Após um tempo as duas se
recobraram de suas emoções.
-Bom, minha netinha,não
tenho muito a te oferecer aqui, não pude juntar tanto quanto mereço pela vida
toda que trabalhei e pelo quanto sofri, mas vou procurar fazer de sua estadia
aqui a mais agradável possível.Meu carro velho, que seu avô me deixou, eu o
deixo estacionado na casa da vizinha, que aluga a garagem dela para mim.
-A Senhora Mikasa
Tawaguchi?
-Como sabe?
-Eu a conheci enquanto
procurava pela senhora...
-Ah, entendi. Ela é danada,
esperta, mas é uma boa pessoa. Sim, é ela mesma. Sabe, Lune-san, seu avô era taxista,
e depois que ele morreu, herdei o Nissan dele, do começo dos anos oitenta!O
carro é mais velho que você, e como é velho, não confio em colocar ele na
estrada para dirigir quase oitocentos quilômetros para ir ver vocês. Na
verdade, como odinheiro para a gasolina é pouco, eu quase que só o uso aos fins
de semana, mesmo por que, eu encontro quase tudo o que preciso pertinho daqui,
a poucos quarteirões,aí nem vale a pena tirar o carro da garagem.
Vamos então dar umas voltas
!
As duas saíram de casa e
foram na casa visinha, que é muito maior, e apertaram a campainha. A senhora
Mikasa as atendeu.
-Mikasa-san, vou dar umas
voltinhas de carro com minha neta !
-Olá, Asuka-san, voltou
cedo do xadrez hoje !Fiquem á vontade ! É um prazer revê-la, Lune-san !
-Soube que você andou
judiando da minha menina...
-Ah, só um pouquinho,
queria saber se ela ela mesma, deculpe, Lune-san, sou meio doidinha mesmo !
-Imagine, Senhora Tawaguchi...
-Vamos logo então, senão o
papo não acaba nunca!Até logo, Mikasa-san !
-Aproveitem !Até logo !
Asuka acionou o controle
remoto da garagem.
-Por que a senhora pediu
para ela, se tem o controle remoto, obaba?
-Já ouviu falar em
consideração?E em educação?Respeito, talvez?
Lune preferiu se calar,
pois viu que se insistisse , iria ouvir um monte !
Elas entraram no velho
Nissan Bluebird amarelo, todo empoeirado.
Por dentro, cheiro de veludo
mofado e muita poeira.
A partida foi longa e
vagarosa, mas o carro pegou na primeira.
Tossiu, engasgou, mas logo
se colocou em marcha.
Lune ficou com receio de
sujar suas roupas naqueles bancos, com espuma cansada e deformados de tanto
uso.E os cintos de segurança então, estavam encardidos e imundos.
-Sabe, Lune-san, deu o que
fazer para eu tirar os colantes coloridos de táxi, e o luminoso de táxi no
teto. Até hoje ainda conservo o taxímetro, que, por incrível que pareça, ainda
funciona !
-E eu achava o carro de meu
pai velho...
-Pois é, mas velhos tem
carros velhos, e eu gosto dele, é uma das poucas lembranças que seu avô deixou.
-Onde vamos, vovó?
-Primeiro vou te levar nos
museus, depois nas livrarias,, parques, enfim, o que der por hoje, e amanhã a
gente sai mais.Espero que você tenha dinehri para pagar sua comida, por que eu
estou muito apertada.
-Se a senhora quiser, eu te
empresto algum, obaba...
-Mas nem pensar !Isto seria
uma humilhação !
-Desculpe, vovó...
-Você ainda não
respondeu...
-Sim, eu tenho para o
meu...
-Ótimo !
E logo Asuka mostrou a
parte velha da cidade, com algumas ruínas do tempo da segunda guerra mundial.
Ela mostrou onde estava, onde morava durante a guerra, e onde sua parentada
morava, tudo o que fez e onde esteve na época. Contou, emocionada, que para a
sorte dela e do marido, eles tinham ido visitar
um tio do marido que estava doente, em Kobe, no dia em que a bomba caiu,
e souberam da bomba pelo rádio.Eles já estavam traumatizados com o que tinha
acontecido em Hiroshima e temiam ser os próximos.
Depois vivitaram os museus,
e foram jantar em uma lanchonete popular, um carrinho de rua com banquinhos,
onde comeram lanchinhos japoneses tradicionais, mas populares, que Lune
considerou deliciosos.
Só então, voltaram para a
casa dela.
Colocaram o carro de volta
na garagem, e ao chegarem na casa, Asuka preparou o banheiro, único da casa,
para Lune tomar banho. Ele ficava fora do quarto, mas como a casa era pequena,
a distância para o único quarto era de apenas alguns passos.
Claro que era um banheiro
pequeno e humilde, mas tudo funcionava perfeitamente.E a casa toda era muito
limpa, e cheirava a lavanda.
-Não demore no banho, a
conta de água é cara !
-Sim, senhora, obaba!Eu não
costumo demorar não...
-Já demorou !Vai logo, anda
!
Lune foi ao banheiro, e ao
se aliviar, descobriu que não havia vaso sanitário ocidental, apenas o
tradicional japonês que mais parecia um buraco no chão, onde tudo se fazia de cócoras;depois
tomou banho.
Até recomendação de
economizar sabonete Lune recebeu, então, foi bem rápido.
Saiu logo, se enxugou e foi
ao quarto se trocar, enquanto a avó assistia sua televisão.
Colocou um conjunto de
camisa e calça de moleton e foi para a sala.
Depois foi a vez de Asuka
ir ao banho.
Ao voltar, as duas ficaram
assistindo televisão e depois foram dormir:Asuka no quarto dela e Lune num futon improvisado , mas tipicamente japon~es
tradicional, no chão da sala.
(Por Continuar)
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