Aqui estou neste sombrio Museu de
Historia Natural, no meio da noite. Somente eu e centenas de esqueletos de
criaturas do passado.
Cá estou porque sou um
cientista. De fato, sou o Curador do Museu.
Quando eu já estava para ir para
casa, depois de um dia duro de trabalho, eu comecei, apesar de tão exausto, a
olhar para um esqueleto magnifico da coleção: Smilodon californicus, o famoso
tigre de dentes de sabre. Este exemplar era tão especial porque foi um dos
últimos de sua espécie: ele viveu apenas há trinta e nove mil anos atras, quase
exatamente a mesma época em que o Homem de Neanderthal se extinguiu.
O aspecto daquele esqueleto de
felino de dentes de sabre era incrivelmente brilhante aquela noite não sei por
quê.
Quase em frente do gato gigante
pré histórico estavam instaladas as caveiras dos Homens de Neanderthal.
Eu peguei na mão uma destas
caveiras e comecei a pensar comigo mesmo: ”O que será que ele pensava quando
ele viveu? Quais eram seus medos, seus sentimentos? Um dia ele respirou, ele
cassou, se juntou a uma companheira...”
Eu acabei, não sei, talvez
dormindo ou coisa parecida, enquanto eu olhava as caveiras do predador e do
homem antigo, e um torpor pesado tomou conta de mim, e eu comecei a ...sonhar,
eu suponho.
A visão do Smilodon me pareceu a
de um monstro de pesadelo, tão assustador e eu pude sentir uma sensação
extremada de absoluto pânico quando eu olhei para o Neanderthal, sim, eu pude
de sentir, o pavor ancestral daquele homem, o pavor causado por aqueles dentes
de sabre!
Pude sentir quando olhei as orbitas
vazia do crânio daquele homem e ao mesmo tempo, quando estava na mira das
orbitas vazias do crânio daquele gato gigante eu senti uma sensação muito
diferente: de maldade, crueldade, extrema ferocidade, algo de demoníaco, e pude
ouvir o miado sinistro saindo da boca ossuda e vazia dele, realmente
apavorante.
Eu tinha dormido na cadeira e sonhado.
Senti – me como se eu fosse um Homem de
Neanderthal em um intervalo morno antes da ultima Idade do Gelo. Eu estava em
uma caverna escura, a fogueira estava queimando
e havia muita gente dormindo naquela noite fria.
Eu pude escutar o rugido do
antigo, mas pacifico e herbívoro urso das cavernas Ursus spelaeus, ao longe,
nas profundezas da enorme caverna Mas, repentinamente, escutei algo muito mais
assustador: um forte, muito sinistro, profundo e ressonante miado. Todos
acordaram rapidamente, muito assustados. Na fraca luz da fogueira,
primeiramente apareceu uma horrível sombra, depois a figura mais terrível ainda
do felino dentes de sabre Smilodon californicus, um pouco maior que um leão,
mas muito, muito mais forte e musculoso, os super afiados e enormes dentes de
sabre, ligeiramente curvados para trás, serrilhados e terríveis. O olhar do
gato gigante era como os do próprio Diabo, e este tipo de olhar de crueldade
pura eu nunca tinha visto antes, mesmo nos maiores dinossauros predadores!
Pânico absoluto foi o que eu e os demais sentimos, e alguns companheiros,
corajosamente decidiram enfrentar a fera gigante com suas lanças afiadas, mas a
maioria corria de um lado para o outro, sem chance de escapar, especialmente as
mulheres com bebes e as crianças.
Agora, o fogo estava fraco e não
oferecia mais perigo ao intruso feroz. Um ou outro homem com tochas acesas
tentou sem sucesso encarar a fera, mas o preço que tiveram de pagar por sua
coragem foi o abdome rasgado, com os intestinos caídos ao chão em verdadeiros
rios de sangue, e agora os dentes gigantes, tintos de sangue eram mais
assustadores ainda! O rugido da fera encheu a caverna, fazendo os ursos nas
profundezas longínquas da caverna fazer silencio absoluto.
O ataque do Smilodon foi uma
verdadeira carnificina, um massacre. Eu estava escondido atras de uma grande
estalagmite, e o predador não me viu. Mas eu fui o único sobrevivente, e os
outros, alguns deles devorados, outros simplesmente morreram por nada ou pelo
puro prazer de matar que eu senti nos olhos do predador.
Uma cena jamais esquecerei:
Um homem, pego pelas costas; os
gigantescos caninos superiores afundaram-se profundamente dentro do peito da
vitima, com a cabeça entre as presas, e os caninos inferiores aprofundaram-se
ainda mais profundamente nas costas: quando as mandíbulas se fecharam, eu
escutei o “crack” da coluna vertebral se quebrando e os pulmões saltaram para
fora do corpo e o coração caiu no chão, dividido em duas partes, e as costelas
e o esterno se partiram , saltando para fora do corpo em um mar de sangue O
tórax foi separado do abdome pela incrível forca do felino gigante, eu pude ver
horrorizado, aquele homem, por uns poucos, mas longos minutos, pode ver sua
própria morte, e depois de um grito horrível de dor, ele olhou para o predador
quando a cabeça caiu no chão e sua expressão de espanto apavorado e dor
monstruosa foi realmente inesquecível – Eu pude reconhecer aquele homem- era a
cabeça que eu tinha em minhas mãos no museu!
Eu finalmente acordei do meu
pesadelo logo depois, quando minha esposa e filhos chegaram ao museu na manha
seguinte.
Minha expressão mostrava puro e
absoluto pânico e horror.
Agora eu sei que os primitivos homens das cavernas não tinham
tido apenas um simples inimigo, mas um verdadeiro pesadelo, a pura expressão da
crueldade, talvez a punição da Natureza para a rebelião Humana, e que talvez quase
tenha tornado a Humanidade uma espécie extinta!
FIM
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