quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Episódio 186- Admirer Voyages !





Irisa empalideceu, e emudeceu após receber o olhar igualmente reprovador de Dina.
-Vamos, responda a ela, Irisa !É uma ordem !
Disse Dina, em tom enérgico.
-Perdão...Capitãs...
-Aaaah, mas é muito egoísmo, muito individualismo, muito egocentrismo, muito, muito mesquinho, Irisa ! Você deveria se envergonhar !
Irisa corou de vergonha e estava a ponto de chorar diante das palavras duras de Valéria!
Dina postou-se na frente de Irisa, furiosa:
-Você está a fim de voltar a seu castigo outra vez, não é, menina?Você tem noção da sua irresponsabilidade, e do risco que todas corremos?Olhe no que deu sua inconsequência ! E com que cara você irá encarar a Anne Paula agora, me diga?Me diga !
Irisa colocou as mãos no rosto, roxo de vergonha e desabou no choro inconsolável.
-Bom, ficar repreendendo não levará a nada e não trará PIA de volta.Sua insensibilidade e falta de empatia é aterradora...Dina, creia-me, criamos um monstro ! E pior, um monstro que não nos deixou outra alternativa senão criar outro monstro, pois sem Irisa não conseguiremos levar a cabo em tempo hábil nosso projeto !Mas antes, Irisa, olhe isto !
Valéria mostrou a câmara do quarto de Anne Paula, durante a noite, em que ela chorava sem parar.
-Pense, Irisa, pense nisto , pense nas consequências de seus atos para as pessoas antes de realizar seus desejos !
-Sim, Capitã Valéria...
-É, ok, vamos lá então, você irá nos ajudar a criar sua DEXIA , mas nós a monitoraremos de perto, especialmente na personalidade, para que não cries outro monstro insiseível e maquiavélico como você mesma. A personalidade dela terá de ser mais meiga e doce, sensível, mais humana, algo que você de fato provou não ser !
Disse Valéria.
Irisa, de cabeça baixa, concordou novamente. E, na verdade, nem tinha mesmo escolha. A nova Assistente não iria poder ter a personalidade que Irisa queria.
-Vamos então nos ater aos detalhes técnicos da operação. Eu vou convocar Isolda e Wendy para irem ‘a sua nave daqui a pouco iniciarem o projeto, e Irisa irá transferir para vocês o conteúdo do projeto dela.Pode começar o download, Irisa !
-Iniciando agora, Capitã Dina.Pronto, download terminado.
-Já recebemos e estamos fazendo o upload para nossos sistema, pronto, feito.Mais tarde iremos chamar a Irisa para fazer a transmissão de intervenção para atuar no projeto ‘a distância.
-Obrigada, Valéria. Irisa, está dispensada, volte quando a chamarmos.Eu e a outra Capitã vamos ter uma conversa privada agora, então nada de escutar, fui clara?
-Sim, Capitã Dina!
E Irisa sumiu.
O novo projeto significava mais trabalho para Isolda e Wendy, de novo.
Outra vez elas foram chamadas e tiveram de se teletransportar para a Exploiter, mas desta vez, o projeto era muito mais complexo, e não seria feito na Ponte, mas sim, no Laboratório de Informática da nave, que ficava quase no bico do disco, bem na frente, no último deck do disco.
Porém, havia um problema: desta vez, Anne Paula não queria colaborar.
A recusa dela foi tão forte, que Valéria não voiu outra alternativa, senão ir conversar com ela no quarto dela.
A Capitã da Exploiter chegou na frente do quarto e tocou o interfone.
-Oi, Anne, aqui é a Capitã, vim falar pessoalmente com você, posso entrar, por favor?
-A senhora é Capitã, não precisa de permissão para entrar em lugar nenhum da nave...
-Sim, mas eu respeito minhas comandadas...me deixe entrar, por favor...
-É uma ordem?
-Não, Anne, é um pedido...
-Por favor, me deixe em paz !Respeite o meu luto...
-Eu entendo o que está passando e respeito os seus sentimentos, Anne, mas é que é muito importante...
-Entende nada !Como vai entender, se nunca passou por isto?
Uma lágrima caiu de cada olho de Valéria, assaltada por lembranças amargas de seu passado...
-Passei sim ! Passei sim, pombas !Eu quando era mais jovem , tive uma filha, Cyntia, e eu a perdi, quando meu ex-marido a matou , com ciúmes, por que eu dava mais atenção ‘a ela do que a ele !Eu, ao contrário de você, perdi uma filha de verdade, de carne e osso, eu a vi ser dilacerada pelas mãos daquele monstro, ainda viva!Ela teve o tórax aberto, com as próprias mãos dele,na minha frente, e os gritos dela, os berros dela,o choro dela, a dor dela, e a tremenda surra que levei, em que quase morri, não saem da minha cabeça, não saíram nunca mais !Mesmo aquele monstro tendo sido preso e levado para o Planeta Prison,isto não a trouxe de volta! E hoje, exatamente hoje, faria dez anos que ela morreu !Você não sabe o que é ter uma filha morta em seus braçooooos...
Valéria caiu ajoelhada diante da porta fechada, colocou as mãos no rosto e começou a chorar desabaladamente.
Seguiram-se alguns momentos de silêncio.
Então, a porta se abriu.

(Por Continuar)

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