sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Episódio 32- Neanderthal 2: Transição de Sangue !





A água era límpida e clara, e dava para ver os peixes nadando no rasinho, o que deixava as duas encantadas, pois era absoluta novidade para elas.
Kirilla então tentou apanhar algum com sua lança, mas eles eram muito ágeis e rápidos para serem  atravessados pela lãmina da arma.
Karanna viu então algumas algas no raso e começou a brincar com elas.
Um camarão ficou enroscado na alga e um peixe veio comer.
A menina então, brincando, puxou a alga, mas o peixe não largou sua presa.
Ela então, instintivamente puxou com força e a jogou para trás.
O peixe voou para fora da água e caiu na areia, e começou a se debater, morrendo sufocado.
Kirilla observara tudo, e, curiosa, foi ver o peixe, que rapidamente morreu.
Não tinha mais que vinte centímetros  de comprimento, mas já era um tira-gosto.
Ela viu que Karanna continuava brincando de atormentar os peixes com a alga, e resolveu entrar na brincadeira também, depois de levar o peixe para a caverna.
Só que ela teve uma idéia: abriu o peixe, o descamou, cortou alguns pedacinhos de da carne dele eusou pequenas agulhas de osso para prender  as carnes nas algas, e então, a cada vez que um peixe mordia a isca, ela o jogava na praia- tinham aprendido a pescar !
Ao anoitecer, mais de uma dezena de peixes pequenos e médios tinham sido pescados, e complementaram a refeição da noite!
E aquela descoberta logo se tornaria crucial para a sobrevivência daquela pequena população, pois os dias foram se passando e ficando cada vez mais frios, e agora só restavam oito homens e seis mulheres, mais o bebê de Kirilla.
Com tão pouco efetivo, foi necessário se recorrer cada vez mais ‘a pesca, e um belo dia, foi a vez de Ran Atok dar sua contribuição: ele percebeu que os espinhos  de peixe eram flexíveis, e melhores para segurar a carne com mais eficiência do que as agulhas de osso- estava inventado o anzol !
Agora a pesca era mais eficiente, e graças a ela, evitaram de passar fome.
Mas os tempos eram duros, os peixes eram pequenos, e ainda não substituíam completamente a carne vermelha, então, não teve jeito, depois que a filha de Kirilla desmamou, tiveram de aceitar que ela caçasse junto com os homens.
Ela ensinou outras mulheres a caçar, e agora só ficavam na caverna Karanna, a Matriarca e mais uma mulher. O resto ia caçar.
E tinham de ir cada vez mais longe e ficava cada vez mais perigoso, já que estavam em poucos, e estava claro: logo a quantidade  de caçadores ficaria insustentável, pois virava e mexia, morria mais um.
Até que o inverno recrudesceu de vez, e agora até pescar era um sacrifício.
Assim, estava Kirilla, Karanna e Kayawa pescando numa ponta distante da praia, já que Ran Atok achara melhor que Kirilla ficasse, pois temia que ela morresse nas caçadas, cada vez mais perigosas, já que quanto menos presas havia, mais predadores apareciam.
E, naquele dia, ocorreu o inesperado:
Um bando de leões das cavernas encontrou a praia e, atraídos pelo cheiro de comida, invadiram a caverna dos Homo sapiens.
Foi um massacre !
Os poucos homens bem tentaram enfrenta-los com tições e lanças, mas foram  dilacerados impiedosamente por caninos e garras afiadas !
Quando as três voltavam, ouviram os rugidos temíveis!
-Ah, não...venham, vamos para o outro lado antes que nos vejam e nos farejem !
As três, apavoradas, correram na direção contrária, dobrando um a ponta  de rocha, até que acharam, uma outra praia, com mais cavernas, do outro lado.
Entraram em uma delas que tinha uma câmara de passagem estreita, escavada pelo mar em rocha sólida.
Por ali, nem uma cabeça de leão passaria, e elas mesmas mal conseguiram passar, por pouco não entalando.

