-Apenas para lembrar, a cirurgia é cara e tem de ser paga
adiantado...
-Eu pago, Doutora. Sou o herdeiro das Indústrias Soryu,
Takeo Soryu, noivo dela.
-Muito bem!Senhor Soryu, por favor dirija-se ao escritório
do consultório, ao lado com a Enfermeira Tawaguchi, e faça o pagamento,
enquanto já levo o animal para a mesa de cirurgia. E vocês dois podem ficar
aguardando na sala de espera!
Lune, apreensiva e nervosa, com o coração na mão, ficou
abraçada com o pai, toda chorosa, enquanto ele procurava dizer-lhe palavras de
conforto e incentivo.
Lune vivia brigando com o gato, dizia que não osuportava,
mas ela o amava e se apegara fortemente a ele, só que do jeito dela.
A dor de cabeça de preocupação dela era tamanha, que,
depois do pagamento vultoso realizado, Takeo teve de ir nua farmácia próxima
comprar um remédio forte para ela, que o tomou com um copo de água.
Foram horas de agonia e angústia, até que, já perto do
anoitecer, a médica apareceu na sala de espera.
-E aí, Doutora?
-Pois não, senhorita Lune, seu animal sobreviveu ‘a cirurgia,
e está em recuperação, sedado, e respirando por aparelhos. A situação dele
ainda inspira cuidados, mas já não é tão crítica quanto quando ele chegou.
Agora ele terá de ficar em observação na
UTI por trinta e seis horas esóentão estará completamente fora de perigo.Senhor
Takeo, é preciso acertar conosco o período de observação e o tratamento
complementar...
E lá se foi Takeo de novo passar o cartão platinum
ilimitado dele...
Dali a pouco ele voltava.
-Muito obrigada, meu amor, fico tão feliz que tenha nos
ajudado...
-Imagine, Lune-san, eu que te dei o Sartre, e , ademais, o
que eu não faço para te fazer feliz?
-Muito obrigado, Takeo-san,por tudo que tem feito por
minha filha e por nós.Filha, agora é melhor voltarmos para casa, sua mãe é que
precisa de conforto...
-Vamos lá, pai. Takeo-san, amanha você vem em casa, hoje
as coisas estão meio complicadas lá...depois te explico melhor...
-Tudo bem, Lune-san, vou indo então, até amanhã !
Lune deu um selinho na boca de seu noivo e foi embora
abraçadinha com o pai.
A Mercedes de Takeo estava estacionada ao lado do
Mitsubishi de Kazuo, e ambos os carros saíram do estacionamento, cada um numa
direção diferente.
Enquanto Lune e Kazuo estavam fora, Asuka, sem se despedir
de ninguém, nem falar nada, arrumou suas malas, chamou um táxi e foi embora
para a estação de trem, para voltar para casa.
A situação na casa dos Tamasuki estava precária, com Ruri
grávida e de barrigão abraçada com a mãe , consolando-a e confortando-a.
Finalmente eles chegavam em casa, e encontraram Momiji
abraçadinha com Ruri.
-Mãezinha !Desculpe a demora !
-Oi, filha, que bom que você veio...
Lune abraçou a mãe, que já tinha se levantado para
recebe-la em seus braços.
-E aí, como está o Sartre?
-Ah, mãe, ele quebrou duas costelas, coitadinho, mas vai
sobreviver !Passou por uma operação e agora está de observação e repouso por
três dias!
-Que bom, fico feliz por você e por ele...
Kazuo subiu as escadas e viu a porta do quarto de visitas
aberta e vazio.
Voltou para a sala em seguida:
-Parece que a Asuka-san foi embora, e sem se despedir da
gente...
-Foi melhor assim desta vez, o clima aqui estava ruim...
Disse Ruri.
-Verdade, filha !
-Bom, eu vou preparar o jantar, que vai atrasar hoje,
desculpem...
-Não senhorita, Momiji-san, fique quietinha descansando,
que hoje eu vou pedir uma pizza e um bolo bem gostoso para entregarem em casa,
e quem vai lavar a louça sou eu !
-Mas que maridinho bom, não mamãe? Tomara que o Takeo-kun
seja assim comigo também !
-Verdade, Lune-san! Mas pelo que conheço dele, ele será
sim !
-Eu tenho certeza que será, vocês acreditam que ele pagou
tudo para nós? Eu espiei a conta!Juntando a operação e o pós –operatório, era
grana suficiente para comprar um carro pequeno zzero quilômetro !
-É, papai, o Takeo pode ter lá seu defeitos, mas ele é
muito bom, a generosidade é a marca dele !
-Fico feliz, filha, de você ter escolhido um homem de
coração generoso !Bom, melhor pedir a comida logo , que todo mundo deve estar
com fome !
E Kazuo pediu a comida, que não demorou, e todos jantaram
lautamente.
Agora o clima estava mais alegre e todos procuravam
espantar as lembranças da briga do almoço.
Porém, naquela noite, Lune estava encafifada: por que de
repente , Asuka estava tão revoltada e amarga, agindo com tanta severidade e
autoritarismo, num mau humor horrendo daqueles, se normalmente ela era tão
doce, sensível e humana? O que estava acontecendo?
Nascia em Lune a vontade de ir até a cidade de Hiroshima,
onde a sua avó morava, para investigar o que estava acontecendo.
Ela se lembrou, inclusive, que ela nunca tinha ido sozinha
lá, depois de adulta, visitar Asuka.E que fazia bastante tempo que o restante
da família não ia lá também.Começava a se formar na cabecinha de Lune, uma
possível razão para esta amargura toda, e se a teoria dela estivesse correta,
Asuka a iria receber com o maior prazer.
Só que, por outro lado, o fantasma do trauma da briga em
seu quarto e de Sartre jogado no chão, ensanguentado, assolavam sua mente.
A mancha de sangue ainda estava lá, no assoalho.
E demorou a pegar no sono e teve vários pesadelos, em que
apanhava de sua avó, e que Satre falecia e que o fantasma dele assombrava a
casa.
Várias vezes ela acordou sobressaltada, com sua camisola
ensopada de suor gelado.
Ela se levantou e se olhou no espelho durante a madrugada.
Sua camisola estava tão encharcada, que branca, tinha
ficado transparente, e nem ela sabia por que, colocara camisola e não colocara
lingerie por baixo naquela noite.
Ela retirou a camisola, a colocou para lavar e tomou um
banho. Após isto, vestiu uma lingerie e colocou um short doll, sem nem notar,
distraída e morrendo de sono, que o shorts era decotadíssimo, a calcinha
também, e que a parte de cima era transparente.
Era uma roupa de dormir que normalmente ela usava quando
ia dormir na casa de Takeo.
Talvez fosse inconsciente, vontade de ter Takeo na cama
dela naquela noite.
Mas ela voltou a dormir, e desta vez, dormiu
profundamente, sem sonhar.
Acordou no dia seguinte , tarde, já perto do horário do
almoço, e ainda mais distraída, imersa em seus pensamentos.Talvez achando que
estivesse na pensão de Sakura City, onde só tinha mulheres, desceu com seu
short doll decotadíssimo e sensualíssimo , as escadas, e encontrou seu pai na
sala.
Ao v~e-la, ele primeiro arregalou os olhos e depois
desviou a cabeça, e colocou o livro que lia na frente dos olhos, para não
vê-la.
-Papai, bom-dia!Por que está se escondendo atrás deste
livro?
Kazuo, corado de vergonha, nem teve coragem de responder.
Mas Lune se aproximou dele, abaixou o livro e deu-lhe um
beijinho no rosto.
Ele ficou mais vermelho ainda!
Foi quando Ruri apareceu, saindo da cozinha e disse com
voz monótona:
-Onee-san, você está quase pelada na frente do papai...
Só então Lune olhou para si mesma.
Seus olhos se arregalaram e ela soltou um grito:
-Aaaaaah ! Desculpe !Desculpe !
E subiu as escadas na velocidade de um foguete, corada de
vergonha da cabeça aos pés!
Vestiu correndo um moletom, calça e blusa, sem decote
nenhum, bem folgado e escuro, talvez para compensar o modo com que ele a vira
antes, e desceu as escadas de novo, e foi direto para a cozinha.
-Oi, Filha, bom dia !Olha, melhor nem tomar café da manhã
agora, daqui meia hora o almoço vai estar pronto !
-Está bem, mamãe !
Disse Lune, num tom carinhoso, abraçando a mãe por trás e
dando um beijinho no rosto dela.
(Por continuar)
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