segunda-feira, 6 de abril de 2015

Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP- Episódio 2



-E você é o que há de mais precioso para ele, filha. Tenho certeza absoluta disto!
Então Lune  ouvi o barulho que ela mais temia...o ronco do motor do carro de Takeo, e a porta dele se abrindo e fechando. A campainha logo tocou, afiada qual faca no seu coração!
 Ela se levantou da mesa, saiu correndo e abriu a porta, e abraçou a ele como se fosse o último abraço antes de ela subir para o cadafalso...
Lune então explodiu num choro convulso, desesperado, tão profundo e tão lúgubre que ele levou até um susto, mas imediatamente a abraçou e acariciou suas costas com uma delicadeza tal que ele nunca fizera antes.
Ficaram minutos intermináveis abraçados e ele chorava também, e se esforçava para se recompor com dificuldade...
Então a mão dele pousou no  queixo dela, e lhe deu um beijo intenso, verdadeira caricia dos lábios dele em seus lábios, tamanha a delicadeza.
Quando terminou, ela só conseguiu mormurar:
-Oh, Takeo-kun...
-Eu estou aqui, meu anjo, estou aqui, calma, não fica triste assim, senão eu fico triste também, e não quero ir assim, vendo você chorando...quero poder me lembrar desse seu sorriso doce iluminando este rostinho lindo, angelical , que você tem...
-Eu não quero ir, amor, não quero ir...quero ir com você ! Não quero ficar sem te ver...
-Ai, amorzinho, você sabe que se eu pudesse estaria te levando contigo ou indo com você...você precisa ser forte, esta fase das nossas vidas vai passar, e ainda vamos ser muito, muito felizes juntos, você vai ver, vai valer a pena esperar!
-Amor, você não está se tocando, não é só um simples fim de semana, são quatro anos, amor, quatro anos das nossas vidas que irão se passar...eu tenho medo, medo, muito medo, eu estou assustada, não sei o que pode me acontecer...
-Quem vai mexer com uma filósofa samurai como você? Você é uma fera!
-Seu bobo, bobinho...eu não sou tão brava assim não...no fundo eu sou sensível e delicada, e não sei se serei forte o bastante para suportar tal sofrimento!
-Eu sei, amor, você é tudo que existe de mais precioso, mais divino, mais maravilhoso, mais explêndido neste mundo para mim, meu anjinho.
-Você também, meu amado...
-Olhe para trás, e veja que lindo...
Lune olhou e se emocionou...a chuva tinha parado e um arco íris enfeitava o céu!
Seguramente o mais lindo que ela já vira em toda a sua vida...
-O Arco Íris é um sinal de esperança, meu amor. Não perca nunca suas esperanças, meu anjinho, tenha fé. Por um tempo vamos caminhar pelo Arco Íris até nos encontrarmos de novo, pois é no final dele que encontramos os nossos sonhos e  é quando ele termina que eles se realizam! E no final da sua travessia, como no final da minha, estarei te esperando de braços abertos novamente, para nunca mais nos separarmos, então não haverá nunca mais despedidas, eu lhe juro, amorzinho, eu lhe juro que estarei te esperando, casto, puro, fiel a e para você, só por você, pois você é o sonho da minha vida, aquela que sempre procurei, e que transformou minha realidade em sonho, e meu sonho em realidade !
-Ai, amor, que lindo...não sei nem o que dizer...eu também lhe faço o mesmo juramento, pois você também é o meu sonho, um sonho do qual eu nunca mais quero acordar !Mas eu preciso saber, anjinho, pois eu me sinto muito insegura agora....você jura que nunca, nunca mesmo , vai me esquecer?
-E como eu poderia esquecer quem é inesquecivel? Claro que juro, amor, eu jamais a esqueceria, nem tem como, anjinho!
-Eu também juro que nunca vou esquecê-lo!
-Que lindo, amor...ah, aqui está um presentinho para você!
E ele tirou de uma das malas uma caixa embrulhada em um papel enfeitado com coraçõezinhos. Era um ursinho de pelúcia !
-Ah, que lindinho, amor, obrigada ! Vou levá-lo com todo o carinho!
E  ela apertou o ursinho num abraço forte, contra o seu peito.
-Queria ser este ursinho agora...
Disse Takeo, com carinho.
-Ah, seu bobinho...vem cá...
As mãos dela puxaram a cabeça dele junto ao seu peito, de um modo ao rosto dele ficar junto aos seus seios. Então ela abraçou a cabeça dele com força, e as lágrimas logo voltaram a cair...
