Motoko e Takeo chegaram já de noite, e ela nem subiu, apenas
mandou Takeo mandar Misa descer e ir encontra-la no carro.
Tinha sobrado muito do almoço, então jantaram o que sobrara.
Depois do jantar, Lune, cansada por ter feito a faxina no
apartamento inteiro, telefonou para a mãe dela e contou o ocorrido.
-Olha, filha, eu até concordo com a Motoko-san, nesta
questão de não deixar a Misa-san almoçar na mesa com vocês, não fica bem,
mas...se você não pensa assim,então, precisa aprender: cada casa tem as suas
próprias regras, e a Motoko-san não tem o direito de impor as regras da casa
dela na sua casa. A casa é sua, é você quem manda e dita as regras. Você
precisa se impor para ela, filha, e explicar a ela que não é bem educado impor
as regras das casas deles nas casas dos outros, e que quando os outros estão na
nossa casa, eles tem de seguir as nossas regras, não as deles próprios !Então,
na próxima vez, bata o pé e diga que a empregada vai sim almoçar com vocês na
mesa por que estas são as regras da casa, ou não serão mais bem vindas !Você
sempre foi tão mandona, filha, aproveite !não é por que ela é milionária que
ela pode fazer o que quiser na sua casa !
-Está certo, mãe, farei assim então. Mas elaborarei e
discutirei as novas regras de nossa casa junto com o Takeo, afinal, a casa não
é só minha e ele deve concordar também !
-Faça isto sim, filha, mas preste atenção: não dê margem a
ele discordar.Imponha-se !
-Está certo, mãe, farei assim, então. Ele sempre obedece
minhas ordens, obedecerá mais estas também !
-Ok, filha, seu pai está me chamando, a gente vai se
falando, qualquer coisa, me ligue, por favor!Um beijo, tchau !
-Beijo, mãe, tchau !
Lune largou o telefone no
gancho e foi para o quarto.
Ela ainda não tinha se acostumado a encontrar um homem em
sua cama todas as noites em seu quarto, para ela, isto era algo alienígena,
pois a vida toda teve sua própria cama de casal e dormira sempre sozinha.
Outra coisa que ainda não estava acostumada, era ter de
dividir sua intimidade com um homem todos os dias.Até então, ela e Takeo se
encontravam e dormiam juntos de vez em quando.Claro que Lune não estranhava
mais,, nem ficava com pudor de Takeo ver ela nua,mas ela tinha se acostumado a
ficar nua sem ninguém para olhar, quando muito, seu gato Sartre.Mas ela ainda
fechava a porta do banheiro para ir para as necessidades fisiológicas, e o
faria para trocar o absorvente íntimo, se ela ainda o usasse, já que quando se
está grávida, a menstruação para de acontecer. Ela não queria que ela presenciasse
as intimidades mais íntimas dela.Por isto mesmo, evitava de presenciar as dele.
E por tudo isto que ela desviou os olhos quando entrou no
quarto e notou que ele estava colocando o pijama para ir dormir.
Ela se trocou de costas para ele, em silêncio, e se
deitou,cobrindo-se com as cobertas. Ela não queria que ele visse que ela estava
com um short-doll decotado e sem sutiã.
-Conversou com sua mãe, querida?
Disse Takeo ao se deitar e se cobrir.
-Sim, ela me disse que preciso me impor para sua mãe e
fazê-la respeitar as regras da casa que nós estabelecermos.
-Ela está certa, também achei minha mãe muito intrusiva.
-E por que não falou nada, querido?
-Acho que pelo mesmo motivo que você. Me senti meio
constrangido pela autoridade de mãe dela.Não quis constrangê-la na frenta da
Misa, e colocaria a Misa em uma péssima situação, em que ela poderia até ser
despedida...
-O que seria muito injusto, não é, amor?
-Sem dúvidas, meu bem!
-Bom, estamos cansados, já é tarde, vamos dormir!
Lune deu um selinho rápido nele e virou-se de costas para
ele, assim como ele virou as costas para ela, e dormiram.
No dia seguinte, trabalho duro de novo.
Acordaram os dois atrasados e fizeram e tomaram o café da
manhã correndo e logo depois cada um foi para seu trabalho.
Ao chegar na faculdade e entrar na sala dos professores, já
não fora bem recebida.
