quarta-feira, 30 de julho de 2014

Conto: Dentes de Sabre !



Aqui estou neste sombrio Museu de Historia Natural, no meio da noite. Somente eu e centenas de esqueletos de criaturas do passado.
Cá estou porque sou um cientista. De fato, sou o Curador do Museu.
Quando eu já estava para ir para casa, depois de um dia duro de trabalho, eu comecei, apesar de tão exausto, a olhar para um esqueleto magnifico da coleção: Smilodon californicus, o famoso tigre de dentes de sabre. Este exemplar era tão especial porque foi um dos últimos de sua espécie: ele viveu apenas há trinta e nove mil anos atras, quase exatamente a mesma época em que o Homem de Neanderthal se extinguiu.
O aspecto daquele esqueleto de felino de dentes de sabre era incrivelmente brilhante aquela noite não sei por quê.
Quase em frente do gato gigante pré histórico estavam instaladas as caveiras dos Homens de Neanderthal.
Eu peguei na mão uma destas caveiras e comecei a pensar comigo mesmo: ”O que será que ele pensava quando ele viveu? Quais eram seus medos, seus sentimentos? Um dia ele respirou, ele cassou, se juntou a uma companheira...”
Eu acabei, não sei, talvez dormindo ou coisa parecida, enquanto eu olhava as caveiras do predador e do homem antigo, e um torpor pesado tomou conta de mim, e eu comecei a ...sonhar, eu suponho.


A visão do Smilodon me pareceu a de um monstro de pesadelo, tão assustador e eu pude sentir uma sensação extremada de absoluto pânico quando eu olhei para o Neanderthal, sim, eu pude de sentir, o pavor ancestral daquele homem, o pavor causado por aqueles dentes de sabre!
Pude sentir quando olhei as orbitas vazia do crânio daquele homem e ao mesmo tempo, quando estava na mira das orbitas vazias do crânio daquele gato gigante eu senti uma sensação muito diferente: de maldade, crueldade, extrema ferocidade, algo de demoníaco, e pude ouvir o miado sinistro saindo da boca ossuda e vazia dele, realmente apavorante.
 Eu tinha dormido na cadeira e sonhado.
 Senti – me como se eu fosse um Homem de Neanderthal em um intervalo morno antes da ultima Idade do Gelo. Eu estava em uma caverna escura, a fogueira estava queimando  e havia muita gente dormindo naquela noite fria.
Eu pude escutar o rugido do antigo, mas pacifico e herbívoro urso das cavernas Ursus spelaeus, ao longe, nas profundezas da enorme caverna Mas, repentinamente, escutei algo muito mais assustador: um forte, muito sinistro, profundo e ressonante miado. Todos acordaram rapidamente, muito assustados. Na fraca luz da fogueira, primeiramente apareceu uma horrível sombra, depois a figura mais terrível ainda do felino dentes de sabre Smilodon californicus, um pouco maior que um leão, mas muito, muito mais forte e musculoso, os super afiados e enormes dentes de sabre, ligeiramente curvados para trás, serrilhados e terríveis. O olhar do gato gigante era como os do próprio Diabo, e este tipo de olhar de crueldade pura eu nunca tinha visto antes, mesmo nos maiores dinossauros predadores! Pânico absoluto foi o que eu e os demais sentimos, e alguns companheiros, corajosamente decidiram enfrentar a fera gigante com suas lanças afiadas, mas a maioria corria de um lado para o outro, sem chance de escapar, especialmente as mulheres com bebes e as crianças.
Agora, o fogo estava fraco e não oferecia mais perigo ao intruso feroz. Um ou outro homem com tochas acesas tentou sem sucesso encarar a fera, mas o preço que tiveram de pagar por sua coragem foi o abdome rasgado, com os intestinos caídos ao chão em verdadeiros rios de sangue, e agora os dentes gigantes, tintos de sangue eram mais assustadores ainda! O rugido da fera encheu a caverna, fazendo os ursos nas profundezas longínquas da caverna fazer silencio absoluto.
O ataque do Smilodon foi uma verdadeira carnificina, um massacre. Eu estava escondido atras de uma grande estalagmite, e o predador não me viu. Mas eu fui o único sobrevivente, e os outros, alguns deles devorados, outros simplesmente morreram por nada ou pelo puro prazer de matar que eu senti nos olhos do predador.
Uma cena jamais esquecerei:
Um homem, pego pelas costas; os gigantescos caninos superiores afundaram-se profundamente dentro do peito da vitima, com a cabeça entre as presas, e os caninos inferiores aprofundaram-se ainda mais profundamente nas costas: quando as mandíbulas se fecharam, eu escutei o “crack” da coluna vertebral se quebrando e os pulmões saltaram para fora do corpo e o coração caiu no chão, dividido em duas partes, e as costelas e o esterno se partiram , saltando para fora do corpo em um mar de sangue O tórax foi separado do abdome pela incrível forca do felino gigante, eu pude ver horrorizado, aquele homem, por uns poucos, mas longos minutos, pode ver sua própria morte, e depois de um grito horrível de dor, ele olhou para o predador quando a cabeça caiu no chão e sua expressão de espanto apavorado e dor monstruosa foi realmente inesquecível – Eu pude reconhecer aquele homem- era a cabeça que eu tinha em minhas mãos no museu!
Eu finalmente acordei do meu pesadelo logo depois, quando minha esposa e filhos chegaram ao museu na manha seguinte.

Minha expressão mostrava puro e absoluto pânico e horror.
Agora eu sei que os primitivos homens das cavernas não tinham tido apenas um simples inimigo, mas um verdadeiro pesadelo, a pura expressão da crueldade, talvez a punição da Natureza para a rebelião Humana, e que talvez quase tenha tornado a Humanidade uma espécie extinta!



                                               FIM 



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