domingo, 1 de maio de 2016

Capítulo 3- Minissérie: Adora-Alguém como você



-É mesmo, Jeane? Puxa, mas isto é incrível !
E Adora olhou para Damian e disse:
-É muito linda, obrigada, adorei ,viu?
O movimento em torno de Damian chamou a atenção dos demais alunos, que o cercaram enquanto Adora mostrava toda orgulhosa o desenho dele para eles e dizia:
-Olha só que legal, ele que desenhou para mim !
Mas um dos garotos se virou para Damian, e disse em tom de desprezo:
-Uma flor? Mas isto é coisa de mulherzinha ! E está malfeito, horroroso ! Olha só, gente, que ridículo, ele é maior que a gente, mas é uma criançona mesmo ! Fica fazendo desenhos efeminados e dando para Professora !
E o menino arrancou o desenho das mãos de Adora e na frente dos olhos aflitos de Damian, rasgou a folha de papel, gritando:
-Olha o que eu faço com seu desenho idiota !
E riu-se na cara dele, e os demais garotos riram também.
E a molecada saiu correndo, rindo e gritando barulhentamente.
Aturdido, chocado, traumatizado, inicialmente a única reação de Damian foram os olhos arregalados olhando para os pedaços de papel no chão, mal acreditando no que tinha acontecido!
Depois, lágrimas começaram a cair de seus olhos. Aquele desenho significava muito para ele, era como se tivessem rasgado a fantasia dele tão linda e gostosa de viver, tão querida...para ele era como se tivessem rasgado e pisoteado seus próprios sentimentos !
Também Adora ficara sem ação, espantada, pois simplesmente não esperava tamanha incompreensão e insensibilidade, tamanho preconceito da classe para com ele, e estava sem entender o que acontecia.
A menina que falara com a professora antes ficou com dó e diligentemente  catou todos os pedaços, e exatamente como se monta um quebra cabeças, remontou o papel, pegou cola e colou todos os pedaços de volta e tentou entrega-lo de volta para Damian, que o arrancou da mão dela com rispidez e picotou tudo de novo, com raiva nos olhos, no seu olhar para ela, e bateu com os punhos em sua mesa, com estardalhaço, o que imediatamente assustou a menina, que começou a chorar e saiu correndo.
Para Adora era muito difícil entender o que havia acontecido lá. Ara ela era perfeitamente lógico que a menina remontasse o desenho e o entregasse, e a reação que ela esperava dele era a de que ele ficasse feliz e agradecido, mas ele estava ali, com as mãos no rosto, chorando, e repentinamente ele saiu da classe correndo também.
O primeiro impulso dela foi o de sair correndo atrás dele, mas alguma coisa lhe dizia que aquilo não era o correto a fazer.
A traumatizava o olhar de raiva dele para ela, como se ele a acusasse de alguma coisa, e ela ficou com medo que ele não gostasse mais dela e que a empatia que ele tinha com ela desaparecesse.
Ela ficou ali parada, por minutos enquanto o sinal do intervalo soava, atônita, se perguntando o que ela deveria ter feito, como deveria ter reagido, o que ela tinha feito de errado, o que a menina tinha feito de errado, o que fora tão ofensivo para ele, e não conseguia encontrar resposta, era algo simplesmente incompreensível para ela!
Enquanto isto, Damian parou de correr e ficou debaixo da sombra fresca de uma árvore, e chorava. Era dolorido agora ir ao seu mundo, pois o sentia despedaçado, sujo, recolhido e mal colado de qualquer jeito, seu sonho do Girassol já não era mais o mesmo...
Não obstante, no entanto, ele acabou voltando a seu mundo e imaginou a mesma cena outra vez. Mas desta vez, depois de dizer com sua mensagem na areia que ela era o Sol dele, um bando de garotos apareceu e os cercou, e começaram a chutar e rasgar o girassol, que ficou em pedaços e eles riam na cara dele, e ele escreveu na areia:
-Você não vai fazer nada?
A expressão do rosto dela sumiu e ela não tinha mais olhos, boca, nariz, nada e saiu correndo e ele saiu correndo atrás dela, mas por mais que corresse, não a alcançava e ele a via sumir na direção do por do sol...
Ele emergiu de seu mundo voltando a chorar de novo, e repentinamente aquelas imagens lindas da campina, da árvore, do céu e por do sol se despedaçaram revelando uma escuridão aterrorizante e as risadas dos colegas ressoavam em sua cabeça tonitruantemente, levando-o a um martírio que parecia não ter fim...Ele mal tinha voltado para a Realidade e já tinha voltado para sua fantasia. Ou não tinha nem saído dela e estava em outra?
Então repentinamente se viu diante de um imenso tribunal, onde um juiz com expressão temerária parecia o estar esperando.
O tribunal parecia estar em meio a espessas brumas, quando ele viu uma  odiada figura, também sinistra: Um homem de fartos bigodes e uniforme militar escuro, com um quepe militar grande , com uma grande capa negra , com uma expressão severa assustadora nos olhos cinzentos.
-Eu sou seu Ditador ! E você não reagiu como deveria ! Você ! errou, não podia ter errado ! Porque deixou que os moleques pegassem seu papel! Meritísssimo, eu recomendo que o senhor o condene !

(por continuar)

2 comentários:

  1. O meu filho tb é assim . Diante de algo q o assista ou incomode ele fica sem reação e sofre ao extremo . Sua sensibilidade é sempre fortíssima.

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  2. O meu filho tb é assim . Diante de algo q o assista ou incomode ele fica sem reação e sofre ao extremo . Sua sensibilidade é sempre fortíssima.

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