quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Episódio 24-Neanderthal 2:Transição de Sangue!



Ainda impressionada e aturdida com sua experiência, Kirilla se levantou da mesa de pedra, toda suja de fuligem e cinzas.
Pegou sua lança e seu archote e , insegura e amedrontada, fez o caminho de volta até a boca da caverna.
Depois foi se encontrar com Karanna.
-E aí, como foi? Matou as saudades de sua infância?
-Prefiro não tocar no assunto, se não se importa...
Respondeu Kirilla, com semblante soturno.
-Estou com fome...
-Eu também, Karanna. Então vamos colher umas frutas das árvores próximas e procurar algum animal pequeno para caçarmos !

Pegaram suas armas e foram até uma florestinha próxima.Lá coletaram frutas, ovos de aves, mataram um cervo comum, magro e desgarrado, e o levaram para a caverninha.
Não demorou, estavam jantando.
Como de costume, por precaução levaram o que restou da carcaça para longe da caverna e voltaram para próximo da segurança da fogueira.
E lá, na caverninha, dormiram.
No dia seguinte, pela manhã, Kirilla levou Karanna para um pequeno “tour” pelo vale, mostrando os locais onde tiveram lugar diversas passagens da vida de Kros-Ganik. Um deles, era uma pequena caverna no alto de uma montanha, bem pertinho, onde havia uma lagoa rupestre de águas límpidas.
-Aqui, Karanna, que meus pais fizeram amor pela primeira vez para eu nascer! Muitos anos mais tarde, antes de eu ir embora, meu pai me levou aqui, e me banhei nestas águas.
-E?
-E não aconteceu o que voc~e está pensando, sua boba. Ele virou as costas para mim e saiu da caverna enquanto eu me banhava e só voltou quando eu me vesti! E não, ele não ficou me olhando!
-Eeee, mas eu não disse nada...
-Mas insinuou, não é?
-Deixa de ser maldosa, Kirilla...vamos aproveitar que estamos aqui e nos banharmos aqui então !
Kirilla aceitou e as duas se divertiram brincando nas águas.
Depois voltaram para a caverninha.
-Karanna, eu resolvi que não ficaremos muito tempo aqui!
-Mas me pareceu tão agradável !
-É, mas aqui quase não há caça para nós, e eu acho que já me lembrei demais da minha infância. Amanhã seguiremos viagem !
-Que pena...tudo bem então !
-Então vamos caçar de novo, que já estou ficando com fome !
-Vamos lá !
E lá se foram elas, para a florestinha novamente.
Repentinamente, Kirilla estacou.
-Oh,oh !
-O que foi , Kirilla?
A garota mais velha apontou para a garota mais nova uma série de pegadas ainda frescas.
-Huuum, não estou gostando disto !
-Nem eu...são lobos ! E pelo visto, a julgar pelo tamanho das pegadas, lobos gigantes !E nunca é um só, eles sempre andam em bandos !
-Kirilla, eu estou com medo, vamos embora daqui, depressa !

-Eles ainda não sentiram nossos cheiros.Mas não demorarão a nos encontrar, se já tiverem visto nossas pegadas, e devem estar famintos !
Agora que Karanna ficou apavorada mesmo!
-Mas...ei...ali tem outras pegadas, e um rastro de sangue !
-Pegadas de...
-Garras Grandes, e a julgar pelo tamanho das pegadas, é um filhote desgarrado !Bom, vá lá, um adolescente, ainda não é um adulto !
-Não terá a menor chance !
-Não mesmo, mas nós teremos, se aproveitarmos que eles estarão distraídos com ele !Vamos sair da floresta, mas pisando exatamente em cima das nossas pegadas, para confundi-los, vem !
Assim fizeram.
E tão logo saíram da floresta, ouviram os uivos aterradores, e o lamento do Eremontherium, que logo estava morto. Os lobos se refastelaram nele.
Elas voltaram para a caverna e a proteção da fogueira, ainda acesa, e trataram de reforça-la.
-Ah, agora sim, estamos seguras !
-Não conte com isto !Aquele Garras Grandes não os deterá por muito tempo, e também não os alimentará muito. Eles são espertos e logo nos descobrirão!Vamos nos armar com tochas e ficar de vigília, com certeza seguirão nosso rastro e nos atacarão aqui !
-Ai, não !Estou apavorada !
-Medo não adianta agora. Teremos de lutar por nossas vidas e , se com nós duas nossa chance já é pouca, imagine eu sozinha !Mas anda, vamos ao menos comer as frutas que colhemos, nos dará alguma força !
Elas tinham reforçado tanto a fogueira, que ela tomava quase toda a frente da caverninha.
E de fato, Kirilla tinha razão. Os Lobos gigantes já tinham terminado de devorar  o filhote de preguiça gigante, mas queriam mais, continuavam com fome, e não tardaram a encontrar o rastro das meninas.
Já faltava apenas uma hora e meia para escurecer, quando eles chegaram na frente da caverninha, e eram duas dezenas. Enormes, ferozes e famintos, donos de um apetite insaciável, com um olhar assustador, eles uivavam e rosnavam na frente da caverna, prestes a atacar!
Acuadas, as meninas armadas de tições incandescentes, atacavam os mais afoitos, impedindo -os de entrar na caverna.
As duas estavam apavoradas, mas lutavam por suas vidas, e as feras não se intimidavam com o fogo alto, tentando passar por ele e se queimando.
-não vamos aguentar por muito tempo !Eles não desistem !
Disse Karanna.
-Aguente firme, e não pare de atacar !
Disse Kirilla queimando o focinho de mais um, que ganiu de dor.
Mas elas , após minutos de luta constante, estavam ficando fracas e cansadas. E preocupadas, por que sabiam que a tática dos lobos era vencer pelo cansaço, e ela também sabiam, como os lobos também sabiam, que a fogueira não duraria para sempre.
Então...
-Rwaaaaaaaorrrrrrrr !
-Eu conheço este rugido ! É uma Morte de Dentes Longos !
-Ai, Kirilla, já estava horrível, e agora ficou pior !
Na verdade, ao menos por enquanto, ficara melhor.
Os lobos ouviram o rugido e se voltaram para trás, e lá estava o Homotherium e sua dentuça afiada, rugindo.
Eles o atacaram, e uma verdadeira guerra começou em frente da caverna.
-Eu conheço esta Morte de Dentes Longos ! É o Karajjar !
Sim, era o homotherium que elas tinham salvo quando filhote, que estava pagando, com sua vida, sua dívida de gratidão para com elas.
O heroico felino conseguira a façanha de matar oito lobos até enfim sucumbir e ser despedaçada viva.
Kirilla e principalmente Karanna, choraram ao ver a cena!
As garotas tinham conseguido matar dois lobos também, então ainda restavam dez, que voltaram ‘a carga e a luta delas pela vida recomeçou.

(Por Continuar)

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