No
dia seguinte, Lune acordou elétrica!
Ao
contrário do de sempre, desta vez ela acordou primeiro, e já correu a preparar
o café da manhã para ela e o marido.
Depois
acordou Takeo e o mandou para o banho, enquanto o desjejum ficava pronto.
Quando
ele terminou e se trocou, o café da manhã estava pronto e os dois se sentaram
a mesa e comeram.
Takeo
então foi trabalhar, e agora foi a vez
de Lune tomar um novo banho e se trocar.
Tudo
pronto, pegou sua bolsa, foi para a garagem e pegou seu carro e foi até a
estação de trem, onde deixou seu carro no estacionamento da estação. Então, pegou
o trem para Kyoto, e depois o metrô a levou na estação que ficava em frente ‘a
universidade.
Lá
ela se reencontrou com Keiko e as duas se abraçaram fortes, chorando de emoção
e saudades.Foram então conversar com Sumika, uma senhora que tinha idade para
ser mãe dela, muito simpática e atenciosa.
As
negociações foram rápidas e a papelada foi preenchida e preparada.
Lune
conheceu a universidade e soube como seria seu trabalho: ela seria pesquisadora
auxiliar de Keiko, onde passaria parte do tempo pesquisando arquivos e
biblioteca, e outra parte participando
de expedições arqueológicas e principalmente, preparando e catalogando
as peças para o Museu arqueológico da cidade.Nada mais de dar aulas, era um
trabalho muito mais interessante e que
tinha muito mais a ver com Lune.
Keiko
e Sumika a convidaram para almoçar com elas em um restaurante no centro da
cidade, e foram as três no jipe Toyota de Keiko.
Depois,
ela se despediu delas e tomou o metrô de volta para a estação de trem, onde ,
logo ao chegar, foi ao estacionamento, pegou seu carro e foi a Universidade
Kansai tratar de seu desligamento.
Não a
surpreendeu que, ao chegar lá, sua papelada já estivesse toda prontinha no
departamento de recursos humanos- ela logo soube que seria demitida assim que
acabasse a suspensão.
Procurou
então correr com a papelada e fazer o desligamento oficial o quanto antes, pois para seu currículo, era
melhor se demitir do que ser demitida.
Recebeu,
em um envelope, o salário de uma semana em que ficou lá, sessenta e oito mil
yenes.
Saiu
então de lá, entrou no carro e passou no seu banco, onde depositou seu salário.
Só
então voltou para casa, e nisto, o dia todo tinha se passado, e já era hora de
voltar para casa.
Mal chegou,
já foi para outro banho, e tirou um kombini para o jantar.
Não
demorou, e Takeo chegava do trabalho.
Ele a
cumprimentou com um selinho e depois foi para a cozinho e abriu a geladeira
para pegar um refrigerante.
-Nossa,
querida, quanta coisa tem na geladeira !Está abarrotada !
Ele
disse ao se sentar na mesa para jantar.
-É
que eu fiz compras anteontem, querido !
-Entendi,
mas...faltava tanta coisa assim?
-Ah,
Takeo-kun, faltar não faltava tanto, mas eu que não resisti...
Takeo
levantou-se da cadeira e olhou os armários, estufados de tanta comida !
-Bem,
quanto você gastou?
Lune
empalideceu:
-Duzentos
de oitenta mil yenes, aproximadamente...
-O
queeeeê? Duzentos e oitenta mil yenes? Querida, você tem idéia quanto é o
salário médio que um trabalhador japonês ganha? Quatrocentos e trinta mil
yenes, se for homem, duzentos e quinze mil yenes se for mulher !E quanto você
estava ganhando na Kansai?
-Duzentos
e setenta e dois mil yenes...
-Você
tem idéia do absurdo que você cometeu?É mais do que o seu salário inteiro de um
mês !Em um dia de supermercado, Lune-san !Você ganhava de mesada de seu pai
setenta e dois mil yenes por mês, é o equivalente a quatro meses da sua mesada
antiga !É mais do que o salário médio inteiro de um mês de uma trabalhadora
média japonesa !
Lune
ficou constrangida e envergonhada, de cabeça baixa com a bronca:
-Por
isto que as pessoas me olharam tanto no supermercado...
