Laura então puxou violentamente a cabeça dele
para trás.
-E agora, vai nos servir?
-Si...sim...Capitã...
-Ah, estes homens são uns frouxos mesmo !Laura,
pode soltá-lo.
-Sim, Capitã!
O sofrido serviçal então anotou todos os pedidos
e tratou de fugir correndo dali.
Foi então, que chegou uma nova tripulação na Taverna.
O Capitão era um homem velho, de sessenta e poucos anos, com bigodinho e
cavanhaque, olhar cruel e dominador, vestindo uma rica casaca azul bem escura,
elegante, mas muito mal encarado, com uma longa cicatriz na face direita, que
ia da mandíbula á testa. No lugar da mão esquerda, um tapume de madeira com um
grande punhal brilhante.
Imediatamente todas as tripulações masculinas se
encolheram e lhe prestaram reverência. Era público e notório o quanto ele era
temido e respeitado por todos.
Ele e sua tripulação logo se sentaram em uma mesa
que foi esvaziada ‘as pressas por outra tripulação. E foram servidos
imediatamente.
O clima da Taverna, até então festivo, ficara
tenso.
Não demorou e este Capitão se levantou e com mais
três capangas, se dirigiu para a mesa da tripulação do Black Marlin.
-Capitã June “Cabelos de Fogo” Ashton, filha do
Capitão Barba Branca?
-Sim, sou eu mesma, caro Capitão.
-Você não me conhece pois quando eu conheci seu
pai, você nem era nascida ainda. Sou
conhecido em todos os mares como o Capitão Terror, mas meu nome é Terry
Zacharias Thresaurus, o maior rival e inimigo de seu pai. Foi ele quem me
deixou esta cicatriz e me arrancou minha mão com a espada dele. Por muitos anos
o procurei para me vingar, mas eu soube que ele morreu e colocou a você no
lugar dele.
-Se ele assim o fez com você, é por que o mereceu
!
Respondeu June, com tom de voz atrevido e
desafiador.
-Ora,mas quanto atrevimento, quanta audácia !
Acaso teu pai não te deu educação não, rapariga?Ainda me chama de “você”, ao
invés de “Vossa Excelência” !
-Se não tivesse me dado, eu hoje não seria
Capitã!
-Você tem idéia de quanta gente eu já matei?
-Não, Capitão, e você, tem idéia de quanta gente
eu já matei ?
-Eu deveria era te dar uns cascudos, sua moleca
!Mal saiu das fraldas e não tem o mínimo respeito !
-Tente, para você ver o que recebe, tente !Quero
ver se tem coragem mesmo, barbudo nojento !
Desafiou June, corajosamente. A taverna inteira
soltou um “-Ooooooh!” de espanto. Alguns inclusive já faziam orações encomendando
a alma dela, já a julgando uma mulher morta.
O olhar Capitão Terror, que já era temível, ficou
ainda mais colérico!
Sua mão se crispou no cabo da espada.
-Capitão, com todo o respeito, aqui é território
de trégua, não podemos lutar!
Sussurrou um de seus capangas no ouvido do
capitão.
-Droga, com mil tubarões, droga ! Você teve sorte
desta vez, mocinha, mas eu te desafio para um duelo entre nossas tripulações e
navios amanhã, depois da trégua, no mar defronte o porto !
-Desafio aceito, porco gordo e barbudo nojento !
-Amanhã eu vou te ensinar a me respeitar, sua
meretrizinha de meia tigela !
-Não tem como ensinar a te respeitar, se ainda
não sabes sequer me respeitar, mandrião !Meretriz é a sua progenitora ,que lhe
colocou no mundo evacuando !
O Capitão Terror ficou roxo de raiva, e teve de
ser duramente contido por seus homens. Eles voltaram para sua mesa, e a
tripulação de June a aplaudiu entusiasticamente!
Nas demais mesas ,todos balançavam as cabeças
lamentando o que achavam que seria a morte de June e sua tripulação no dia
seguinte.
Mas havia alguém no meio da multidão de piratas
que estava intensamente preocupado com a vida de June. Ele se levantou de sua
mesa depois de assistir o Capitão Terror se sentar infoncormado e resmungando
mil maldições e pragas numa mesa próxima ‘a sua. Ele se levantou e se dirigiu
sozinho para a mesa de June, e, ao chegar lá, tirou o chapéu de Capitão, baixou
a cabeça e fez uma mesura elegante e respeitosa para June, e disse:
-Meus respeitos, senhora Capitã !Com licença, permita-me
por favor me apresentar!
June gostou do tratamento completamente diferente
daquele capitão e o deixou ir em frente:
-Tens a minha licença, gentil-homem !Pode se
apresentar !
-Muito obrigado, senhora !Meu nome é Capitão
Tobias Ashton!
-Ashton?
-Sim, senhora, sou irmão de seu pai, portanto seu
tio!
-Agora eu me lembro...minha mãe me falava que eu
tinha um Tio Tobias, que estava desaparecido...
-Sim,senhora, eu e seu pai fomos separados muito
cedo, mas ambos acabamos Capitães
piratas. Seu pai era o irmão mais velho e eu sou o mais novo. Quero aqui selar
uma aliança de paz e cooperação entre as duas tripulações e coloco meu navio e
tripulação ‘a sua disposição na luta contra seus inimigos !Doravante seus
inimigos serão meus inimigos também !Aliados?
-Sim, Tio, muito obrigada! Mas me permita dizer
que, numa operação conjunta eu deverei ser a comandante, e quero impor como
regra que nenhum lobo do mar seu falte para com o respeito e para com a
decência com minhas garotas !
-Entendi, aceito suas condições, e eu e minha
tripulação as respeitarei rigorosamente !
-Negócio fechado!
O aperto de mãos ocorreu e as duas tripulações
aplaudiram.
(Por continuar)
(Por continuar)
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