Se no mar o cenário já era assustador, com tantos
navios naufragados ou destruídos, na praia a visão era ainda mais tétrica!
Ao chegar pero da praia, viram muitos corpos
humanos mortos boiando nas águas e sendo levados pela maré para a praia.
E na areia, centenas e centenas de corpos
inchados e putrefatos e esqueletos espalhados pela orla da praia!
O cheiro de carniça era forte e nauseante, e aves
marinhas se alimentavam dos mortos. Elas mesmas tinham feições sombrias e
perigosas e inspiravam medo.
-Ai, que fedor ! Nossa, isto aqui está
insuportável !Capitã, esta ilha é amaldiçoada, temos de ir embora daqui !A
senhora viu, nunca ninguém conseguiu ir embora, e dá para ver o porquê !
-Calma, Imediata! Já estamos aqui, vamos explorar
!Laura, puxe o bote para a areia, vamos descer !
-Sim senhora, Capitã !
Laura
colocou o bote bem para dentro da praia, para evitar que ele fosse levado para
a maré.
Elas caminharam desajeitadamente entre os
esqueletos e cadáveres, quando, depois de uma meia hora de caminhada, já dentro
de uma pequena mata mais para o centro da ilha, escutaram um choro de criança.
Era um claro choro de menina, e foram correndo na
direção dele.
Debaixo de uma palmeira estava
uma garotinha, aparentando não mais do que dez ou doze anos de idade,
completamente nua, tiritando de frio. Ao lado, o que um dia fora um belo
vestido, jazia roto e molhado, todo rasgado, em frangalhos. A menina estava
deitada em posição fetal e chorava sem parar!
-Ei, ei, menina ! Encontramos você ! Quem é você?
O que faz nesta ilha?
- Eu...eu sou Celine, sou francesa e...e...meu
navio veio parar aqui por causa de uma tempestade, nosso navio afundou e uma
onda me carregou até aqui. Todos os outros morreram, inclusive...inclusive
mamãe e papai !Meus irmãos também ! Não tenho mais ninguém no mundo !
Disse a menina e desandou a chorar
convulsivamente.
Repentinamente o estômago dela roncou alto, sinal
claro de que estava sem comer há muito tempo e estava doida de fome, sem falar
na sede, pois ela estava bem desidratada !
Condoída do destino de Celine, June tirou seu
cantil da cintura e deu para a menina
beber, e esta estava com tanta sede que o esvaziou!
Juliette tirou de sua alforje uma boa quantidade
de bolachas secas, que Celine devorou em segundos.
Já Laura contribuiu com sua camisa e ficou só com
o colete cobrindo-lhe os seios generosos. Embrulhou a menina na camisa, para
aquecê-la e a carregou nos braços.
-Vamos embora ! Não há mais nada a fazer aqui !
Elas percorreram o caminho de volta e pegaram o
bote e voltaram ao navio.
Logo depois, já na embarcação, revelaram para as companheiras
a menina náufraga.
Todas se afeiçoaram a Celine imediatamente, e uma
das piratas,Hellen, exímia costureira, fez questão de fazer uma roupa para a
menina. Ela entregou a roupa para outra pirata, que trouxe a vestimenta para a
menina.
-Olha, este aqui é seu presente ! Não é o vestido
que você está acostumada a usar, mas agora você é uma pirata e irá vestir
calças e camisas !
-Muito obrigada, senhora...
-Senhorita Rachel ! E você é Celine, não é? Pode
me chamar só de Rachel, aqui não temos frescuras, nem etiqueta ! Quantos anos
você tem?
-Dez. Vou fazer onze no mês que vem !
-Ah, mas que linda criança você é! E que lindos
cabelos ruivos você tem !E estes olhos, verdes como esmeraldas ! Posso te pentear?
-Obrigada, pode sim !
Rachel fez um penteado com maria chiquinhas, e
amarrou as tranças com fitinhas coloridas.
A camisa branca de mangas compridas tinha na
altura do peito uma caveira pirata bordada e era branca. A calça, bem folgada,
era cor de rosa.
A pirata que costurou as roupas apareceu e disse:
-Eu vinha guardando estes tecidos comigo por
anos, para dar para alguém especial, mas fiz questão de dar para você, sua
bonequinha linda !
Celine agradeceu com um beijinho no rosto.
-Obrigada...
-Hellen, este é o meu nome !
Repentinamente uma roda de garotas se formou em
vota dela, todas admirando a beleza dela!
-Como ela é linda !
Todas diziam!
-Eu não acho tanto...minha família me achava
inútil, uma aleijada, por que eu tenho o braço esquerdo torto...
Disse a menina , de cabeça e olhos baixos.
(Por Continuar)
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