quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Episódio 94- Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP


 
-Bom, então terá de ser com seu jeitinho meigo e doce...ou nem tanto, já que você  é bravinha...
-Ele gosta de mim como sou!
-Sim, sim, ele deve ser masoquista para gostar de levar tapas na cara e bolsadas...
-Ele não gosta não, e nem faço estas coisas com prazer, só quando ele merece...
-Ainda bem que ele não acha seu jeito de amar violento, como eu acho...
-Na cama sou muito carinhosa e doce com ele e...Aaaaaahn?Falei demais !
-Haha ! Eu sabia, eu tinha certeza, agora você confessou, heim?
Lune só faltava sair fumacinha pelas orelhas!
-Eu estava brincando com você...vem, arrume suas coisas, eu te levo no aeroporto de carro, vamos logo ou você perde seu avião !
-Você me tira do ´serio, vovó...
-Ainda bem, pois não é nada legal ficar no sério o tempo todo!A Vida é curta demais para isto, a gente tem de sair do sério de vez em quando para podermos aproveitar a vida, para variar, não vale a pena viver séria a vida inteira!
-Gostei desta tirada, obaba !Vou me arrumar!
Lune não era destas mulheres que demoram horas para se arrumar. Não demorou e ela já estava pronta.
-Vamos lá então, mocinha !
Elas pegaram o carro na vizinha e logo estavam no aeroporto.
Asuka a deixou na porta do saguão e se despediu dela e agradeceu a visita.
E finalmente foi embora.
Lune, de posse de sua mochila e sua bolsa, dirigiu-se ao check in e lá recebeu sua passagem.
Ainda faltava bastante para o seu voo, então ela resolveu ir na praça de alimentação, e parou numa rede de lanchonetes fast food, onde pediu um hambúrguer enorme, de três andares, uma batata frita grande e um copão de refrigerante E mais uma torta de maçã, que ela gostava muito.
As pessoas ficavam olhando, meio que espantadas para ela.
Não que ela estivesse vestida de modo indecente, ou com roupas muito decotadas, pelo contrário, ela usava uma camisa sem decote para evitar novos olhares.
O que chamava a atenção eram os modos dela ‘a mesa: ela lambuzava todo o rosto com maionese e catchup, mais o molho do sanduíche, que de tão grande se desmontava todo, e ela pegava os pedaços de alface e tomate que caíam na mesa com as mãos e as lambuzava de gordura. Isto sem falar que ela pegara cerca de vinte guardanapos de papel e os estava usando todos, limpando a boca e o nariz e até enxugando a testa com eles, sem a menor cerimônia.
Ela nem ligava, não dava a mínima mesmo para os olhares reprovadores e severos e continuava no seu festim de molhos e pedaços se espalhando pela mesa, e um amontoado enorme de guardanapos usados ao lado.
Finalmente ela terminou , limpou a boca de novo, sem nem reparar que depois de este festim pantagruélico todo o batom já tinha saído de seus lábios.
Ao se levantar, despejou o conteúdo da bandeja no lixo, e saiu sem ao menos reparar que tinha caído cactchup e maionese na sua blusa, na altura dos seios.
Tranquila, cantarolando baixinho, foi ao banheiro feminino, onde só então se olhou no espelho e percebeu as manchas na camisa.
Bom, ela tinha trazido poucas roupas e estava usando a última camisa.
Pegou uma toalha de papel e tentou tirar as manchas, mas ficou pior.
Vendo que não tinha jeito, resolveu ir numa loja e comprar uma camisa nova.
Qualquer outra garota morreria de vergonha de andar no meio de um aeroporto com uma camisa suja e manchada, menos Lune.
Por ela, ela nem trocaria, mas sabia que se chegasse em casa daquele jeito, ouviria broncas de seus pais.
Ela saiu andando pelos corredores, encontrou uma loja de roupas e entrou.Diferente da maioria das mulheres, Lune não gostava de ficar experimentando dez mil roupas até escolher qual queria. Era direta no assunto, batia o olhou e se fosse com a cara da roupa, experimentava e levava.
Assim, ela encontrou uma camisa amarela do jeito que queria, e a camisa lhe serviu perfeitamente.
Ela não quis saber de muita conversa com a vendedora, já foi logo ao caixa e sacou seu cartão de crédito ilimitado platinum, e pagou a camisa.
No trocador mesmo ela colocou a blusa nova, mas o desafio era conseguir fazer caber a blusa antiga na mochila já estufada.
As vendedoras passaram por ali em frente, e clientes também, quando ouviram alguém gritar:
-Entra , infeliz !Anda, entra tudo logo de uma vez !Vai logo com isto, eu tenho pressa !Enfia tudo, vai,anda!Vai ou não vai ! Mas vai até o fim, não quero nada vazando para fora , não quero me sujar mais !Anda, vai, só mais um pouquinho, vai, quase chegando lá, é muito grande, mas vai ter que caber!Está apertada mas terá de caber !Aaaah, finalmente coube ! Que alívio !Achei que não ia caber inteiramente, é maior do que eu pensava!
As vendedoras se entreolharam, espantadas:
-Será que ela está transando dentro do trocador?
-Mas como teria entrado um homem dentro do vestiário feminino sem a gente ver?
-Será que ela é lésbica e estão usando aqueles aparelhos...
-Sei lá, e se ela estiver se masturbando com algum objeto?
-Melhor a gente bater na porta !
-É, se for uma pervertida, a gente chama a polícia !
Toc !Toc!Toc!
Lune abriu a porta:
-Pois não?
As vendedoras estavam com olhar de fera:
-Com quem que a senhorita estava?Ouvimos barulhos de relação sexual vindas daqui de dentro!
-Relação sexual?
Lune lembrou das coisas que pensara alto enquanto arrumava sua mochila.E caiu na risada e elas se entreolharam espantadas, sem entender nada.
-Não era relação sexual não, gente, eu é que estava colocando minha camisa velha na minha mochila, que já está muito cheia e não estava cabendo, e acabei pensando alto...desculpem !
Agora foi a vez das vendedoras se envergonharem e pedirem desculpas.
Lune foi embora da loja, passou novamente no banheiro para se aliviar, e finalmente foi para a sala de embarque.
Passou pela Polícia Federal e o detector de metais, e foi esperar seu voo na sala de embarque junto a seu portão.
Por fim, seu avião chegou e ela entrou na fila para embarcar.
Após algum tempo, entrava no avião e se acomodava na janelinha do lado esquerdo, bem em cima da asa.
Não demorou e o avião decolou.

(Por continuar)

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