-Muito obrigada, Joanna !Nós amamos você !
E elas deram um beijinho em cada lado do rosto da
cozinheira, que sorriu de felicidade.
-Eu também amo vocês duas, bobinhas !De nada !
Mas não se esqueçam de agradecer ‘a Laura, que também ajudou !
-Muito obrigada, Laura! Amamos você também !
Laura levantou as duas do chão, uma em cada
braço, e também recebeu seus beijinhos no rosto.
-Oh, mas elas são uma gracinha, não são,
Juliette?
-São sim, Capitã !Elas alegram o navio !
-Muito bem, por favor, meninas, me emprestem a
garrafa, vamos ver o que tem dentro !
-Sim, Capitã !
Disseram as duas menininhas em uníssono.
June pegou a garrafa na mão, enquanto Laura
colocava as crianças no chão de volta.
-Está difícil de tirar esta rolha...
-Deixa comigo, Capitã! Força é comigo mesma !
Disse Laura, num sorriso autoconfiante.
Quase sem esforço, ela destampou a garrafa e a
entregou de volta.
Havia um papel dentro da garrafa, enrolado.
June o desenrolou e disse:
-Mas é um mapa !E tem coisas escritas nele !
Venham , crianças, Joanna e Laura, Juliette, vamos ver do que se trata!
Todas obedeceram a ordem de sua capitã e foram
para a cabine dela.
Defronte ‘a escrivaninha de June, o mapa foi
esticado e pôde ser olhado em minúcias.
-Aqui está escrito: “Para quem encontrar, este é
o mapa do Tesouro do Capitão Followay, na selvagem e perigosa Ilha da Danação !Nosso navio
naufragou e não tardo a morrer, como o resto da tripulação que seguiu o mesmo
destino, mas fica o mapa para o ganancioso que quiser lá se aventurar !”
-Ilha da Danação... só este nome já me dá medo,
Capitã...já não chega aquela ilha amaldiçoada que quase explodiu conosco nela
uns tempos atrás...
-É comum os Capitães darem estes nomes aos
lugares onde escondem seus tesouros, Imediata. Fazem de propósito para que não
tentem encontra-los !
-E como vamos recusar uma aventura destas,
Capitã?Vai ser bom para desenferrujarmos
os músculos e espantarmos a rotina !
-Isto mesmo, Laura, nós vamos lá sim ! Vamos
conferir este mapa com os que temos e traçarmos uma nova rota !
Juliette pegou os demais mapas e encontraram a
localização.
-Fica ‘a boreste daqui, Capitã. Calculo uns cinco
dias de viagem para chegarmos lá, aproximadamente.
-Maravilha, Imediata. Vá até a Bianca e dê as
instruções a ela da nossa nova rota !Vamos sair da minha cabine agora, que
todas temos trabalho a fazer, não garotas ?
-Sim, Capitã !
Disseram todas.
-Assim é que eu gosto !Que tripulação maravilhosa
!
Disse June, com um sorriso iluminado no rosto, e
acariciando os cabelos das menininhas.
Não demorou e logo o navio fazia uma larga curva,
mudando sua rota.
Mas de toda esta paz e alegria não compartilhava
o Belingerance.
O navio singrava célere em direção de um dos
navios militares ingleses enquanto Desirré, a filha do Capitão Lafitte, jazia
acorrentada ao pé da cama pesada de madeira maciça, pelo pé direito, olhando
pelos janelões da cabine do Capitão, totalmente entediada e triste. Estava com
seu vestido em frangalhos e sua roupa íntima idem, após ter sido violada
novamente pelo próprio pai, que a mantinha em cárcere privado, com as portas da
cabine trancadas ‘a chave, como sua escrava sexual.
A garota só conseguia sonhar com seu suicídio
para terminar toda aquela humilhação e sofrimento, pelo qual passava desde
criancinha, e mesmo faltando apenas alguns meses para completar dezoito anos de
idade, não via a hora de morrer e poder descansar.
Ah, ela queria tanto poder abrir os janelões e
saltar ao mar e se afogar! Ou quem sabe ser devorada viva pelos
tubarões...seria melhor, pensava ela, do que ser estuprada mais uma vez!
Todas as noites ela ficava apavorada, pois sabia
que ele iria querer violenta-la de novo, e de novo, a vida inteira.
E sabia que reagir era pior, tentar se defender
era temerário, não só pelas surras homéricas, mas várias vezes que ela o
desobedeceu, Lafitte a ofereceu nua para a tripulação inteira, que a estupraram
em série, e mais de uma vez, por pouco não morre!
O horror de ser estuprada por ele era ainda maior
do que o de ser estuprada por aqueles setenta homens fedorentos e sedentos de
sexo, seres nojentos e abjetos sem nenhuma moral, simples monstros como o pai dela.
E ela se perguntava, em seu drama, o que fizera
de tão ruim na vida para merecer tamanho castigo !
Mas fora da cabine, a ação fervilhava.
(Por Continuar)
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