domingo, 23 de julho de 2017

Episódio 81- Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP



Lune não sabia nem como começar a nova conversa com a mãe.
Mas nem precisou.Ela se levantou, toda desarrumada, com a roupa toda amassada e, distraída e perdida em seus pensamentos,se levantou da cama e, gesto quase que automático, abriu a porta de seu quarto e deu de cara com sua mãe.
Lune levou um susto, achando que ela estaria brava com ela, mas o que encontrou foi um rosto sofrido como o seu, de quem, como ela, não tinha conseguido pregar o olho a noite toda.
-Mãe?
-Filha?
Momiji foi logo entrando e sentou-se na beira da cama e deu tapinhas no colchão iindicando o lugar para Lune se sentar, e ela assim o fez.
Seguiu-se um silêncio constrangedor, com as duas olhando para os lados, e olhares baixos.
Finalmente, o gelo foi quebrado:
-Desculpe !
Disseram as duas ao mesmo tempo.Parecia até que tinham combinado !
Ambas deram risinhos nervosos, e a ansiedade era clara no rosto de ambas.
-Ontem seu pai me pediu desculpas e o desculpei, mas disse a ele que não vou desculpar para sempre. Um dia as desculpas acabarão, e com elas o amor, e pedi para que ele  prestasse atenção,e não desperdiçasse nosso relacionamento com desculpas, pois, a cada nova, ele vai desmoronando um pouquinho...
Lune arregalou os olhos e seu coraçãozinho acelerou -era visível a aflição e a tensão no rostinho distorcido dela!
-Calma, filha, olha, eu me arrependi de ter falado isto ao Kazuo-kun...olha, eu sou muito insegura, eu pareço forte, mas sou muito insegura, eu tenho um temperamento forte, ‘as vezes perco a cabeça, e sou muito ciumenta também...e ele não merecia ouvir palavras tão duras e dolorosas...nem você...
Lune abraçou a mãe dela com força.
-Eu não quero perder a senhora !Nunca!
Momiji deu um sorriso tímido, e afagou os cabelos da filha.
-Infelizmente nós mães não somos eternas como gostaria de ser, nem os filhos, somos mortais, e um dia vou faltar...como seu pai também, e um dia, você.Mas enquanto eu estiver viva, meu amor você nunca vai perder. Impossível os filhos perderem o amor de suas mães. Você veio daqui,daqui de dentro, a carreguei por tantos meses dentro de mim, você nasceu, e foi um parto tão difícil, tão doloroso, temi tanto te perder...como poderias perder meu amor?
Momiji tinha seus olhos marejados, e as lágrimas dela caíma sobre o rosto de Lune , que também chorava. As lágrimas das duas , mãe e filha,se uniram em uma só...
Momiji repentinamente olhou para o rosto de Lune e, espantada, arregalou os olhos:
-Aaaaaaaahn ! Nossas lágrimas!
-O que aconteceu, mamãe?O que tem elas?
-Elas se uniram em uma só e formaram um coração....oooh, por Buda!Por Buda !
Ambas estavam comovidas, e Lune só conseguiu dizer, ainda abraçada ao peito da mãe:
-É o nosso amor...sinal de que nos perdoamos...isto...isto é tão bonito !
Momiji abraçou a vabeça da filha e beijou-lhe os cabelos com carinho.
-É isto mesmo! Vamos deixas tudo de lado e seguir nossos caminhos, juntas, juntas, sempre, sempre juntas !
-Sempre juntas, mamãe!
-Bom, então, por favor  vá tomar um banhoo, se arruma, se pentei, se veste e venha me ajudar com o café da manhã, pois daqui a pouco sua avó acorda , está bem?
-Tudo bem, mãezinha!
Lune se levantou, deu um beijo na testa da mãe, aparou as lágrimas delas enquanto ela aparava as suas, e acariciou os longos cabelos pretos dela.
As duas se levantaram e Momiji saiu do quarto e fechou a porta com delicadeza.
Ainda emocionada, Lule tirou suas roupas, foi ao banheiro, depois entrou no banho.
Depois do banho, enxugou-se  e começou, com uma gilete, a depilar as pernas e a virilha, pois observara no espelho que ela estava demasiado peluda.
Só então, depois deste dolorido ritual, ela colocou a lingerie e a roupa, depois escovou os dentes e se penteou e se perfumou. Calçou sapatinhos leves que combinavam com a saia azul e a blusa tomara que caia amarela, e desceu as escadas.
Ao chegar na cozinha,sua mãe já trabalhava.
-Pode deixar , que o arroz eu faço, mãe!
-Tudo bem, eu já estava grelhando os peixes.Veja por favor se a sopa missô está no ponto!
-Está sim, e o chá, deixa comigo também !
Não demorou muito e o café da manhã estava na mesa.
O primeiro a chegar foi Kazuo, a segunda foi Ruri, e por fim  Asuka chegou.
Por respeito, ninguém começou a comer até que a matriarca da família chegasse.
E enquanto Asuka não tocou na comida, ninguém tocou também.
-Vamos começar logo, que estou com fome !
-Sim, vovó, estávamos esperando a senhora !
-Ruri-chan, meu bem, ainda bem que ainda resta algum respeito pelos idosos nesta casa...
-Ah, nós sempre a respeitamos, vovó...
Asuka arregalou um dos olhos para Ruri e disse:
-Será mesmo?Será que você pode dizer isto, Kazuo-san?
O olhar agora foi para o pai de Lune, que engoliu em seco.
-Mamãe, para de implicar, vai, vamos tomar nosso desjejum em paz...
-Ah, sim, filha ingrata...depois que terminarmos, eu e a Lune-san vamos sair juntas- e vou dirigir seu carro !
-Não precisa, vovó, eu tenho meu carro agora, podemos ir com o meu...
-Ah, você é um doce, minha netinha, está bem, vamos no seu então, já que nunca andei no seu !
Disse Asuka para Lune, e depois voltou-se para Kazuo de novo:
-E você, trate de mandar arrumar seu carro, e não escolha oficina cara, pois eu que vou pagar, está bem?
-O carro tem seguro, Asuka-san...
-Não interessa, manda arrumar, vá atrás disto, anda, preguiçoso de uma figa!Fica aí enrolando para terminar o café da manã para não fazer as coisas !
-Não seja maldosa com ele, mamãe, calma...
-Momiji-san, você está do meu lado ou do seu marido?
-Vovó, que escolha injusta, não são coisas que se comparem...
-É tudo ser velha e ficar todo mundo contra mim...bando de ingratos...acaba logo este café da manhã, Lune-san, anda !
No fim, todos tiveram de terminar correndo e se levantar.
-Pegue a chave do carro, e não se esqueça das chaves da casa, vamos embora passear, Lune-san !

(Por Continuar)

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