segunda-feira, 17 de julho de 2017

Episódio 76-Sensibilidade de Viver: Interlúdio ETP






-Bom, Ami-san, o que você ia falar de bem sobre os assuntos de família mesmo?
Disse Lune com um sorriso.
-Cada família tem seus próprios problemas...
-Na minha, me acusam de eu ser o problema!
-Depois do que você disse sobre casamentos, eu agora já entendo a eles e sei o porquê...
-Ah, olha, eu te garanto que não sou a ovelha negra da família, mas posso te garantir que sou a ovelha vermelha dela !Ahahahahah!
-Vai dizer que você é comunista, Lune-san?Só me falta esta !
-Não, eu até compartilho de algumas das idéias de Marx e Engels, mas sou mais o Anarquismo de Bakunin!
-Não conheço nenhum deles, mas...você quer fazer do país uma bagunça, um caos?Pois é isto que entendo por anarquia...
-Ahahahahahahahahahah!
Lune gargalhou escandalosamente.Todos ficaram olhando e Ami quase morreu de tanta vergonha, sobretudo por que os olhares foram bem feios e reprovadores para elas.
-Quer me matar de vergonha, Lune-san?
-Desculpe, mas sua piada foi engraçada demais, não resisti !
-Olha em volta, como as pessoas estão olhando para a gente!Daqui a pouco chamam a polícia por comportamento inadequado !
-E quem são eles para ditar os comportamentos dos outros? Quem são eles para ditar o que é comportamento adequado ou inadequado? Que direito, que autoridade eles tem para decidir?
-Eles podem até não ter poder, mas a polícia tem, e prende !Você está agindo contra a cultura japonesa tradicional !
-Desculpe, Ami-san, você é convencionalista demais para mim...
-Para mim chega !Não aguento a pressão de tanta gente olhando para mim!Toma este dinheiro e paga a conta, eu vou sumir por que não aguento mais de vontade de chorar de vergonha, por mim e por você !Não tenho nem como encarar a garçonete !Nunca mais apareço aqui, e nunca mais te convido para comer comigo !Tchau !
Ami se levantou da mesa, e quando ela já estava saindo, ainda disse:
-Como te falei antes, não estou nem aí...
Ami saiu do restaurante em velocidade de foguete.
Lune terminou calmamente de comer e de fato, respondeu aos olhares reprovadores com um sorriso meigo e doce.
Finalmente pediu a conta e a garçonete chegou, de cara fechada.
Lune pagou as refeições, recebeu seu troco e se levantou da mesa.
Porém,antes mesmo de alcançar a porta da saída, o gerente apareceu atrás dela junto com a garçonete que a atendeu:
-A senhorita está convidada a se retirar. A senhorita não será mais benvinda neste restaurante!
-Eu já estava de saída mesmo...desculpe, mas o senhor chegou tarde !E não tenho a pretensão de voltar aqui mesmo. A comida estava horrorosa e o serviço de vocês é péssimo, detestei !O senhor notou que cruzei os palitos em cima do  prato, fazendo um sinal de X?
-Oras, a senho...
Lune foi saindo, dando as costas aos dois, com o gerente espumando de saiva e saindo fumacinha pelas orelhas.
A garçonete estava pálida, trêmula, horrorizada com o que considerava grosseria inacreditável de Lune e também por que sabia que ela e o cozinheiro estavam prestes a perder seus empregos !
Lune, no entanto, sorria.
Havia mentido:a comida não estava ruim, ela fizera de propósito, para provocar. Em certas ocasiões ela se divertia com a fúria alheia!
Como se nada tivesse acontecido, ela se misturou no meio da multidão na rua, e sumiu da vista do gerente do restaurante e sua funcionária.
Não demorou, e a garçonete logo saía do restaurante, demitida, e chorando, vermelha de vergonha.
Na sua saia estava a marca do sapato do gerente indicando que fora expulsa do restaurante  com um pontapé no traseiro e suas nádegas doíam. Não apenas pelo chute, mas por ter caído sentada no chão.Mas pior mesmo era a dor no coração de ter sido demitida.
Crescia nela o ódio desmedido por Lune, e a vontade de vingança !

(Por Continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário