No dia seguinte, no início da tarde, Diana
anunciou do alto de seu cesto de vigia:
-Terra á vista !
-Muito obrigada, Diana !
-Por nada, Capitã!
-Juliette, vamos conferir no mapa que terra é
esta , lá na minha cabine !
-Sim, senhora, Capitã !
Ao chegar lá e desenrolar os mapas e após se
lembrar de sua última leitura do Astrolábio e da posição das estrelas, June
calculou sua rota e conferiu:
-A julgar pelos meus dados mais recentes e pelo
mapa, a terra que Diana avistou é a Ilha
do Espectro !
Os olhos de Juliette quase saltaram das órbitas,
de tanto que se arregalaram:
-Capitã, por favor, pelo amor de Deus, vamos
passar longe deste ilha ! Por favor, não nos faça aportar lá !
-Porquê?
-Aquela ilha é amaldiçoada, Capitã, tanta gente
já morreu lá, aquele lugar é um verdadeiro cemitério de piratas e marujos !
-Há !Eu não acredito nestas bobagens !
-Aquilo ali está cheio de fantasmas,eu juro,
Capitã !É lugar de mau-agouro!´
-Você já esteve lá,Juliette?
-Deus me livre !
-Então como pode jurar?Como pode dizer tudo isto?
-É o que se fala nas tavernas, Capitã !
-Oras, Imediata, e você acredita nestas bobagens
que se falam nas tavernas? O povo nelas está sempre bêbado, não falam coisa com
coisa !Nós vamos aportar lá sim, está decidido !
A angústia no olhar de Juliette era enorme!
E logo o navio se aproximou da temerária e famosa ilha.
Mesmo de dia, as falésias enegrecidas, as matas
de um verde escuro mórbido e o aspecto
selvagem e aparentemente deserto da ilha eram algo de assustador.
O Black Marlin foi circundando a ilha em busca de
uma praia adequada para fundear o navio.
Finalmente encontraram uma enseada de águas
profundas o suficiente para o navio não encalhar, mas não ficar muito longe da
praia.
-Long Legs Laura, lançar ãncora !
-Sim capitã !
Entre a tripulação, os cochichos ao pé do ouvido
eram generalizados:
-A Ilha do Espectro !A Ilha do Espectro !
Elas sussurravam entre si.
-Vivian e Raquel, preparar o bote !
-Sim senhora, Capitã !
Disseram as duas ao mesmo tempo.
-Quem, além da Juliette e da Long Legs Laura vem
comigo na primeira remessa?
Ninguém queria ir. Ninguém, exceto...Léa !
-Bah, bando de medrosas supersticiosas !Ainda se
dizem piratas, ora essa !
Reclamou June.
Logo as quatro já estavam no bote, com Laura nos
remos.
Na praia, um vento gelado e soturno soprava.
-Capitã, tem certeza que não quer desistir?
-Não, Imediata! Venha saia do bote! Ou vai querer
que a Laura te carregue como se fosses um fardo?
Relutantemente, Juliette desceu do bote e logo
todas estavam na praia.
Logo de cara, podia-se ver diversos esqueletos
brancos de baleias na praia. Outros bem menores, de focas e de peixes grandes,
jaziam espalhados pela praia de areias escuras.
-Eu não estou gostando disto, Capitã...
-Larga de ser medrosa, Imediata !Muito me admira
que alguém que já matou tanta gente como você tenha medo de ossos velhos !
-Olha só lá no alto da montanha !Tem uma rocha em
forma de esqueleto de cavalo !
-É por isto que esta ilha tem este nome, Laura !
Juliette estava grudada no braço de June.
-Me larga, mandriã ! Agora não é hora de namorar
não !
-Desculpe, Capitã.
-Vamos nos embrenhar na mata. Fiquem atentas, com
suas espadas na mão e mantenham suas pistolas prontas a atirar !Podem haver
animais selvagens nesta floresta.
E elas entraram.
-Tenho o pressentimento de que estamos sendo
vigiadas por alguém, Capitã !
-Eu também, Léa, mas vamos seguir em frente !
-Está ficando escuro, vamos nos perder!
-Fique tranquila, Imediata, gaivotas me biquem !
Repentinamente...
-Aaaaaaaaaaah !
Juliette gritou!
Espalhados pelo chão, dezenas de esqueletos
humanos jaziam inertes em meio aos arbustos. Podia –se contar ao menos uns
trinta!
-Calma, Imediata, quer me matar de susto !Depois,
seu grito pode chamar a atenção de alguma fera!
De fato, as meninas tinham razão. Alguém as
observava e as vigiava, com más intenções. Bem más !
(Por Continuar)
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