quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Episódio 33 (último)- Neanderthal 2:Transição de Sangue !


Uma vez na segurança da areia, Kirilla abraçou sua filha e Karanna, e as três choraram uma no ombro da outra.
Agora estavam por suas próprias contas e riscos, e Kayawa ainda era uma criança, ainda não teria como caçar e ainda teria de ser protegida.Há muito, Karanna não via e sentia sua vida tão rofundamente mergulhada em incertezas como agora !
Fora o almoço mais triste da vida delas, e Kirilla decidiu-se, logo após todas terminarem a refeição, a ir embora daquelas paragens de morte!
Traumatizara-se com o Mar e não queria vê-lo nunca mais em sua vida.
Assim, naquele mesmo comecinho de tarde, as três pegaram suas coisas e partiram numa viagem sem rumo. Seguiam desanimadas pela costa, pois não sabiam se no interior não encontrariam predadores.Queriam apenas um refúgio seguro onde pudessem viver e Kayala pudesse crescer em segurança.
Mas ver o mar constantemente incomodava a Kirilla terrivelmente, pois a toda hora lhe vinham lembranças da trágica morte de Ran Atok.
Por fim, a praia terminou num imenso rochedo, e finalmente descobriram que havia uma passagem , em rampa inclinada, mas possível de escalar até para uma criança, pela lateral.Era uma rampa natural, que conduzia a um platô  rico em capim e árvores, e do alto dele, se podia ver o mar no precipício lá em baixo.
As árvores era frutíferas e elas, já com fome, puderam se saciar nas frutas abundantes.
O platô tinha um formato mais ou menos retangular, e tinha aproximadamente dois quilômetros por um , e quando chegaram ao fim dele, outra rampa pedregosa foi descoberta, conduzindo para um istmo, cuja ligação da ilha com o continente por terra ficava submerso durante a noite e exposto durante o dia.
A ilha era grande com capacidade tranquilamente para abrigar uma população humana. E tinha bosques, montanhas, riachos e cavernas nela. Parecia segura e tranquila, com todo o necessário para viver bem ali.
Porém, estavam todas cansadas e resolveram acampar no platô mesmo naquela noite.
Elas viram enormes Gliptodontes escavando a terra em busca de raízes, então resolveram segui-los para coletar as muitas raízes de batatas que eles deixavam para trás, e depois fazer uma fogueira e assá-las.
A não ser pelos ancestrais gigantescos dos tatus, parecia que nenhum outro animal tinha descoberto aquela região ainda.
No dia seguinte, rumaram para a ilha.
Ali, pareciam ter prosperado apenas pequenos animais, e não havia sinais de grandes predadores-ou, pelo menos, acharam que não teria.
Encontraram, perto da costa, uma caverna adequada, nem grande , nem pequena demais .Kirilla não queia mais ver o mar e prometera a si mesma nunca mais pescar ou comer peixe, mas não tinha jeito, a caverna dava vista para o mar, então resolveu ignorá-lo.
Elas se instalaram na caverna, mas logo descobririam, em suas caçadas, que havia predadores lá sim: leopardos,e uma espécie de felino dentes de sabre menor que o Homotherium- era o Megantereon!
Enquanto o primeiro era do mesmo tamanho ou maior que um leão, o segundo tinha o tamanho de um leopardo, bem menor, o que não significava que não fosse perigoso. Mas ao menos não vivia em bandos, era um caçador solitário de emboscada , e por ser menor, era mais fácil de Kirilla enfrenta-lo.
Assim, o tempo passou, e Kayawa foi crescendo e agora já tinha quatorze anos, e já fora ensinada a caçar e aprendeu com a mãe todas as táticas, e como depelar e descarnar animais.
E também aprendeu a interpretar o olhar dos animais e recebeu os ensinamentos passados a ela por Kros Ganik.
Kayawa agora era uma moça bonita, que tinha traços tanto Neanderthal como de Homo sapiens, seu rosto era um exato meio termo entre os dois. Sua pele não era tão clara como de sua mãe, mas também não era tão escura como de seu pai. Sua estatura estava a meio caminho entre  a média dos Neanderthal e os Homo sapiens.Ela logo se revelara muito inteligente e crescia rápido. Porém, não era tão musculosa, nem tinha ossos tão fortes quanto os de sua mãe, e conservada belos olhos verdes,e seus cabelos eram em um tom de marrom.
Era muito jeitosa e carinhosa, e conseguia manipular objetos menores e mais delicados com mais facilidade que a mãe, devido a seus dedos mais compridos e finos.
Com ela, uma Transição de Sangue se completava, era o início da miscigenação que um dia geraria o Homo sapiens sapiens, substituindo tanto os Neanderthal como os Homo sapiens arcaicos.
Quando Kayawa  se tornou adulta, alguns anos depois, Kirilla já estava ficando velha, e agora era a filha quem caçava para a mãe, enquanto Karanna cuidava dela.
Foi quando um contingente de Homo sapiens nômades chegaram na ilha.Bem a tempo, pois mais e mais animais predadores descobriam e chegavam lá também, tornando as caçadas por demais perigosas e arriscadas.
Kirilla e Karanna, porém ficaram muito tristes em saber que aqueles nômades não tinham encontrado mais nenhum Neanderthal em toda a sua jornada e que fazia anos que não viam mais um.
Assim, um novo Povo nascia, logo Kayawa se apaixonaria, engravidaria, e teria ela mesma um filho. Karanna ajudou com esta nova geração, mas já estava ficando idosa demais para isto, e morreu numa queda.
Agora Kirilla também já estava velha, e, e desgostosa com o falecimento de sua velha companheira de tantos anos, se entregou  e  acabou por morrer dormindo.
Assim, Kayawa e seu novo povo foram vivendo, e por fim deixaram a ilha , já pequena para tanta gente, e se espalharam pelo continente.
Kirilla e Karanna foram as últimas Neanderthal do planeta- a Extinção enfim tinha terminado !


                                         FIM

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