-Claro,
ninguém faz uma compra maluca, gigantesca destas! Ficou maluca?E agora
descontrolou todo o nosso orçamento ! Pensa bem, Lune-san, pensa bem: seus pais
tem renda familiar mensal de setecentos e vinte mil yenes, isto é um terço do
que eles ganham com uma só compra!E para quê tanta coisa deste jeito?Metade do
que você comprou foram guloseimas e doces, salgadinhos, tem toneladas deles
aqui...se a gente comprou kombini para o mês todo, para quê comprar carne, e
tantos laticínios?Vai é estragar um monte de coisas na geladeira e nos armários,
olha, olha só, tudo das marcas mais caras, marcas caríssimas, nem minha família
fica comprando estas coisas todo dia...bem, presta atenção, eu ganho
quatrocentos mil yenes por mês e você ganhava duzentos e setenta e dois mil
yenes no seu trabalho, o que daria um
total de seiscentos e setenta e dois mil yenes , mas como agora você mudou de
universidade, vai reveber duzentos e doze mil yenes, ou seja, nossa renda
conjunta vai ser de seiscentos e doze mil yenes, é é com isto que vamos viver ,
mas um terço inteiro disto já foi com esta compra enorme ! E as contas, como
vamos pagar?Nossos pais não vão mais nos socorrer!
-Comprei
no cartão de crédito, pois só tinha trinta e seis mil yenes na minha conta...
-Bom,
então não afetará este mês , mais afetará o mês que vem !Olha, amor, este mês
ainda recebemos mesada, e ainda assim, você recebeu setenta e dois mil yenes e
eu, cem mil yenes, então, este mês ainda teremos de viver com apenas cento e
setenta e dois mil yenes, e não podemos mais ficar desperdiçando. Seu pai lhe
deu uma poupança de setecentos e cinquenta mil yenes que ele poupou a vida inteira
para você, mas você já gastou mais que um terço dela com esta compra.E eu
ganhei outros setecentos e cinquenta mil. Mas estas poupanças são para
emergências, se a gente ficar doente, precisar se internar num hospital, serão
para a sua gravidez, exames, parto, etc,não podemos usar deste dinheiro, ainda
mais a toa assim!
-Eu
me deslumbrei...foi a primeira vez que fui num supermercado... era muita
tentação...desculpe!
-Querida,
é...é difícil de entender, você nunca foi consumista, pelo contrário, sempre
combateu o consumismo...mas, bom, tudo bem, foi a sua primeira vez, desta vez
passa, está desculpada, mas eu vou precisar tomar uma medida radical, para
nosso bem: por favor me entregue seu cartão de crédito!
Lune
levantou-se, cabisbaixa, foi até a bolsa dela e entregou o cartão.
-É
melhor você não usá-lo por enquanto, nem eu, para evitarmos novos desastres
financeiros.
-Eu...eu
recebi sessenta e oito mil yenes da minha demissão hoje...
-ótimo,
transfira para a sua poupança, para diminuir nosso prejuízo, ao menos reporá
parte do que gastou...tinha setecentos e cinquenta mil, gastou duzentos e oitenta mil, repôs
sessenta e oito mil, você ficará com quinhentos e trinta e oito mil, mas, por
favor, não mexa mais, sem necessidade, ok?
-Ok...
Lune,
de olhos rasos, abraçou Takeo e chorou aos cântaros. Ele a abraçou e ficou a
acariciar seus cabelos.
-Eu
errei...eu errei, fui tão boba, tão iludida...não sei o que deu em mim...me
perdoa, Takeo-kun...
-Não
se penitencie por isto, amor, não fique assim, olha, vai dar tudo certo, ok?
-Diz
que me perdoa !Eu preciso ...eu preciso !
-Perdoo
sim, anjinho, claro que si, desculpe eu ter ficado bravo com você...
-Nossa
primeira briga...
Sim,
mas nenhuma briga vai nos separar, fique tranquila, acabou tudo bem, e eu
continuo a amando como sempre amei...
-Obrigada...eu...eu
vou dormir...eu...eu ainda estou magoada, traumatizada, por favor, entenda...
-Lune,
Lune, minha Lune, tantas vezes se faz de forte, mas é frágil e livre como um
passarinho...vai lá meu bem, eu também já vou...
-Deixa
para ir depois, fica um tempo aí ventdo televisão ou no computador...preciso
muito de um tempo sozinha agora...
-Claro,
querida, seu desejo é uma ordem!
Lune
esboçou um torto e desengonçado sorriso tímido, e, de cabeça baixa, olhar baixo
e encharcado de lágrimas, e postura algo corcunda, foi para a cama, com a roupa
que estava, se cobriu até acima da cabeça e virou para o lado. Estava coberta
sim, sobretudo de vergonha...
(Por Continuar)
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