domingo, 7 de janeiro de 2018

Episódio 25- Neanderthal 2: Transição de Fogo !





Novamente, tudo parecia perdido, e eles se aproximavam cada vez mais e ficavam mais e mais ousados, enlouquecidos pela fome.
Foi então que ouviram zunidos grossos, bem conhecidos.
-São lanças ! De Ke- Gemmar !

Vários lobos caíram mortos e os demais fugiram correndo.
Logo surgiam  duas dúzias  de homens e mulheres Homo Sapiens. Dois daqueles rostos eram conhecidos:
-Ran-Atok ! Lur- Okow ! Eu não acredito !
Disse Kirilla, ao correr para abraça-los !
-Podemos entrar?
-Claro, Ran Atok, venham todos, se sentar ao nosso lado na fogueira !
Disse Karanna.
Eles entraram e a caverninha ficou lotada.
-Estamos muito felizes em revê-los, muito obrigada por nos salvarem !
-De nada, imagine, Kirilla !
-Nos conte o que aconteceu com vocês , Ran Atok !
-Então, fomos expulsos do seu povo, Karanna, e vagamos por muito tempo por aí, até que encontramos nosso povo Ka-Gigur, também fugindo do Grande Frio!E nesta fuga, seguindo os animais que também fugiam, encontramos a vocês por acaso !
-Que bom, nós também passamos por muitas coisas e temos muito a contar, mas teremos tempo ‘a vontade para isto.
-Com certeza, Kirilla. Deixem-me apresentar o Chefe de nosso povo, Ren Torok !
-Olá ! Disseram as duas para o senhor que estava ao lado dos dois amigos de Karanna e Kirilla.
-Olá ! Tiveram muita sorte em sobreviver até aqui, e em especial, hoje. Bom, mas deve estar todo mundo com fome, e hoje, infelizmente, não há muito o que escolher, então teremos todos de nos contentar com carne de lobo gigante !
-Sem problemas, já comemos até carne de morcego, para nós não há problemas!
-Excelente, Kirilla.Bom, mas esta caverna é pequena demais para tanta gente, então  iremos dormir na outra ao lado, que é bem maior!
-Descilpe, Ren Torok, mas naquela caverna maior nós duas não dormiremos de jeito nenhum!
-Por que não, Kirilla?Parece uma boa caverna...
-Deixa que eu respondo...ela é amaldiçoada, chefe...cheia de maus espíritos !
-Ah, nós não acreditamos nos maus espíritos de vocês... mas sem problemas, vamos nos dividir então: temos  seis mulheres dentre nós, então elas ficarão aqui com vocês, e mais quatro homens para ajuda-las caso algum perigo apareça. O restante de nós dormirá na outra caverna.
E assim foi feito.
Agora, em dez pessoas, Kirilla e Karanna se sentiam mais seguras, e saber que tinha mais gente na caverna ali ao lado, era também uma forte de tranquilidade.
Assim, foram feitas duas fogueiras, uma em cada caverna, e as carnes dos lobos gigantes mortos foi distribuída entre as duas populações.
Todos comeram e depois colocaram-se a dormir.
Claro, havia uma certa insegurança das duas de ter de dormir tendo homens desconhecidos dormindo ao lado delas, já que Ran Atok e Lur Okow tiveram de ficar na outra caverna.
Mas como na caverninha os homens estavam em minoria (oito mulheres para quatro homens), na verdade o perigo não era assim tão grande.
Finalmente podiam dormir com mais segurança e tranquilidade.
No dia seguinte, os homens saíram para caçar, e , apesar de explicado que elas caçaram o tempo todo sozinhas, o chefe não as deixou ir com seus homens. Mudavam os povos, mas o machismo era o mesmo !
Kirilla então aproveitou a tranquilidade para mostrar para Karanna algo que ainda não tivera tempo de mostrar: a árvore em cima da colinha, que ficava sobre a lateral do teto da caverna maior, onde, há muito tempo atrás, Kros Ganik se sentava para observar seu povo, os animais e pensar!
-Era aqui, Karanna, que ele fazia as reflexões dele, e onde Fros-Hostorn lhe ensinava seus conhecimentos !
-Uh, há uma vista fantástica do vale aqui, impressionante ! E que sombra generosa !
-Pois então, agora está tudo deserto, por causa do frio, e da neve, ainda que agora esteja mais ameno e suportável, mas não sabemos até quando isto ficará assim!
Foi quando uma mulher Homo Sapiens chegou até elas, presumivelmente, de meia idade.
-Meninas, eu e outras mulheres vamos pintar animais na parede da caverna, gostariam de aprender como se faz? Meu nome é Rigella.
-Uh, eu já tinha visto Ran Atok fazer isto, mas eu achei que só homens soubessem fazer isto !
-Nós os observamos fazendo, Kirilla, e apenas parecendo curiosas, aprendenmos como se faz, inclusive nós que coletávamos os materiais para as misturas para obter as cores.Somos mais espertas do que eles pensaram, e como eles ficam muito tempo fora...
-Entendi, eu quero aprender sim , Rigella !
-Mas como fazem, se não caçam como eles ?
-Ora, Kirilla, quem é que abre e descarna os animais que eles caçam? Depois, a gente sempre pôde observar os animais de longe, sabemos como eles são !
-É , tens razão, Rigella, vamos lá então !
Elas foram para a entrada da caverna grande, onde outras mulheres já estavam.
Rigella lhes ensinou quais os ingredientes, a proporção das misturas e as técnicas, e, munidas de tochas, duas delas iluminaram as paredes da caverna para as demais.
Aos poucos, foram tomando forma mamutes, bisões, cervos, cavalos, qual magia!
Karanna estava impressionada !
-Parecem os espíritos dos animais, e parecem tão vivos!
-De certa forma, são os espíritos deles mesmo, e de certa forma, realmente estão vivos, jovem Karanna !
-Não entendi direito...
-Mas eu entendi ! É que as pinturas são a expressão, na parede de como imaginamos os animais e isto de certa forma os eterniza para a posterioridade, então de certa forma podemos sim chama-los de espíritos e dizer que, na forma das tintas, eles vivem nestas paredes!
-Muito bem, Karanna, foi exatamente o que quis dizer!
-Não sei por que, mas estas pinturas me dão calafrios...parece que estes animais vão sair da parede e nos atacar...
-Bobagem, Karanna, olha, me dê sua mão!
Disse Rigella, que espalhou um pouco de tinta vermelha na parede, e aí colocou a mão da menina na parede.
-Está vendo? Agora você também está nesta parede, há um pouco de você nesta pintura, sua mão, olhe como ficou a forma dela na parede, perfeita. Agora um pouco de seu espírito mora aqui, e faz companhia aos animais!
Disse Rigella.
-Kirilla, eu estou com medo ! Disse Karanna, olhando para a parede e olhando par a mão suja de tinta vermelha, e a esfregando em suas vestes para tentar tirá-la.
-Não existe motivo para medo, Karanna. Quer saber? Nós e os animais somos um só !

(Por Continuar)

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