Todos estavam de cara fechada para ela e ninguém lhe dirigia
a palavra.Havia um olhar de reprovação nos semblantes deles e delas.
Quando o gelo se rompeu, foi para cair uma tempestade:
-Não gostamos de você, sua egoísta !Você só fica com os
alunos no intervalo, não almoça na cantina dos professores, não aparece na sala
dos professores, não conversa com nenhum de nós!O que você está pensando,
mocinha?
-Ninasa-sempai, eu faço e faço mesmo !O que vocês tem a me
oferecer?Hostilidade e agressividade?
-Hostilidade?Agressividade? Ah, vá ser falsa assim lá em
Pequim !Quem foi que deu um tapa violento na cara da Nagisa-san, hei, sua
kouhai?Sua mãe não te ensinou respeito aos mais velhos não?
-Ela mereceu, por que ela me ofendeu !Falsa é você, que me
chama de agressiva , sendo corporativa, defendendo a coleguinha da sua
panelinha, fingindo que não percebeu a ofensa dela !
-Pois saiba, kouhai, que eu prestei queixa a você para a
Diretora por agressão!
-Preste o quanto quiser, eu me defendo, a verdade está
comigo , Nagisa-sempai !
-Não, kouhai, de nada adianta a Verdade, se você não tiver o
Poder. E o Poder está conosco!
-Contra o Poder, se usa Maquiavel !Agora preciso ir para
minha aula !Fui !
E lá se foi Lune para sua aula.
Ao fim do expediente, porém, foi chamada para a Sala da
Diretoria da Área de Humanas.
O rosto de Mikasa Sagashita, a Diretora, não era nada
acolhedor, seu olhar era frio e duro:
-Por favor sente-se, Lune-kouhai.
-Sim senhora, Mikasa -sempai.
-Vou ser direta e franca com você e vou direta ao assunto: recebi de suas
colega, a Professora Nagisa, denúncia de
comportamento inadequado e agressividade de sua parte.
-Senhora Mikasa, não foi bem assim, por favor me deixe
explicar...
-Além de tudo , está chamando sua colega de
mentirosa?Nagisa-san leciona aqui há vinte anos e voc~e é uma novata aqui, não
vai querer sua palavra contra a dela, vai? Deixa eu te dizer uma coisa,
Lune-kouhai: não interessa a verdade, não interessa quem ofendeu quem, interessa quem tem o poder e quem faz
parte da elite. Nagisa-san é uma grande
amiga minha, então , ela tem o Poder com ela, como eu tenho comigo, portanto,
ela pode mentir, acusar quem for sem precisar provar nada, pode fazer o que bem
entender aqui, pois ela faz parte da elite daqui, e já você não, então, esta é
uma advertência: comporte-se adequadamente e não importune quem é privilegiada
aqui, ou você estará no olho da rua, entendeu?Fui bem clara, mocinha?A próxima
queixa ou denúncia contra você será a última !E nem ppense em me responder nada
ou será demitida sumariamente ! E suma da minha frente antes que eu mude de
idéia ! Já !
A Diretora bradou, em pé, com o dedo no nariz de Lune, que,
surpresa, olhar vidrado, pasma, ficou sem
ação, traumatizada.
Ela não conseguiu dizer nada, apenas performar um andar
arrastado de consternação!
Ela já tinha levado muitas broncas da mãe dela, mas nunca de
uma chefe, e nunca tão dura e pesada assim!
Sem chão, nem saber o que pensar, o choque foi forte, e a
abalou fortemente.
Seguiu para o carro no estacionamento qual autômato, em
passos duros, quase marchando, a vontade era de chorar, mas, estranhamente, as
lágrimas teimavam em não brotar de seus olhos e cair.Ela engolia em seco sem
parar, estava lívida, trêmula, e não entendia por que não reagira, não saíra
aos tapas, não gritou furiosa, como faria se fosse a mãe dela, por exemplo.
No entanto, ainda não tinha sido tudo\; quando ela já ia
abrindo a porta de seu carro, viu suas colegas professoras adversárias juntas,
rindo e apontando para ela ‘as suas costas!
Quanta humilhação !
Lune entrou no carro-só queria sair daquele inferno !
O sistema de assistência de estacionamento tirou o carro da
vaga sozinho, e ela saiu da universidade o quanto antes, só pensava em chegar
em casa o mais rápido possível...
(Por Continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário