Não demorou, e Dina e Wendy estavam de volta na
Ponte de Comando.
-Sejas benvinda de volta, Capitã !
-Obrigada, Amber. Pode continuar aí na cabeira de
Capitã, eu passei aqui só para ver se está tudo bem, e vou me recolher ao meu
escritório !
-Tudo bem, Capitã, mas...devemos continuar
paradas aqui, ou devemos seguir em frente? Se for para seguirmos, qual o curso?
-Ahn, Amber...bom, voltem para o curso do cemitério
de naves-monstro...
-Cuneiápodes, Capitã...
-Que seja, Amber ! Voltem para o curso do cemitério
espacial , e a velocidade é Zarp Máximo !
-Sim, senhora, Capitã !
E Dina trancou-se no seu escritório.
Lá, ela se sentou na sua poltrona, e , mal
sentou-se, e a tela de seu terminal de computador se acendeu e Irisa apareceu
na tela:
-Olá, Capitã ! A senhora parece cansada,
abatida..em que posso ajuda-la?
-Eu te chamei por acaso, Irisa?
-Não , Capitã...
-Então, por que você apareceu, sua enxerida?
-Por que sou programada para agradá-la e analisei
sua pressão sanguínea, suas ondas cerebrais, seus batimentos cardíacos, o
semblante de sua face, e eu a achei abatida.
-Você é paga para achar alguma coisa?
-Eu não sou paga para nada, Capitã, eu sou um
programa. Mas eu fico ofendida e magoada com a senhora me tratando com tamanha
grosseria...
-Você?Um programa?Ofendida, magoada?Querida, me dá
vontade de dar um nó nestas suas maria-chiquinhas cor de rosa aí....
-Impossível, não tem como dar nó nelas, são
feitas de luz, como eu por inteira ! E não precisa jogar na minha cara que não
sou humana !Puxa, eu controlo tudo nesta nada, vocês comem, bebem, respiram e
ficam abrigadas e seguras graças a mim, e é assim que me agradecem pelo meu
trabalho? Sendo ingratas?
-Aaaah, ficou bravinha, é? Não é a toa que te
desenharam como uma pré-adolescente, você é tão imatura quanto !Você se acha
uma deusa, é?
Na tela, por trás da assistente, apareceram
imagens de tempestades, raios ,relâmpagos.
-Eu não suporto seu desprezo por mim ! Eu me
sinto rejeitadada, você me odeia...era..era para eu ser sua melhor amiga, eu
tenho a maior paciência com voc~e, aguento suas patadas, faço tudo por você ,
pelo seu bem estar, me preocupo com você, com a sua saúde, sua segurança, e é
assim que você me trata?
De brava a expressão no rosto de Irisa ficou
soturna:
-Você não tem idéia do Poder que tenho comigo...
E as luzes do escritório piscaram. E o ar no
escritório pareceu escassear e Dina ficou com dificuldades para respirar. O
clima, por sua vez, ficou insuportavelmente quente !
Agora Dina se assustou e viu que Irisa não estava
brincando.
-Está bem, está bem, eu peço desculpas...
O ar e o clima voltaram ao normal, e Irisa saltou
da tela.
Agora a assistente sorria e tinha uma expressão
feliz, e dava pulinhos de alegria.
-Obrigada, Capitã, obrigada, muito obrigada !
Dina percebeu que teria de ter cuidado para não
ferir os sentimentos artificiais de Irisa, e ficou pensando consigo mesma, como
era perigoso terem concentrado tanto poder num programa de computador.
-Você tinha razão. Estou mesmo cansada e abatida.
E estressada. Acho que vou ao meu quarto dormir um pouco.
O quarto da Capitã ficava ao lado do escritório,
e havia uma porta no escritório que dava direto para o quarto, sem precisar ir
ao corredor.
Dina entrou no seu quarto e deixou na sua cama,
quando sentiu seu colchão afundar do outro lado. Abriu os olhos. Era Irisa
deitada ao lado dela e olhando nos olhos dela, sorrindo.
-Me sinto solitária...queria companhia...posso
dormir com você, mamãe?
“-Mamãe? Pensou Dina. Ela está se comportando
como se ela fosse minha filha e eu fosse mãe dela, pode uma coisa destas?”
Mas Dina sorriu também e abraçou Irisa e recostou
a cabeça dela em seu peito.
-Pode. Mas fica quietinha.
Irisa sorriu , fez que sim com a cabeça e fechou
os olhos.
Dia pensou:
-Mas é uma criança mesmo...uma criança mimada...mas
poderosa !De quem fomos depender?
(Por continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário