-Aaaahn ! É isto ! Como não pensei nisto antes !
Vão atirar na nossa popa, para incendiar nossa munição e afundar nosso navio !
Claro, mas eu...eu devia ter adivinhado isto antes ! Timoneira, curva a
estibordo, o mais fechada que puder, agora !
-Mas nunca escaparemos dela com tão pouca
mobilidade, Capitã!
-Você não entendeu nada, Lorena ! O objetivo não
é fugir delas, isto seria uma desonra, não somos covardes como elas, que querem
matar o máximo de nós a distância para terem vantagem no corpo a corpo conosco.
O objetivo é forçar a abordagem !
-Mas elas são mais experientes e treinadas que a
gente, Capitã!
-E temos outra alternativa, Imediata?
Assim, os dois navios faziam, em sentidos, um
número oito no mar com o rastro de espuma marinha que deixavam para trás, num
belo espetáculo naval.
A multidão no cais observava as manobras e
vibravam: todos se mostravam surpresos com a competência estratégica das duas
Capitãs, sobretudo a de June.
A junção das duas curvas aproximava-se agora.
No Black Marlin, Diana avisava dos movimentos das
inimgas.
-Droga, ela é mais esperta que pensei ! Ela quer
mesmo uma abordagem com todas elas contra nós !Agora nem dá tempo mesmo de
novas manobras, na velocidade em que estamos. Bom, que seja, então !Juliette
chame as canhoneiras para os convés e as que estão nos mastros, elas estão tão
perto agora que nem precisaremos mais de vigia igualmente, temos de reunir o
máximo de lobas do mar para a invasão!
Preparem as correntes de abordagem !
Estas correntes tinham ganchos enormes que se
seguravam na amurada do navio, e puxadas por várias marujas, forçavam os dosi
navios a se encostarem um no outro.
-Preparar o pranchão ! Bradou June.
No Barracuda Feliz, Ariadne dava exatamente as
mesmas ordens. Ela sabia que desta vez não haveriam tiros de canhões inimigos.
Finalmente as duas belonaves passaram uma pela
outra e pararam e foram juntadas, e os dois pranchões foram colocados.
-Garotas, atacar ! Bradou a Capitã June.
-Garotas, atacar ! Bradou a Capitã Ariadne .
Agora era a hora do “vamos ver”. A hora do acerto de conta, da execução das vinganças
pessoais, do enfrentamento da realidade !
Por alguns segundos as piratas de ambos os lados
se entreolharam com ferocidade, com espadas nas mãos, num misto de fúria, com
temeridade, insegurança e incerteza se haveria futuro ou não, sem saber se em
poucos segundos estariam mortas ou vivas diante do Inevitável.
Assim que soaram os brados de ataque, cento e
quarenta e cinco mulheres piratas armadas até os dentes dispararam uma em
direção a outra, setenta e oito da
tripulação de June contra sessenta e sete da tripulação de Ariadne.
Porém, embora a de June tivesse onze a mais, três
delas eram crianças, e do lado de Ariadne, todas eram adultas feitas.
A batalha começou , encarniçada, nos dois navios
e em cima dos pranchões.
As espadas dançavam seus rituais de morte, com
seus silvos sinistros, e o sangue
escorria pelos conveses.
Porém, enquanto a batalha prosseguia, um outro
perigo se aproximava, e, no cais, os vigias dos navios do Capitão Bigodão e do
tio de June , veio o aviso, seguido das ordens dos Capitães para zarparem
imediatamente, a todo o pano.
Denise lutava ferozmente como podia, e sua
oponente era Constance, quando suas amigas gaivotas apareceram e voaram em círculos, gritando na sua cabeça.
-Droga, saiam daqui, estão me atrapalhando !
Gritou Denise em desespero.
-Iiiiiiii !Iiiiii !
Arrulhavam as gaivotas.
Foi quando Denise teve um forte pressentimento e
correu para o mastro principal do Barracuda Feliz.
Constance quis ir atrás dela, gritando:
-Volte e lute, covarde !
Mas as gaivotas a cercaram e atacaram, não a
deixando se aproximar.
Denise, com a agilidade de uma macaca, subiu no
mastro e foi para sua vigia e olhou para onde as demais gaivotas tentavam
chamar sua atenção.
O que ela viu foi aterrador: um imenso navio
vermelho vindo na direção dos dois navios combatentes, prestes a abordá-las, já
bem próximo !
-Navio ‘a vista !É o Red Devil do Capitão Terror
! Ele vai nos atacar ! Ele vai nos atacar !
Neste momento, June e Ariadne se enfrentavam
ferozmente, quando ouviram o grito desesperado. Ambas entenderam o que ele
queria, e a proa do navio dele bateu de leve nos dois outros navios, e bem na
ponta da proa o impávido Capitão Terror
gritou:
-Vamos pegá-las para nós, homens ! Vamos estuprar
a todas e fazer a festa !
Todas ouviram as palavras dele, e as duas Capitãs
disseram em uníssono:
-Nunca ! Não somos seus objetos para sermos
violadas por vocês jamais terão nossos corpos ! Garotas, Atacaaaar !Vamos
mostrar quem manda aqui !
O totalmente inesperado acontecera: Terror
esperava aproveitar-se de que as mulheres estavam brigando entre para ataca-las
, mas não contava que elas se unissem contra um inimigo comum.
Todas subiram nos mastros e com a ajuda do
cordame, abordaram o Red Devil, bem mais alto, pegando os homens de Terror de
surpresa, invadindo a nau gigantesca com uma ferocidade totalmente fora das
expectativas !
Eram cento e quarenta e cinco contra trezentos,
mas vieram em uma onda tão explosiva, que fez recuar os homens, agora tendo de
lutar na defensiva.
Até as crianças estavam lutando incrivelmente bem
! Celine, Fran e Melissa tinham
combinado entre si que iriam aproveitar sua menor estatura para rasgarem o
ventre dos inimigos e estripa-los, abaixando suas cabeças para evitar que as
fossem arrancadas.
E fato, a tática estava dando certo: as três
menininhas já eram responsáveis por nove mortes!
(Por Continuar)
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