Alheia a tudo isto, a tripulação do Black Marlin
continuava seu ritmo.
Bianca viu de seu cesto de vigia, uma ilha.
-Terra ‘a vista !
-Muito obrigada por avisar, Bianca !
-De nada, Capitã !
-Qual ilha será esta, Capitã? Estará ela no mapa?
-Vamos ver ,Juliette!
June e sua Imediata foram para a cabine da Capitã
e olharam os mapas, depois de June conferir a bússula e a posição do sol.
-Pelos meus cálculos, esta deve ser a Ilha de
Tamadadora !
-Puxa, então devemos estar bem para o Norte, não
é a toa que está esfriando , Capitã!
-Verdade, estamos mesmo! Vamos nos reabastecer lá
e descansarmos um pouco, e espero não nos metermos em brigas e confusões de
novo !
-Pelo que ouvi dizer, lá tem uma grande
concentração de navios piratas.
-Sim, Juliette, lá é a Sede da Guilda dos
Bucaneiros! Uma vez ao ano, a maior parte dos piratas faz um grande encontro
anual nesta ilha, e a época deste encontro será agora.
-Teremos de ter muito cuidado então, tem muita
gente que não gosta da gente, e estaremos em minoria, Capitã !
-Por isto ficaremos pouco lá. E todo cuidado é
pouco, pois temos uma carga de uma tonelada de prata em nosso navio, algo que,
aliás, deve permanecer em segredo. Mas vamos logo, temos que começar os
procedimentos de aportagem!
O Porto era enorme, e a visão dele era grandiosa:
dezenas de grandes navios a vela, grandes e pequenos, de bergantins a galeões,
alguns com quatro ou mesmo cinco, seis galés abaixo do tombadilhos, e com mais
de uma centena de canhões.Aquilo era realmente o grande paraíso dos piratas, um
local cosmopolita, onde piratas de todas as nacionalidades se reuniam e havia
ali uma Lei não escrita, mas que todos procuravam respeitar: “Em Tamadadora deixem
suas diferenças para fora do Porto, aqui é um território de Trégua e União”.
E nesta época de reunião anual, esta Lei vigorava
mais ainda !
Logo o Black Marlin aportava, após arrumar um
cantinho no Porto lotado, e a tripulação desembarcava.
Á frente iam
June, Juliette, Long Legs Laura, Carmen, Hellen, Vivian , Cleo e as crianças.
Desta vez quinze piratas foram deixadas tomando
conta do navio.
Todas as
demais sessenta e duas piratas desembarcaram, num grupo animado.
Logo depois do Porto, uma grande praça, com
várias tavernas e estalagens de grande porte, mas a principal, “O Polvo
Mandrião”, ficava bem no centro da praça. E foi nela que nossas heroínas
entraram.
Encontrar uma mesa grande e vazia não fora tarefa
fácil, mas desde já se notavam os cochichos sussurrantes e indiscretos dos
bucaneiros, afinal, elas eram a única tripulação feminina a entrar naquele
antro do machismo mais misógino.
Os serviçais, vestidos como se fossem piratas,
mas, claro, sem armas, serviam as mesas, trazendo rum e assados.
Porém, não precisou de muito tempo para June e
suas garotas perceberem que os serviçais simplesmente as ignoravam.E elas não
gostaram disto !
-Ah, já que eles não vem até aqui...Long Legs
Laura, por favor, cate um destes serviçais e o traga até aqui !
-Sim, Capitã, com todo o prazer, estou morrendo
de fome !
Laura se levantou, e foi procurar alguém para
servir sua tripulação. Um serviçal passou por ela, fingindo que a ignorava, mas
prestando atenção no decote dela.
Ela não teve dúvidas: foi atrás do sujeito e com
as mãos nos ombros dele o levantou no chão ainda andando!
-Ei, ei, o que é isto ?
-Você vai nos servir e vai nos servir agora !
-Ei, ei, me coloca no chão, você não pode fazer
isto comigo,moça !
-Ah, não posso?Eu devoro fracotes como você no
café da manhã !
Disse Laura, que de um só golpe, colocou o homem
debaixo do braço esquerdo, como se ele fosse um objeto qualquer e o levou até a
mesa de sua tripulação, sem nem ligar para os protestos dele. Só então o
colocou no chão, e ficou atrás dele, com as mãos dela apertando os ombros dele,
impedindo-o de fugir.
-Agora sim ! Vamos fazer nossos pedidos, garotas
!
-Sinto muito, senhora, aqui não podemos servir
donzelas, só homens! Aqui é um lugar para piratas, não donzelas fantasiadas !
Disse o serviçal.
-Ah, é? E o que pensa que somos?
Disse June.
Em um segundo, dezenas de espadas encostavam em
seu queixo e pescoço, cercando-o. Trêmulo de medo, ele engoliu em seco.
-Ainda acha que somos donzelas disfarçadas de
piratas? Você quer morrer hoje ou agora?
Foi a voz da Capitã soando.
-Nã...não..são ordens superiores..por favor,
entendam...
-Superiores? Você tem idéia de com quem está
falando?
-Na...não senhorita...
-Com a temida e temerária Capitã Jnne “Cabelos de
Fogo” Ashton, filha do Capitão Barba Branca,capitã da tripulação do glorioso
Black Marlin !
-Por favor me desculpe, Capitã...
-Agora vai nos servir?
-Eu..eu...eu...
-Long Legs Laura, vamos lá, dê nele seu abraço de
polvo para provar a ele nossa amizade !
-Com prazer, Capitã!
A agradável sensação de ele sentir o busto imenso
dela comprimido contra suas costas durou pouco e foi substituído rapidamente
pelos braços fortes dela envolvendo seu diafragma, e pela sensação sufocante e
angustiante de constrição, em que a dificuldade de respirar foi ficando cada
vez pior e ele sentiu suas costelas fortemente
oprimidas.Um joelho forte pressionou seu lombo e as costelas começaram a
doer muito, assim como os músculos respiratórios dele foram ficando fatigados
com o esforço para respirar, que agora já era desesperador, e ele foi ficando
azulado e depois arroxeado, e seu coração parecia que iria arrebentar de
esforço.Mais um pouco e se ouviria o “crack” das costelas rachando e se
partindo, mas ela o soltou antes, e ele caiu violentamente na mesa.
(Por continuar)
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