terça-feira, 19 de junho de 2018

Episódio 24-Sensibilidade de Viver: Gestação !




Lune  tratou de dar as costas a ele e ir logo para o refeitório antes da próxima aula, pois já estava com fome.
Já Sato mergulhou a cabeça entre os braços cruzados sobre a mesa e debulhou-se em lágrimas.
Embora professores tivessem sua própria cantina, Lune preferiu a dos alunos, e pegou um sanduíche de carne de porco e um refrigerante na lanchonete. Pagou e se sentou em uma das mesas.
No entanto, uma das alunas de sua classe  a reconheceu e disse:
-Sensei, posso sentar com a senhora?
-Pode sim, Haruka-kohai.
-Obrigada ! Então, eu vi a bronca que a senhora deu no Sato-san...
-Eu sou casada, e preciso manter certa distância dos meus alunos, o relacionamento deve ser só profissional, você entende, não é?
-Entendo sim, Sensei. Mas por favor me permita  te contar algumas coisas de meu primo, da vida dele...
-Ele é seu primo?
-Sim, Sensei, estudamos juntos a muito tempo e praticamente crescemos juntos, pois os meus tios eram nossos vizinhos.Ocorre, Sensei, que ele foi diagnosticado com depressão profunda. Ele é um eterno fracassado no amor e desde sempre tem sido recusado pelas garotas da idade dele. Ele inclusive quis namorar a mim, mas eu sempre o vi como se fosse um irmão, ele sempre foi um irmão para mim, e embora eu goste muito dele, não sinto nada de romântico ou amoroso por ele. Ele se apaixona muito fácilimente  e vive se desiludindo...
-Ninguém namora por dó, Haruka-kohai, vc é mulher como eu e sabe bem disto. Eu nem sequer o conheço, nada sinto por ele e não posso me aproximar dele....
-Então, Sensei, mas não vim aqui pedir para a Senhora namorá-lo, mas para dar uma força para ele, ajuda-lo a conquistar alguém...
-Virei cupido agora, Haruka-kohai?
Disse Lune em um sorriso.
-Sensei, agora a senhora me fez sorrir, só de imaginar a senhora com asinhas nas costas e um arco e flechas...mas falando sério, o Sato-san ele tem uma tendência séria ao suicídio, e os pais dele não o compreendem, o acham um fraco e fracassado, só o colocam mais para baixo ainda, e ele pode vir a se matar...e eu penso que se ele arrumasse alguém para ele, ele melhoraria, entende?
-Sim, entendo, mas isto foge completamente das minhas atribuições como professora! Não que eu não fique com dó e não queria ajuda-lo, mas o que eu, como uma simples professora, poderia fazer?
- Ele está apaixonado pela senhora, Sensei, mas ele também, por outro lado não me escuta e me incomoda com a insegurança e com a carência emocional e sexual dele.Sabe, Sensei, no ano passado eu cheguei a cometer o erro de ter ido para a cama com ele, e ele estava tão ansioso que....falhou comigo do modo mais frustrante possível e depois disto brigamos feio e ficamos meses sem olhar um na cara do outros, e depois ele passou a me assediar, tentar abusar de mim, sabe, fazendo mão boba, olhando meus decotes,etc, só não o denunciei pelo meu medo de ele se matar...mas existe uma garota na classe que é apaixonada por ele, mas que ele sempre desprezou, a Makoto Myiagi, aquela  menina obesa que sempre se senta ao lado dele, justamente por ela ser obesa. Eu já tentei muitas vezes convencer ele a ficar com ela, mas ele não me escuta, mas a senhora, acho que ele  a escutaria, então queria que me ajudasse a aproximar ele dela...não em plena classe, claro, mas nos intervalos, ou conversando reservadamente sem ninguém ver...
-Bom, Haruka-houkai, não te garanto nada, vamos ver...agora preciso ir para minha próxima classe, pois já vai bater o sinal!
-Tudo bem, Sensei, até amanhã, e obrigada !
-De nada...
Lune levantou-se, pegou suas coisas, jogou os restos de seu almoço no lixo, e foi para a Classe 1-D.
O  restante do dia dela foi tranquilo, lecionando em outras classes.
Finalmente, no final  da tarde, cansada, após a última aula, Lune pegou seu carro e foi embora.
Ela pegou o maior congestionamento na volta , mas ainda assim, conseguiu chegar antes de Takeo.
Exausta, comeu tudo o que encontrou de doce na geladeira e depois desabou no sofá da sala e dormiu.
Nem percebeu a chegada de Takeo  duas horas depois, também exausto de tanto trabalhar.
O que não tinha caído a ficha para os dois até então é que, com exceção do Domingo e dos poucos feriados, todos os dias seriam assim!
Takeo não quis interromper o sono de Lune, mas ficou com dó dela dormir no sofá, e a carregou para a cama.
Lá a colocou e colocou as cobertas dela e ficou sentado pensativo no pé da cama.
O que fazer? Quem iria fazer o jantar?Era preciso pensar em quem teria esta tarefa todos os dias, pois não dava para ficarem saindo para comer fora ou pegar comida fora todo dia, acabariam gastando demais, e também, as compras de supermercado iriam acabar estragando.
Normalmente, no Japão, a esposa fica em casa como dona de casa e o marido trabalha fora, e a esposa faz todos os serviços domésticos.
Mas Takeo conhecia Lune e sabia que ela jamais aceitaria  um papel submisso destes.Ela mesma já tinha avisado que queria divisão de tarefas.
O problema era que ambos tinham pouco conhecimento de cozinha e pouca prática e ninguém dos dois jamais foi muito interessado em aprender a cozinhar.Contratar uma empregada doméstica?
Domésticas são absurdamente caras no Japão, e o pai de Takeo podia, pois era milion[ario, mas Takeo e Lune viveriam de salários, e não mais de gordas mesadas, então teriam de se virar só com o que ganhavam, pois os pais de nenhum dos dois os iria ajudar financeiramente.Então, contratar uma doméstica estava fora de questão. Mas Takeo não podia decidir sozinho, teria de ser em conjunto com Lune, então ele preferiu esperar uma ocasião adequada para discutirem isto.
Por enquanto, ele acabou decidindo mesmo por pedir  comida em uma fast food de hambúrguer mesmo.

(Por Continuar)

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