Novamente o Black Marlin continuou na sua rota,
em busca do Belingerance.
Quando por fim aportou na Ilha Ladyhawk,
descobriu que seus inimigos já tinham estado lá e já tinham capturado mais uma
leva de vítimas para seus abusos.
June optou por não permanecer muito tempo ali e
seguiu então para Crows Crown.
Finalmente, depois de tanto tempo, June e boa
parte de sua tripulação, chegavam ‘a sua terra natal.
Para June, ali era algo de muito especial, que
trazia muitas lembranças, sobretudo a de seu mestre Harry Harrier.
Mas primeiro, quis ir na sua casa onde nascera.
Era uma volta ‘as origens !
Aquelas escadarias íngremes lhe eram tão familiares
!
Como não recordar sua mãe com um cesto enorme de
roupas para lavar em cima da cabeça, subindo aquelas escadas?
Como não recordar de ela mesma indo trabalhar
enquanto as outras crianças brincavam?
Como não olhar da escada e ver lá de cima os
navios no porto e não lebrar no tempo em que ela sonhava e suspirava em ser uma
capitã pirata?
E agora, tantos anos depois, sonho realizado, ela
se conscientizava de que agora ela era de fato uma Capitã Pirata e tinha seu próprio
navio, e que já viajava pelo mundo...quem diria !
Lágrimas caíam de seu rosto...
Até que enfim, chegou na casinha onde crescera.
A porta estava aberta.
-Ó de casa !
Ela gritou, mas ninguém respondeu.
A casinha humilde, tão simples e pequena, estava
com as janelas abertas, e gaivotas de lá saíram espavoridas.
Não, não tinha como deixar de vir a seus olhos e
sua mente a figura da menininha ainda tão criança, abrindo a porta para aquele
senhor gordo e barbudo, de chapelão e espada na cintura!
Olhou para o lado, para onde um dia fora seu
quarto de criança. A velha cama ainda estava lá, com seu colchão duro de palha.
Ali lembrou de seu pai em seu leito de morte, das
cenas dos piratas ameaçando sua vida e de sua mãe, e de como Harry Harrier as
defendeu.
Olhou agora em direção ‘a cozinha, e ali seus
olhos se arregalavam e as lágrimas caíam copiosas...
As cenas de sua progenitora morta, estuprada, e
do estuprador, com seus aterradores olhos de tara fitando-a, lhe enchia de
terror e dor, as marcas do sangue no chão ainda estavam ali!
Ela parecia ver de novo como matara o monstro e
Harry chegando para socorrê-la e ampará-la, nunca mais se esqueceu!
Repentinamente, um vento gelado percorreu a casa e June teve calafrios.
Tremia de um pavor inexplicável, enquanto a curta
cortina da janela da sala esvoaçava e era arrancada de seu lugar e voava pela
casa, até que flutuou no ar. O que parecia um tecido de cortina agora parecia
moldar-se para uma figura vagamente humana, que o vento parecia esculpir em
meio ao que parecia uma massa branca e gelatinosa.
June queria fugir dali, mas estava absolutamente paralisada
de terror como nunca sentira antes!
Agora, enfim ela reconhecia a figura: era sua mãe
!
-Minha filha, por favor não tenhas medo. Sede
benvinda novamente ‘a tua casa, tuas origens a que pertences! Esou muito orgulhosa
de você por teres seguido a carreira de seu pai e teres tido um destino muito
melhor que eu, e é uma grande alegria para mim vê-la crescida, saíste daqui
como uma menina, voltastes mulher, e nem pude me despedir de você quando fostes
embora para o mundo acolher teu destino.Insisto, não tenhas medo, sou tua mãe e
nunca te faria mal !Só lhe peço um abraço e que me recebas de volta em teu
coração, pois te amo mais do que qualquer outra coisa !
-Ma...mamãe !
Gritou June, e, num ímpeto quase instintivo,
correu a abraça-la.
Impossível descrever a inesquecível sensaçãoque
sentiu naquele abraço!
-Muito obrigada, mamãe, muito obrigada por tudo,
por me fazer nascer, por me criar, por sofrer por mim, por me ensinar, por me
proteger!
-De nada, minha filha, nem poderia ser diferente.
Mas gostaria de que soubesses que morri por ti.O tarado que me matou na verdade
procurava por você, era um monstro estuprador de criancinhas e deixei que ele
fizesse os horrores dele comigo para evitar que ele a encontrasse e fizesse
contigo.Impossível descrever o quanto sofri, mas o fato de ser eu ali, não você,
me confortava de algum modo. E como torci para que você não aparecesse por
aquela porta enquanto meu suplício e minha tortura se desenvolviam !Mas quero
também te agradecer, por teres me vingado ! Agora, minha filha, por favor,
corra, fuja daqui. O Espírito do Estuprador também vem aqui e pode te fazer o mal.
Eu também tenho de ir antes que ele chegue. Vá depressa, e boa sorte, filha,
leva meu amor contigo !
(Por continuar)
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