mais velhas e sofrer caladas todo tipo de
provocações e humilhações a revoltava, era algo que ela não aceitava e que
criticava muito.
Ela entrou na sala de
aulas, pensativa.
A classe era
predominantemente feminina, havia poucos alunos e muitas alunas.Todos na faixa
de dezoito a dezenove anos de idade.
Como mandava a tradição
japonesa, eram todos muito ordeiros e tímidos.Ou pelo menos era o que pareciam
ser ‘a primeira vista.
-Bom dia,
Tamasuki-sensei !
Dissea classe toda, em
uníssono, levantando-se de suas carteiras, e cumprimentando-a com o cumprimento
típico japonês, inclinando o torso para baixo.
Lune respondeu
cumprimentando-os da mesma forma.
A educação deles lhe fez
esquecer um pouco sua irritação e ela sorriu, respondendo logo depois:
-Muito obrigada !Bom dia
a todos e todas vocês !
A classe se sentou
novamente e ficou em silêncio aguardando
as ordens dela.
Foi quando Lune sentiu
uma sensação de domínio sobre a classe, de autoridade, poder, mas também de
responsabilidade sobre eles e elas. As expectativas ali eram altas, não só da classe, mas da
própria Universidade.
Ela depositou sua pasta
na mesa professoral, olhou para a lousa, olhou para a classe, e sentiu o clima
de expectativa no ar.Era a sua primeira aula, e sua primeira experiência como
professora, e era a hora de colocar tudo o muito que tinha planejado em
prática, pois ali, ali era a realidade. E ela sabia que não poderia vacilar,
gaguejar, ficar nervosa, nem fraquejar ou se mostrar indecisa. Aquela classe
dependia dela para se formar e adquirir conhecimentos, e ela precisava inspirar
auto confiança em toda a classe, que tremenda responsabilidade !
-Bom, estou vendo que
não precisarei me apresentar, já que já me conhecem. Então começarei fazendo a chamada de presença
!
Ela abriu sua caderneta
e começou a chamada.
Quando terminou, e viu
que a classe toda estava presente e terminou suas anotações, Lune se levantou
da cadeira e ficou em pé na frente da
Classe.
-Bom, então vamos
começar nossas aulas. Onde a antiga professora de vocês parou?
- Ela tinha terminado
toda a Antiguidade e ia começar a Época Medieval, sensei !
-Ah, está certo, então
retomaremos de onde ela parou. Muito Obrigada, Tamome- kohai ! Por favor, abram seus livros na
primeira página do capítulo sobre a Idade Média !
A classe obedeceu
prontamente.
-A Idade Média não é
conhecida como a Idade das Trevas ‘a toa. Foi um período de tremenda regressão ,
brutalidade e selvageria, foram tempos bárbaros, com muitas guerras, dentre
elas as famosas Cruzadas, foi um período também de grande opressão popular, em
que os Estados como conhecemos ainda não existiam, fragmentados em pequenos
feudos regidos pela nobreza:Reis, Duques, Barões, Viscondes, Condes, etc....
E foi ministrando a sua
aula.
Optou por colocar pouca
coisa na lousa, pois era cansativo escrever nela e ela não tinha o menor
talento para desenhar.
Naquele primeiro dia, a classe
fora extremamente bem comportada, mas havia um aluno ali que a incomodava- era
o mesmo que, quando da sua apresentação ‘a classe pela Diretora do
Departamento, a ficara observando apaixonadamente.
Enquanto ela falava, ela
percebia o olhar amoroso dele para ela, mas também de uma boa dose de desejo
sexual por ela. Ele ficava no fundo da classe, e quando o sinal tocou e a aula
acabou, denunciando o intervalo, ela esperou toda a classe se esvaziar,
percebendo que ele seria o ultimo a sair, e disse a ele, com voz autoritária:
-Sato-kohai, precisamos
ter uma conversa séria !
-Sim, sensei !
Os olhos dele brilharam.
Lune continuava de pé na frente da classe e ele sentado no fundo.
-Mas que raio de olhares
seus para mim são estes, Sato-kohai?Pensa que sou boba?Pensa que não percebi?
-Desculpe, sensei...mas
eu...
-Ah, não ! Não me venha
por favor com confissões amorosas para cima de mim !Olha o respeito para com
sua professora, rapaz ! Eu sou casada, aliás, muito bem casada, e é uma atitude
deplorável um aluno se envolver amorosamente com uma professora, além de crime,
proibido por lei !
O rapaz ficou
cabisbaixo, com olhar triste e caído.Lágrimas começaram a brotar odos olhos
dele, mas Lune continuava implacável:
-Quando eu fui
estudante, rejeitei dezenas de garotos na cara dura, sem dó nem piedade, exatamente
como estou rejeitando você !Coloque-se em seu lugar e concentre-se só nos
estudos, e não quero mais ver esta droga de olhar para mim nunca mais, fui
clara?
Ela disse, em tom bem
alto, com as mãos na cintura e olhar colérico fuzilando-o impiedosamente,
humilhando-o de maneira cruel.
Na verdade, ela queria
cortar o mal pela raiz, e impedir que a situação se agravasse e se tornasse
constrangedora, colocando sua carreira e seu casamento em risco.
Mas apesar da humilhação
e da mágoa, não havia ódio nem raiva no coração de Sato Ourichi. Havia sim, a
determinação de conquista-la e o sonho de namorá-la e leva-la para o motel.
Para ele, aqueles lábios carnudos e espessos, eram sensualíssimos,
irresistíveis, e ele mal se continha em sua vontade de beijar a boca dela !
(Por Continuar)
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