O minúsculo carrinho de Lune não corria muito, mas ela foi
para o apto de Takeo na mais alta velocidade que o pequenino Suzuki permitiu.
Chegando lá, parou num estacionamento ao lado.
-Não é melhor eu subir com você, Lune-san?
-Não, vó, fique aí, que eu vou subir.
-E se o porteiro não quiser anuncia-la?
-Eu tenho uma cópia da porta do quarto dele, o porteiro
nem precisa me anunciar.Olha, vovó, aqui na esquina tem uma lanchonete de
petiscos japoneses deliciosos, por que a senhora não faz uma boquinha lá
enquanto resolvo as coisas?
-Eu preferia subir, mas já que você prefere assim...
-Tchau, vovó, até aqui a pouco !Fui !
E Lune foi mesmo. Chegou na entrada e abriu o portão com
sua chave.
Ainda assim, o porteiro, um senhor de idade, a interpelou:
-Olá, senhorita Lune, quer que eu a anuncie para o senhor
Takeo?
-Não precisa não, pode deixar...
Lune correu e , esbaforida, chamou logo o elevador, e
batia o pé de nervosa enquanto esperava.
Mas ele demorava, e ela começou a bater com os calcanhares
no chão, o que chamou a atenção do porteiro.
-Qual é que é, heim? Está olhando o quê?Meus peitos
balançarem?
-Não senhoritas, é que nunca vi ninguém ficar batendo os
calcanhares no chão...
O elevador finalmente chegou e as portas se abriram.
E uma senhora de andador saiu devagarzinho de lá, para
desespero de Lune, mais ansiosa do nunca.
Finalmente a porta estava desobstruída, e o elevador
começou a subir.
Repentinamente, acabou a energia elétrica, ficou tudo
escuro e o elevador parou.
Lune, assustada, colocou seu celular em modo lanterna e
quando deu por si, o elevador tinha parado entre um andar e outro, e a porta
tinha-se aberto para a parede.
-Ai, não ! E agora?Que droga! E se este troço cair?
Ela disse para si mesma.
O ar condicionado parou de funcionar, e o calor começou a
ficar insuportável.
Lune suava aos cântaros. Resolveu apertar o botão de emergência,
e um alarme disparou.
-Droga, dorga, que droga !Este barulho me irrita !
Ela pensou em ligar para Takeo e chama-lo para socorrê-la,
mas aí, pensou ela, estragaria sua surpresa.Então resolveu chamar a avó.
Porém, ali, entre um andar e outro, naquele ambiente
fechado, o sinal de celular era zero, e ela sequer conseguia fazer a ligação!
E pior, pensou ela: se não conseguia ligar para a avó, não
conseguiria ligar para mais ninguém.
E ela estava ensopada de suor !
Lune aproveitou-se do escuro e que não havia ninguém ali,
e levantou a barra da saia e a abanou para refrescar virinha e pernas, já que
sua roupa de baixo estava ensopada de suor.
Com a outra mão, começou a puxar o colarinho da blusa para
frente e para trás para refrescar os seios, também inundados de suor.
-Dava até vontade de tirar toda a roupa, mas vai que alguém
aparece...ai, que calor...
-Nheeeeeeeeeeeeeeec !
SUSTO !
Lune deu um pulo para trás e bateu com as costas na
parede, para depois cair sentada.
-Aaaaaai, meu traseiro...esta doeu...
A vontade que Lune tinha era de chorar, até que viu o
gancho do interfone na parede.
-Estou salva !Vou chamar o porteiro !
Porém, o interfone estava mudo...
-Ah, não , não é possível! Será que vou ficar presa neste
cubículo para sempre?Ninguém virá me salvar?
-Nheeeeeeeeec !
-Aaaaaaaaah! Eu vou cair !
Foi a reação de pãnico de Lune, coração disparado,
adrenalina a mil, ante o segundo rangido.
-Ai, não eu vou morrer, é agora que vou para o Nada!
Trumkblooom !
O elevador estremeceu todo e sacudiu violentamente,
fazendo Lune cair sentada de novo!
Olhos arregalados, pavor intenso, lágrimas nos olhos,
sensação de espinha gelada, todos os cabelos e pelos do corpo arrepiados, ela
tremia tanto de terror, que não conseguia nem levantar !
Estava lá, estatelada sentada no chão de pernas abertas,
paralisada!
-Nheeeeeeeeeem !
Outro rangido!
O desespero total tomava conta dela, e parecia-lhe o coração
lhe sairia pela boca!
Ela chorava copiosamente !
Trumblooom !Trumblooom !
Desta vez a sacudida foi para cima, duas vezes seguidas, e
Lune quase teve um infarto !
-Takeo-kun, Takeo-kun, apareça para me salvar ! Me salva
por favor!Por favor, eu te implooorooooo...
Foi quando ela ouviu barulhos na porta. Alguma coisa
estava forçando a porta a se abrir!
Um raio de esperança surgiu em seu coração, e ela se
levantou com a rapidez de um raio.
Finalmente a porta, aos trancos e barrancos, com
dificuldade se abriu.E fez –se a luz !
Lune, histérica de seu trauma, correu em direção ‘a luz.
-Takeeeeeeeooooooo !
Seu noivo estava ali, junto com o zelador do prédio, e a
recebeu com um abraço.
-Ai...Takeo-kun...eu senti tanto a sua falta, tanto,
tanto...fiquei com tanto medo...
-Está tudo bem, meu amor, estou aqui com você!O porteiro
me chamou logo que você subiu, e como eu vi que você estava demorando, fiquei
preocupado ! Aí acabou a energia elétrica, e lembrei que você estava no
elevador, e tocou o alarme, aí eu sabia que era você e chamei o zelador para me
ajudar , e com o pé-de cabra consegui abrir a porta !
-Você é meu herói, Takeo-kun, me salvou...eu..eu estou tão
feliz...
-Eu não tinha como não resgatá-la, meu anjo, muito
obrigado...ah, deixe-me apresentar, esta aqui é a nova secretária do meu pai,
meu Pai a mandou para cá para organizar meu apartamento para mim, pois a última
vez que ele veio me visitar, ele achou muito bagunçado, especialmente meus
documentos e papéis importantes, ela é a Senhora Kirinawa!
Uma mulher de cinquenta e tantos anos, que Lune julgou que
devia pesar uns duzentos quilos inclinou o torso com dificuldades para ela,
para cumprimenta-la.
Lune a cumprimentou com o mesmo gesto.-Prazer em conhece-la,
Senhora Kirisawa !
-O prazer também é meu, senhorita Lune !
A senhora tinha um olhar severo e uma postura
amplamente profissional e reservada, o que causou alívio na garota. De fato, não
havia pistas de que pudesse ser amante ou coisa parecida.(Por Continuar)
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