terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Episódio 12- Minissérie- As Piratas também Sonham: Kraken !






Os olhos de Celine se inundaram de lágrimas, e ela saiu correndo e se sentou num canto da popa, de costas para todo mundo, abraçando as próprias pernas, de cabeça baixa. Sua velha companheira teria de ir embora, e ela não queria se separar dela, tinha se apegado muito a ela!
Mas na cruel vida no mar não havia tempo para pranto, ou choro que durasse.
Ela logo sentiu a pontada de uma bota em suas pernas.
Ela olhou para cima.
Era Long Legs Laura!
-O que você está fazendo aí, mandriãzinha? Vá trabalhar, vagabunda !Aqui não temos lugar para vadias que ficam chorando sem ter o que fazer não ! Vá ajudar no mastro principal, anda !
Diante da cara zangada de Laura, com todos aqueles músculos rijos, Celine não teve outra opção a não ser se levantar e  obedecer, engolindo suas lágrimas.
Assim que chegou no mastro principal, Diana a viu e a chamou.
-Ei, você não quer ficar um pouco no meu lugar? Eu estou muito cansada, preciso descansar !
-Sim, senhora!
-Se vir um navio grite :Navio a vista, e chame a Capitã, se ver ilha ou continente, grite: Terra ‘a vista ,e idem. Entendeu?
-Sim, senhora !
-Então vou descer, boa sorte !
Celine ficou no cesto de vigia. Dali a visão do mar, em todas as direções era magnífica.Sua tristeza passou, pois se sentia poderosa e mais alta do que nunca!
Mas Anette estava irrequieta no seu ombro. Nervosa, batia as asas e fazia barulhos sem parar.
-O que foi, Anette? Por que tão agitada?
-C ‘est dangeroux, c ‘est dangeroux !Prrr ! Prrr !
-Você está querendo dizer que estamos em perigo?
-Oui, mon ami ! Oui,mon ami !
-Mas não vejo nada…
-Écoute ! Écoute pas !
Celine apurou os ouvidos e colocou as mãos em forma de concha em cima deles. De repente, ela escutou, de bem longe, os gritos de gaivotas.
-Entendi ! Gaivotas ! Então tem terra por perto !
Não, Anette não tinha conseguido passar sua mensagem  para a menina, e, em pânico, levantou voo, e deu rasantes rápidos pelo convés, bem perto das cabeças das piratas que passavam pelo tombadilho.
Não demorou e Diana subiu ao cesto na velocidade de uma bala de canhão .
-Desça, depressa, a mulherada está irada com seu papagaio, que enlouqueceu! Desça, que eu fico aqui !
A menina desceu o mais rápido que pôde e assim que colocou os pés no tombadilho, ouviu Juliette gritar:
-Celineee !
Trêmula de medo, ela correu atrás de Anette, que não conseguia ficar parada. Voando desceu pelas galés, depois voltou ao convés e , na confusão, um monte de piratas desceu de seus postos e a cercaram junto ‘a amurada estibordo do centro do navio, todas com cara furiosa.
Foi quando , sem saída, Anette grudou no ombro de Celine.
Mas não durou muito tempo.
Para a surpresa de todas, uma enorme revoada de gaivotas apareceu e atacaram as piratas e Celine.
Anette, no entanto voou. E defendeu sua dona. Ela sabia que era ela, e não Celine e as Piratas, que era o alvo delas.
E ela foi metralhada impiedosamente por dezenas de bicos afiados e ferozes.
As piratas assistiram, atônitas, o dramático espetáculo do papagaio dando sua vida por sua dona, e pagando por isto com sua vida, sendo estraçalhado e despedaçado vivo em pleno ar.
Até que se ouviram tiros. Tiros de pistolas certeiros e várias aves caíram no convés, mortas. Mais tiros, e não sobrou nenhuma das que atacaram Anette.
O restante fugiu.
-Anette ! Nãaao !
Celine caiu ajoelhada no convés, com as mãos no rosto, chorando compulsivamente, diante dos pedaços ensopados de sangue do papagaio morto.
Quem atirou?
Capitã June. A mesma que se ajoelhou junto com Celine e chorou junto com a menina.
Desta vez, quase todas as piratas ficaram  de cabeça baixa, tristes. Só Léa saiu de perto, resmungando baixinho:
-Bem feito !

(Por continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário