Ela pedia
desculpas direto ao pai dela, e o abraçava, acariciava seus cabelos...
Por fim,
quando melhoraram, Kazuo disse:
-Filha, eu
vou lá ver sua mãe, pois os sedativos já cessaram o efeito e não quero que ela
se sinta sozinha.Dê um tempo, depois eu te chamo para você vê-la.
-Sim,
papai...
Ele entrou, viu
Momiji deitada no leito, e ele teve a sensação horrível de que ela estivesse
morta, mas o lençol, qual mortalha , se movia com o movimento da respiração.
Ele pegou em uma das mãos dela, e acariciou os cabelos dela e lhe deu um beijo
carinhoso na testa.
Momiji abriu
os olhos.
-Kazuo-kun?Onde
estou?
-No hospital,
minha linda. Você passou mal e teve de ser levada para cá. Ainda terá de ficar
mais um dia aqui, até se recuperar mais um dia.
-Mas e a
casa?E as crianças? Quem cuidará delas enquanto eu estiver fora?
-Eu cuido,
meu amor, não se preocupe. Depois já estão todos adultos...
-Já somos tão
velhos assim?Bom, você pode ser, com esta barba branca de papai noel e este
barrigão, que nunca diminui...
Disse ela,
num tímido e fraco sorriso.
-Eu sou um
velho, mas um velho que não se acaba, estarei sempre junto com você, por que te
amo mais que tudo na minha vida...hoje tão apaixonado como no dia em que nos
casamos !E você, você não envelhece nunca, continua tão n quanto quando nós nos
conhecemos !
-Nosso
casamento foi tão lindo... obrigada, eu também te amo, meu velhinho !Meu doce e
amado velhinho, tão doce...mas você não cuida de coisa nenhuma, não cuida nem
de você direito, eu que tenho de ficar sempre no seu pé !
-E só você
pega no meu pé, e pega com tanta delicadeza, tanto amor...
-Com a
delicadeza de um rinoceronte e o amor de uma leoa!
Disse Momiji
dando uma risadinha.
-Minha
leoazinha fofa, é tão bom te ver sorrir assim, enche meu coração de
felicidade...
-Kazuo-kun,
por que está chorando?Por que estas lágrimas?
-Eu achei que
ia perder você! E eu...eu não sabaria, não conseguiria viver sem você, sem seu
amor...
Kazuo disse,
emocionado, com voz embargada, e beijou a mão dela.
-Eu vou ficar
bem, não se preocupe, bebê chorão! Você não vai se livrar de mim tão facilmente
assim!Agora, meu amor, eu estou cansada e com dor de cabeça, preciso dormir um
pouco. Não precisa grudar em mim não, vai olhar a casa lá, depois você me conta
e amanhã a gente se fala, logo logo saio daqui !Me dá meu beijinho e pode ir !
Kazuo
obedeceu, e logo ela adormeceu.
Ele
reapareceu na sala de visitas.
-Como ela
está, pai?
-Está bem, se
recuperando, dormiu agora. Ela me dispensou, me mandou voltar amanhã...
-Se conheço o
pai que tenho, do jeito que conheço, ele não colocará os pés fora do hospital
tão cedo e dormirá no hospital!
-Aposto que
você também, filha...
-Com certeza,
pai, me sinto horrível...
Os dois
ficaram conversando por um bom tempo abraçadinhos de lado. Até que Kazuo
adormeceu.
Lune então
tomou coragem e entrou no quarto da mãe.
Ela nunca
tinha visto a mãe dela num leito de hospital. E tal visão a deixou
traumatizada!
Tal como
Kazuo, um frio percorrera sua espinha, como se a estivesse vendo morta.
Engoliu em
seco, tentou segurar as lágrimas, e agarrou a mão da mãe com desespero.
Ela
murmurava:
-Ai,
mãezinha, desculpe, me perdoa, perdoa...fui tão má com você...estou tão
arrependida...eu não queria te machucar, não queria te fazer tão mal...estou
tão arrependida...
Lune
acariciou com a outra mão os cabelos da mãe e lhe beijou a testa.
Momiji
parecia adormecida.
Mas Lune
então viu lágrimas caindo do rosto dela, e a filha ficou aflita.
Pegou um
lencinho na bolsa e enxugou as lágrimas com carinho e delicadeza.
Ouviu então
uma voz baixa e débil:
-Em toda sua
vida, voc~e nunca cuidou de mim...é a primeira vez que você cuidou de
mim...você é a primeira filha a cuidar de mim em minha vida...
-Mamãe,
mamãe, eu te amo ! Me perdoa, por favor, me perdoa, por favooooor...
-Você também
não vai se livrar de mim tão cedo, como seu pai...mas seu gesto agora
significou muito para mim...e o que é dos filhos que uma mãe não perdoe?
(Por Continuar)
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