domingo, 29 de outubro de 2017

Episódio 134-Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP




        
Ela pedia desculpas direto ao pai dela, e o abraçava, acariciava seus cabelos...
Por fim, quando melhoraram, Kazuo disse:
-Filha, eu vou lá ver sua mãe, pois os sedativos já cessaram o efeito e não quero que ela se sinta sozinha.Dê um tempo, depois eu te chamo para você vê-la.
-Sim, papai...
Ele entrou, viu Momiji deitada no leito, e ele teve a sensação horrível de que ela estivesse morta, mas o lençol, qual mortalha , se movia com o movimento da respiração. Ele pegou em uma das mãos dela, e acariciou os cabelos dela e lhe deu um beijo carinhoso na testa.
Momiji abriu os olhos.
-Kazuo-kun?Onde estou?
-No hospital, minha linda. Você passou mal e teve de ser levada para cá. Ainda terá de ficar mais um dia aqui, até se recuperar mais um dia.
-Mas e a casa?E as crianças? Quem cuidará delas enquanto eu estiver fora?
-Eu cuido, meu amor, não se preocupe. Depois já estão todos adultos...
-Já somos tão velhos assim?Bom, você pode ser, com esta barba branca de papai noel e este barrigão, que nunca diminui...
Disse ela, num tímido e fraco sorriso.
-Eu sou um velho, mas um velho que não se acaba, estarei sempre junto com você, por que te amo mais que tudo na minha vida...hoje tão apaixonado como no dia em que nos casamos !E você, você não envelhece nunca, continua tão n quanto quando nós nos conhecemos !
-Nosso casamento foi tão lindo... obrigada, eu também te amo, meu velhinho !Meu doce e amado velhinho, tão doce...mas você não cuida de coisa nenhuma, não cuida nem de você direito, eu que tenho de ficar sempre no seu pé !
-E só você pega no meu pé, e pega com tanta delicadeza, tanto amor...
-Com a delicadeza de um rinoceronte e o amor de uma leoa!
Disse Momiji dando uma risadinha.
-Minha leoazinha fofa, é tão bom te ver sorrir assim, enche meu coração de felicidade...
-Kazuo-kun, por que está chorando?Por que estas lágrimas?
-Eu achei que ia perder você! E eu...eu não sabaria, não conseguiria viver sem você, sem seu amor...
Kazuo disse, emocionado, com voz embargada, e beijou a mão dela.
-Eu vou ficar bem, não se preocupe, bebê chorão! Você não vai se livrar de mim tão facilmente assim!Agora, meu amor, eu estou cansada e com dor de cabeça, preciso dormir um pouco. Não precisa grudar em mim não, vai olhar a casa lá, depois você me conta e amanhã a gente se fala, logo logo saio daqui !Me dá meu beijinho e pode ir !
Kazuo obedeceu, e logo ela adormeceu.
Ele reapareceu na sala de visitas.
-Como ela está, pai?
-Está bem, se recuperando, dormiu agora. Ela me dispensou, me mandou voltar amanhã...
-Se conheço o pai que tenho, do jeito que conheço, ele não colocará os pés fora do hospital tão cedo e dormirá no hospital!
-Aposto que você também, filha...
-Com certeza, pai, me sinto horrível...
Os dois ficaram conversando por um bom tempo abraçadinhos de lado. Até que Kazuo adormeceu.
Lune então tomou coragem e entrou no quarto da mãe.
Ela nunca tinha visto a mãe dela num leito de hospital. E tal visão a deixou traumatizada!
Tal como Kazuo, um frio percorrera sua espinha, como se a estivesse vendo morta.
Engoliu em seco, tentou segurar as lágrimas, e agarrou a mão da mãe com desespero.
Ela murmurava:
-Ai, mãezinha, desculpe, me perdoa, perdoa...fui tão má com você...estou tão arrependida...eu não queria te machucar, não queria te fazer tão mal...estou tão arrependida...
Lune acariciou com a outra mão os cabelos da mãe e lhe beijou a testa.
Momiji parecia adormecida.
Mas Lune então viu lágrimas caindo do rosto dela, e a filha ficou aflita.
Pegou um lencinho na bolsa e enxugou as lágrimas com carinho e delicadeza.
Ouviu então uma voz baixa e débil:
-Em toda sua vida, voc~e nunca cuidou de mim...é a primeira vez que você cuidou de mim...você é a primeira filha a cuidar de mim em minha vida...
-Mamãe, mamãe, eu te amo ! Me perdoa, por favor, me perdoa, por favooooor...
-Você também não vai se livrar de mim tão cedo, como seu pai...mas seu gesto agora significou muito para mim...e o que é dos filhos que uma mãe não perdoe?

(Por Continuar)

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