Sensibilidade de Viver : Interlúdio
Versão Folhetim Em Primeira Pessoa
Episodio 1
Agora que tanto Lune como Takeo tinham passado no
vestibular para suas faculdades, era hora de eles fazerem seus cursos. O grande
problema para eles, no entanto, era que Lune iria fazer a Faculdade de História
do Museu da História Japonesa, em Sakura City, bem próxima de Tokyo, enquanto Takeo iria fazer a Faculdade de Belas Artes na
Universidade de Arte e Design em Sapporo, bem mais ao norte, para se ter uma
idéia, de Osaka ele teria de atravessar quase meio Japão para chegar até lá!
Já a faculdade de Lune era bem mais próxima de suaa cidade.
Por quatro longos anos ela e ele teriam de morar sozinhos e separados, longe de
seus pais , e só poderiam se ver nas férias e nos feriados.
Como seria de se esperar, seria uma dura prova
para o relacionamento deles!
Lune se sentia deprimida, triste e desanimada,
quando amanheceu aquele dia, que ela não
queria que chegasse, mas infelizmente chegara.
Ela nem tinha arrumado suas malas ainda, e o
desanimo tomava conta de dela.
Levantou-se de sua cama com dificuldade, quase
se arrastando, e tinha dormido só de
shorts de pijama, sem ter colocado sequer uma lingerie.
Ela olhou para a cama e viu as horríveis
marcas marrons na roupa de cama e no shorts. Ela estava tão triste com a sua
partida que até esqueceu que estava no
terceiro dia da menstruação...
Então foi tomar banho, e não conseguia pensar
direito em nada. Acabou se sentando no fundo da banheira, vendo o fio de sangue
sair dela em meio a água quente, abraçando suas próprias pernas, olhar perdido,
distraído em meio às bolhas de sabão.
Ao observar a delicadeza das bolhas ,Lune
começou a pensar que a efemeridade delas lembrava a da própria presença das
pessoas na vida, e também a da própria vida. Ficou revoltada, não aceitando que
tudo pudesse ser assim tão breve, tão delicado, e que a linha que separa a
Existência da Inexistência, da Presença e da Ausência, fosse assim tão
delicada!
Depois de lavada , enxugada e perfumada, ela foi
ao seu armário procurar uma roupa adequada. Escolheu uma calça cigarrette de
sarja caramelo, e uma blusa tomara que caia de cashemere de cor amarela clara, haja vista que a cor
amarela era a que ela mais gostava.
Então revirou a gaveta de lingeries, e decidiu, já que usaria uma blusa tomara
que caia, não colocar sutiã, apenas uma calcinha de algodão pouco decotada. Logo
o absorvente higiênico estava grudado na calcinha e ela a vestiu e ajustou.
Agora sua atenção se dirigiu aos calçados, e olhou para a sapateira, e decidiu-se
por um sapato fechado de couro marrom claro. Terminou de me vestir, se penteou,
se maquiou e saiu do seu quarto.
Ninguém tinha acordado ainda, então ela ficou
vendo a neve cair, já rala, pois o inverno estava terminando, e uma chuvinha
fina e insistente. Só então ela se lembrou que estava frio la fora, e voltou ao
seu quarto, onde pegou um grosso casaco de camurça marrom escuro, cheio de
bolsos. Lune olhou na garagem, e viu o seu pequenino Suzuki Twin, ainda tinindo
de novo la parado. Dali a pouco iria chegar o caminhão que o transportaria a
Sakura City. Também a van Daihatsu Atrai da sua mãe, e o Mitsubishi do seu pai
la estavam. Seu pai iria a levar a estação de trem no carro dele, mas
antes Takeo tinha ficado de passar na
casa dela para se despedir.
Ele iria com a Mercedes que o pai dele tinha
dado para ele até o aeroporto, onde pegaria o avião para Sapporo, e mandaria
embarcar o carro no avião.
Então, como Lune já tinha me acostumado a tomar um café da
manhã mais ocidental, com leite, chocolate, pão e geléia de frutas com as
manias de Takeo, começou a preparar o seu desjejum.
Logo sua mãe acordou e me cumprimentou, e
começou a preparar o arroz gohan para o café da manhã do resto da família,
assim como o peixe, etc.
Dali
à pouco chegavam o pai dela, Otaru,
Megumi e Ruri.
Todos notaram seu olhar triste e perdido no
Nada.
-Não fica assim, Lune-san!
Disse
Megumi, enquanto todos tomavam o café da manhã.
-Ah, será que eu vou agüentar...eu nunca vivi
sozinha na minha vida, e sem o Takeo-kun...
-Você precisa ser forte, Lune-san! Olha, você
conseguiu enfrentar e vencer aquela demente da Kotomi, como não enfrentará o
que está por vir?
-Mas por que tudo tem que ser enfrentado,
Megumi-chan? Por que as coisas não podem ser mais fáceis?
-O e
você disse ao Soichiro-san quando vocês começaram a namorar, antes de ele me
conhecer, onee-san?Que para valer a pena
serem conquistadas, as coisas tem de serem difíceis de conquistar, senão, qual
é a graça de se conquistar facilmente? A gente não valoriza mais o que
conquistamos, não fica muito mais gratificadas se tivermos de nos esforçar para
conseguir nossos objetivos?
-Ah, Ruri-nee-san....quando e´conosco, fica
difícil enxergarmos este lado da vida, pois estamos do outro lado...
-Filha, fique tranqüila, ânimo, filhinha,
olha, pense que quando vocês terminarem seus cursos, vocês irão se casar, ter
filhos, há um grande prêmio esperando por vocês quando tudo terminar ! Você
verá, no final das contas, que vai ter valido a pena esperar e passar o que se
tiver de passar, e tenho a certeza de que, quando você voltar, vai valorizar
muito mais o Takeo, e amá-lo muito mais !
-Mas eu tenho medo de esquece-lo, pai, e
principalmente, de que ele me esqueça, e me traia com alguém ! Você sabe que
fidelidade não é exatamente o forte dele...
-Lune-san, olha, se ele fosse assim, ele não
teria ficado com a Kotomi e te largado? Eu não acho que ele seja assim tão
inconfiável, você precisa confiar mais nele, e em você mesma também!
-A Megumi-chan tem razão, filha. Se você não
confia nele, não está segura de si que o ama
de verdade !
-Não, mãe, imagine, claro que eu o amo, e
muito !Ele é o que há de mais precioso para mim!
(Por continuar)
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