quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Episódio 29- Neanderthal 2: Transição de Sangue !






Não havia tempo a perder, pois os  animais necrófagos e os predadores não iriam esperar, então, todos começaram a escavar uma vala rasa comum para enterrar os mortos. As mulheres encontraram plores por perto para decorarem os corpos e foi jogada terra por cima, e o Chefe, que também era Xamã, fez uma brevíssima b~enção deles e depois correram atirar os pedaços de carne que puderam do búfalo e levaram para longe dali, cerca de uns setecentos metros, onde acharam um pequeno platô pedregoso. Ali juntaram a lenha, acenderam o fogo e começaram a cozinhar a carne na fogueira.
Como sempre faziam, comeram o mais rápido que puderam, aproveitando-se de que as Jienas Gigantes estavam ocupadas a devorar a carcaça do búfalo.
Depois, já de estômago cheio, o Chefe ordenou que continuassem viagem e seguiram no rumo Norte, em direção ao Mar.
Agora a situação ficara complicada pois tinham seis homens a menos para caçar, o que diminuía a eficiência das caçadas e os expunha mais vulneráveis a animais caçadores que viviam em bandos.
Procuravam afastar-se tanto dos herbívoros como dos carnívoros, evitando cruzar seu caminho, e com atenção redobrada para ver se não tinha ninguém os seguindo. Por precaução, vários deles carregavam tições em suas mãos, para o caso de algum predador mais atrevido aparecer.
Mas eles tiveram sorte.
O terreno de capim enfim começou a dar lugar a um rochoso, e depois, arenoso.
Eles chegaram então aos montes de rochas nuas, e os contornaram, para então descobrirem uma série de cavernas de tamanhos generosos, mais do que suficientes para os abrigar.
Á frente das cavernas havia uma faixa de areia da praia, muito extensa, com mais de trezentos metros de largura, e depois vinha o grandioso mar.
Inicialmente, eles nem repararam, pois a prioridade deles era encontrar um abrigo seguro.Eles exploraram as cavernas para ver se não tinham donos, pois poderiam ser abrigos para felinos dentes de sabre, ursos gigantes, lobos gigantes, hienas gigantes e leões das cavernas, mas felizmente, estavam desocupadas.
Escolheram uma delas pela entrada mais estreita e por terem algumas câmaras de difícil acesso para animais grandes, onde poderiam se esconder.
Não muito  longe dali, na campina atrás dos morros, havia lenha ‘a vontade, de modo que poderiam fazer suas fogueiras sem dificuldades.
Finalmente podiam descansar agora!
Mas Ran Atok estava inconsolável, e seu pranto era contínuo.
Kirilla condoeu-se dele e procurou  tentar  aliviar seu sofrimento com atenção e carinho, e abraçou-o.
Mas tal atitude chamou a atenção de todos, então ela teve uma idéia.
Pegou-o pela mão e o levou a uma das cãmaras isoladas  e escondidas.
Lá , dispondo de privacidade, beijou-o na boca, e então, ali , no escuro, desnudou-se completamente.
Não demorou, incentivado pelos carinhos e carícias dela, ele entendeu as intenções dela e logo os dois estavam fazendo amor, e , eis que pois, o coito consumou-se.
Agora era um tempo de sossego, e nos dias posteriores aquele povo foi se organizando e montando sua vida diária, e foram caçando, e vivendo suas vidas.
Porém, Kirilla começou a se sentir diferente e vira que sua menstruação não vinha.
A anciã dos Homo sapiens, a mais velha mulher do grupo, não teve dúvidas:
-Você está grávida, Kirilla!
-Grávida, eu?
-Sim, em breve sua barriga vai crescer e terás um filho, ou filha.Com quem o fizestes?
-Com Ran Atok...
-Então agora serás dele, ele terá a posse sua e de seu filho, são as tradições de nosso povo!
-Eu não sou, nem serei de ninguém ! Ninguém me tem só por que fez um filho comigo, e não me deitei com ele para ter filhos, me deitei com ele para consolá-lo por que ele estava triste com a perda do irmão e fiquei com dó dele !
-Mas aconteceu, e o resto é consequência, inevitável, sempre foi assim...
-Não é inevitável, e não é por que sempre foi assim, que continuará sendo !
-Conseguirás caçar sozinha, com barriga grande? Como vai enfrentar um urso, um leão, um leopardo, sem os homens, e prenhe?
-Ele é meu amigo, não meu dono. Se ele me quiser ajudar , ótimo, mas não poderá mandar em mim, nem sair anunciando a minha posse para todo o povo!
-Se ele não fizer isto, outros homens vão querer se deitar com você, minha jovem, e homem nenhuma aceitaria não ter sua posse tendo filhos com você!
-Ran Atok aceitará, tenho certeza. Ou senão, nunca mais terá o meu favor, meu amor, meu carinho, serei uma completa desconhecida para ele.
-Minha jovem,ouça a quem já é avó, não vá por este caminho, esta trilha só lhe trará infortúnio...
-Não, eu não sou uma conformada ! Vou falar com ele assim que ele voltar da caçada!
E Kirilla saiu da caverna e começou a caminhar sozinha pela orla da praia, até encontrar um rochedo ‘a beira mar.
Até então , estivera tão compenetrada em organizar sua vida na caverna, que nem prestara atenção no mar, sequer olhara para aquele lado.
Mas agora, de pé em cima do rochedo, que tinha uns dez metros de altura, ela pela primeira vez em sua vida vislumbrava o Mar, com os cabelos flutuando ao vento.
-Então, este é o Mar... meu pai falou dele quando eu era criança, e o descreveu como um rio que não dava para ver a outra margem, mas na verdade ele  nunca vira o mar, só Fros-Hostorn. Só que...é impossível descrever, é lido demais, eu não tinha idéia de que algo pudesse ser tão grande como o céu assim !
Ela se sentou de pernas cruzadas, abraçou as próprias pernas e olhou o horizonte, e disse para si mesma:
-Qual será o meu futuro?O que espera por mim?

(Por Continuar)

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