Dormiram naquela caverninha por uma noite, e no dia seguinte, voltaram ‘a caverna  dos Homo sapiens.
Encontraram homens e mulheres destroçados, já virando carniça. E , numa pequena câmara apertada e escondida, refugiara-se Ran Atok, o único sobrevivente.
Porém, as pegadas  de leões eram frescas, o que significava que poderiam voltar a qualquer momento, então resolveram voltar para a outra caverna no outro lado da praia, que os leões ainda não conheciam.Agora eram só Ran Atok, KIrilla, Karanna e Kayawa.
-Como faremos agora?Somos só três, pois nossa filha é um bebê ainda...e se os leões nos acharem aqui?
-Não poderemos ficar aqui por muito tempo, Ran Atok.Eles vão acabar descobrindo nossa trilha e nos pegando, teremos de viajar e procurar um kugar mais seguro...
-Mas Kayawa é muito novinha, não vai aguentar os rigores do inverno, e a fome que a gente passa nas viagens...
-Não tem jeito, teremos de ficar aqui até o inverno melhorar e nossa filha crescer um pouco mais...
A dúvida campeava na mente de Kirilla: se ficassem, os leões poderiam acha-los, e fugissem, Kayawa poderia morrer, e eles também se encontrassem bandos de animais ferozes.Se aoo menos tivesse mais gente !
-Bom, vamos ficando por aqui, enquanto vamos pensando numa solução, e tomara que eles não nos encontrem tão cedo!Como somos poucos, vamos caçar apenas peixes, vamos evitar ao máximo de caçar por enquanto.
Disse Karanna.
Porém, no dia seguinte, os quatro acordaram sobressaltados ao amanhecer: eles conheciam aqueles rugidos: eram de um grupo de leões das cavernas e de um temerário urso gigante!
Eles se esconderam na cãmarazinha secreta até os rugidos silenciarem.
Depois, Ran Atok armou-se de coragem e foi na direção dos rugidos ver o que tinha acontecido.
Encontrou um leão e quatro leoas mortas na praia, e um urso gigante cambaleante e semi destroçado, todo estraçalhado, se arrastando na praia até cair. Estava morto !
Os dias se passaram e nunca mais se encontrou pegadas de leões, apenas das hienas gigantes que se refastelaram com as carcaças dos mortos, o que mostrava que o perigo do bando de leões passara.
As hienas, todavia, depois que as carcaças foram devoradas, sumiram e nunca mais apareceram.
E assim, foram levando a vida na nova caverna.
Mas Kirilla não desistira de seu plano de ir embora dali.
Esperava só o inverno amainar, e enquanto isto, Kayawa crescia, e agora já  aprendera a falar e já caminhava sozinha, completara três anos de idade.
Mais tr~es anos se passariam, para enfim, oinverno ceder e o sol brilhar, e as temperaturas ficarem mais amenas, e a neve derreter.
Agora Kirilla já pensava em viajar, pois, achou ela, com seis anos Kayawa já seria capaz de enfrentar uma viagem.
Porém, naquele mesmo dia, estavam todos na praia pescando, e Ran Atok resolvera ir aventurar-se mais para o fundo, co a água batendo no peito.
Porém, o peixe que ele vira não era presa, era predador. A tétrica barbatana para fora da água se aproximou dele em velocidade, e Karanna soltou um grito de terror!
O que elas viram parecia se dar em câmara lenta: o tubarão, enorme, com mais de dois metros de comprimento, mordeu Ran Atok no ventre, que se abriu e se rasgou, liberando seus intestinos na água em meio a uma nuvem de sangue !
-Ran Atok...Nãaaaaaao !
Gritou, desesperada, Kirilla.
Ao ver que uma miríade de tubarões apareceram despedaçando o corpo dele ainda vivo, ela imediatamente retirou-se da água e tirou as outras duas da água também.
Ran Atok, como as outras, nunca tinha visto um tubarão na sua vida, e não tivera noção do perigo, e pagara com sua vida por isto. Estava morto !

(Por Continuar)

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