-Não sabe o quanto isto significa para mim, amor...poder ouvir seu coraçãozinho tão lindo, tão apertadinho, batendo por mim...Agora é a minha vez !
Lune recostou sua cabeça junto ao peito dele e o abraçou, e ele abraçou a cabeça dela, acariciando seus cabelos com delicadeza.
-Minha amada, minha amadinha...já estou com saudades desde agora!
-Eu....eu...também...
Então eles ouviram Momiji chamando:
-Lune-san, você não vai deixar o Takeo-san entrar não?
Os dois então se recompuseram com muita dificuldade, e entraram. Ele se despediu de todos com muita emoção, agradeceu toda a atenção e carinho da  família Tamasuki com ele, e se despediu com um carinho todo especial da Megumi, que também não parava de chorar. Pela primeira vez na vida Lune não sentiu ciúmes daquele abraço tão apertado nem do beijo na boca, mas os viu com carinho e doçura, encantada de ver como dois irmãos podiam ser assim tão queridos e unidos entre si!
Então era hora de Takeo ir embora, e todos foram para a frente de casa.
-Até breve, meu amor, aguarde o próximo feriado, que virei correndo te visitar !Disse Takeo.
-E no outro será a minha vez de ir ver você, amorzinho !
-Não vejo a hora, anjinho. Por favor, cuide-se bem e estude bastante! Saiba que além do meu amor e paixão, eu tenho muito orgulho de você!
-Eu também, docinho. Dirija com cuidado, por favor, não corre , ok?
-Pode deixar, amor. Não te esqueça nunca que eu te amo demais!
-Eu também te amo demais, e nunca esquecerei, pois você também é inesquecível, meu bem!
Ele  respondeu com o beijo de despedida, longo, profundo, carinhoso, doce, inesquecível. Entrou no carro dele, acenou para todos,  mandou beijinhos para Lune, deu a partida e logo ele desaparecia no horizonte.
Lune correu atrás do carro alguns metros, chorando, acenando para ele , e tropeçou e caiu no chão, para depois gritar, ainda com o carro dele no seu campo de visão,ajoelhada no chão:
-Takeo-kun! Takeo-kun! Por favor, por favor, não me deixe aqui, não me deixe soooó!
Mas o carro dele se distanciava e ele tudo via pelos retrovisores, e suas lágrimas também caíam, era com muita dor no coração que ele partia!
Ela chorou deslavadamente, desgragadamente, escandalosamente, em desesp~ero num pranto tal que mais parecia que ele tivesse morrido !
Lune ficou olhando para o céu...agora o arco íris tinha desaparecido, e voltou a chover...
Por um bom tempo Lune permaneceu ajoelhada, depois deitada no asfalto chorando,inconformada e cheia de saudades de seu amado ,debaixo de chuva.
A família já tinha entrado, e Lune voltou arrasada  e encharcada para casa, e o seu desânimo foi tanto que Ruri teve de fazer minhas malas para ela, enquanto a Megumi tentava inutilmente a consolar.Ela teve de tomar outro banho e colocar novas roupas e se arrumar tudo de novo, e só o fez porque muito forçada por Ruri e Megumi.
Mas a dor no coração era muito forte, e ,ainda muito deprimida,Lune não conseguia mais parar de chorar, tanto que mal conseguia respirar!
Então, tudo pronto, o pai  dela colocou suas malas no carro dele, e abriu a porta para ela. O caminhão já tinha passado e levado o carro dela embora.
Ela abraçou um a um com carinho, e quando chegou a vez do Otaru,  ela perguntou para Megumi:
-Me empresta meu irmão um pouquinho?
-Claro, Lune-san, fique à vontade, sua boba !
Ela o abraçou muito forte, acariciou as costas dele, e pela primeira vez na vida, lhe deu um beijo selinho na boca, apesar dos protestos dele.
Abraçou a própria Megumi com carinho e ternura, e então, entrou no carro.
Ou melhor, a mãe dela praticamente a arrastou para dentro do carro, pois a vontade de Lune  ir era nula...
Foi com seu pai na estação de trem, ele comprou a passagem para ela, lhe deu um bom dinheiro, e quando o trem finalmente chegou, a abraçou forte e beijou sua testa. Então ela se despediu dele, e entrou no trem, as portas se fecharam, o trem partiu, e  ela viu seu pai  acenando para ela, mal disfarçando a tristeza e as saudades, e ela para ele, e ela tinha os olhos marejados,despejando cachoeiras de lágrimas pelo seu rostinho delicado...


(Por continuar)

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