domingo, 19 de fevereiro de 2017

Episódio 4 - As Piratas também Sonham:O destino do Belingerance !





-Muito obrigada, Joanna !Nós amamos você !
E elas deram um beijinho em cada lado do rosto da cozinheira, que sorriu de felicidade.
-Eu também amo vocês duas, bobinhas !De nada ! Mas não se esqueçam de agradecer ‘a Laura, que também ajudou !
-Muito obrigada, Laura! Amamos você também !
Laura levantou as duas do chão, uma em cada braço, e também recebeu seus beijinhos no rosto.
-Oh, mas elas são uma gracinha, não são, Juliette?
-São sim, Capitã !Elas alegram o navio !
-Muito bem, por favor, meninas, me emprestem a garrafa, vamos ver o que tem dentro !
-Sim, Capitã !
Disseram as duas menininhas em uníssono.
June pegou a garrafa na mão, enquanto Laura colocava as crianças no chão de volta.
-Está difícil de tirar esta rolha...
-Deixa comigo, Capitã! Força é comigo mesma !
Disse Laura, num sorriso autoconfiante.
Quase sem esforço, ela destampou a garrafa e a entregou de volta.
Havia um papel dentro da garrafa, enrolado.
June o desenrolou e disse:
-Mas é um mapa !E tem coisas escritas nele ! Venham , crianças, Joanna e Laura, Juliette, vamos ver do que se trata!
Todas obedeceram a ordem de sua capitã e foram para a cabine dela.
Defronte ‘a escrivaninha de June, o mapa foi esticado e pôde ser olhado em minúcias.
-Aqui está escrito: “Para quem encontrar, este é o mapa do Tesouro do Capitão Followay, na selvagem  e perigosa Ilha da Danação !Nosso navio naufragou e não tardo a morrer, como o resto da tripulação que seguiu o mesmo destino, mas fica o mapa para o ganancioso que quiser lá se aventurar !”
-Ilha da Danação... só este nome já me dá medo, Capitã...já não chega aquela ilha amaldiçoada que quase explodiu conosco nela uns tempos atrás...
-É comum os Capitães darem estes nomes aos lugares onde escondem seus tesouros, Imediata. Fazem de propósito para que não tentem encontra-los !
-E como vamos recusar uma aventura destas, Capitã?Vai ser  bom para desenferrujarmos os músculos e espantarmos a rotina !
-Isto mesmo, Laura, nós vamos lá sim ! Vamos conferir este mapa com os que temos e traçarmos uma nova rota !
Juliette pegou os demais mapas e encontraram a localização.
-Fica ‘a boreste daqui, Capitã. Calculo uns cinco dias de viagem para chegarmos lá, aproximadamente.
-Maravilha, Imediata. Vá até a Bianca e dê as instruções a ela da nossa nova rota !Vamos sair da minha cabine agora, que todas temos trabalho a fazer, não garotas ?
-Sim, Capitã !
Disseram todas.
-Assim é que eu gosto !Que tripulação maravilhosa !
Disse June, com um sorriso iluminado no rosto, e acariciando os cabelos das menininhas.
Não demorou e logo o navio fazia uma larga curva, mudando sua rota.
Mas de toda esta paz e alegria não compartilhava o Belingerance.
O navio singrava célere em direção de um dos navios militares ingleses enquanto Desirré, a filha do Capitão Lafitte, jazia acorrentada ao pé da cama pesada de madeira maciça, pelo pé direito, olhando pelos janelões da cabine do Capitão, totalmente entediada e triste. Estava com seu vestido em frangalhos e sua roupa íntima idem, após ter sido violada novamente pelo próprio pai, que a mantinha em cárcere privado, com as portas da cabine trancadas ‘a chave, como sua escrava sexual.
A garota só conseguia sonhar com seu suicídio para terminar toda aquela humilhação e sofrimento, pelo qual passava desde criancinha, e mesmo faltando apenas alguns meses para completar dezoito anos de idade, não via a hora de morrer e poder descansar.
Ah, ela queria tanto poder abrir os janelões e saltar ao mar e se afogar! Ou quem sabe ser devorada viva pelos tubarões...seria melhor, pensava ela, do que ser estuprada mais uma vez!
Todas as noites ela ficava apavorada, pois sabia que ele iria querer violenta-la de novo, e de novo, a vida inteira.
E sabia que reagir era pior, tentar se defender era temerário, não só pelas surras homéricas, mas várias vezes que ela o desobedeceu, Lafitte a ofereceu nua para a tripulação inteira, que a estupraram em série, e mais de uma vez, por pouco não morre!
O horror de ser estuprada por ele era ainda maior do que o de ser estuprada por aqueles setenta homens fedorentos e sedentos de sexo, seres nojentos e abjetos sem nenhuma moral, simples monstros como o pai dela.
E ela se perguntava, em seu drama, o que fizera de tão ruim na vida para merecer tamanho castigo !
Mas fora da cabine, a ação fervilhava.

(Por Continuar)

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