sábado, 26 de julho de 2014

Sensibilidade de Viver Origens -Episódio 3



Episódio 3

E elas saíram, rindo na cara dele.
Ele correu imediatamente a socorrê-la e ela chorava abundantemente. Seu uniforme estava rasgado e ela estava com um olho roxo e diversos hematomas pelo corpo, alguns cortes nas pernas e nos braços ainda sangravam, mas eram superficiais.
-Venha, por favor, vou te levar na enfermaria...
Disse Takeo.
Ela olhou para ele com raiva e gritou:
-Eu não preciso de sua ajuda ! Não preciso de seu dó! Eu quero ficar sozinha ! Me deixa em paz!
-Mas eu me preocupo com você por que quero ser seu amigo, não é questão de dó...
-Eu não preciso de amigos! Será que você não entende? Será que ninguém me entende !Me larga, tira a mão de mim, não me toque !
-Mas, Lune-san, eu só estava tentando te ajudar a se levantar...
-Sai daqui! Sai daqui! Tarado!
E Lune deu um tapa na cara dele e se levantou com dificuldade, e foi embora mancando, enquanto ele ficava surpreso e atônito com a reação dela.
Ela voltou para casa mancando, sentindo tonturas e vomitando sangue. Estava despenteada e toda arrebentada.
Só o que se passava na cabeça dela eram pensamentos de vingança contra elas, e um sentimento de ódio profundo de todos. Sem falar na sua humilhação, ela estava amplamente deprimida!
Ao chegar em casa, Momiji, a mãe dela a viu naquele estado e soltou um grito:
-Filha !
-Me deixa em paz!
-O que aconteceu, Lune? O que é isto?
Momiji estava nervosa e desesperada com o estado da filha.
-Quem fez isto com você?
-Não quero saber! Me deixa em paz, já disse!
-Ah, mas não deixo mesmo! Eu não ver minha filha espancada deste jeito e não fazer nada!
Lune tossiu e um pouco de sangue caiu no chão, para horror de Momiji, que não teve dúvidas: arrastou a menina para dentro de sua pequena van e foi com ela para o hospital, mesmo com a filha esperneando que não queria saber de nada daquilo, que não queria a ajuda de ninguém, que era capaz de se virar sozinha.
Finalmente chegaram ao hospital e a médica a examinou e fez os curativos necessários.
-Ela está cuspindo sangue por que ficou com o estômago machucado, deve ter levado um soco e rompido algum vaso pequeno, mas vai sarar logo.
Disse a médica.
Momiji levou Lune de volta para casa, e a menina foi o mais rápido que conseguiu ao seu quarto e colocou-se a chorar, traumatizada.
A Mãe bateu na porta do quarto para conversar com a filha, mas Lune se recusou, ignorando-a.
Logo Kazuo, o pai de Lune, chegava do trabalho e Momiji foi logo contando a ele. Ruri, irmã de Lune, também escutou a conversa.
-Deixe ela sozinha lá por hoje, querida. Muito mais ferida que o físico, está a mente dela agora. Ela agora precisa de um tempo só. Mas amanhã é sábado e terei uma boa conversa com ela.
Disse Kazuo. Mas Momiji não se conformava e passou a noite inteira aflita.
-Kazuo-kun?
-Oi, querida, o que foi?
-O que será que aconteceu com a Lune na escola, estou tão preocupada...
-É evidente que ela sofreu bullying lá, meu bem...
-Pois é, mas não podemos deixar isto assim, é a nossa filha, afinal!
-Claro que não, meu anjo. E não vamos deixar! Eu vou conversar com ela amanhã cedo e saber da estória direitinho, aproveitando que ela não irá na aula amanhã.
-Não irá?
-Não, ela está traumatizada, minha lindinha, então melhor ela descansar e se recuperar amanhã. Segunda feira ela volta às aulas novamente. E depois de conversar com ela, vou pessoalmente na escola investigar o que houve.
-Não, amor, eu vou, eu preciso muito saber o que está acontecendo!
-Tudo bem, você vai então, minha fadinha!
-Mas você já deve ter percebido, não é, Kazuo-kun, ela não é como as outras pessoas, ela é diferente, de algum modo diferente, eu vejo como o comportamento dela é muito distante do da Ruri, por exemplo.
-Claro, são irmãs, mas duas pessoas diferentes. Porém, você tem razão. Andei lendo um livro sobre isto e desconfio de algumas coisas, de um modo que na semana que vem quero levá-la a um psicólogo.
Enquanto os pais conversavam na cama, Lune finalmente conseguira parara de chorar e tirar o uniforme, tendo enfim colocado sua camisola. Nem tinha ânimo para tomar banho. Estava pensativa.
Foi nesta hora que eu celular tocou. Era Rina, sua melhor amiga.
Lune, chorando e soluçando, explicou-lhe o acontecido.
-Eu vou já para aí, Lune-san!
Rina era vizinha dela, e em poucos minutos, batia na porta do quarto dela.
Lune abriu a porta e ao fechar, caiu nos braços da amiga, que a abraçou forte e fez carinho em seus cabelos e costas.
-Calma, calma...não fica assim não! Mas que gente estúpida!
-Eu não quero mais voltar para aquela escola, Rina-san ! E nunca mais quero saber de matemática!
-Ei, ei, ops, não é por aí, Lune-san. Olha, amiga, eu sei que você está traumatizada, mas você também não pode se prejudicar, nem prejudicar seus estudos por causa destes e destas ignorantes !Olha, eu tenho uma idéia: eu vou me mudar para o seu colégio e sua classe, o que acha? Assim, eu, que sou mais alta que você posso te proteger e não deixar estas loucas te machucarem de novo...
-Você jura que faria isto por mim, Rina-san?
-Juro ! Aliás, faria não, farei. Pode ter certeza, ao meu lado você estará segura!
-Ai, Rina-san, não é a toa que você é a minha única amiga, minha melhor amiga, amiga de verdade mesmo...tão lindo o seu gesto...
-É o mínimo que posso fazer, Lune-san!
-Quer dormir aqui comigo? Por favor...
-Se seus pais deixarem, e se você me fizer o favor de tomar um banho, durmo sim!
Lune concordou, e enquanto ela tomava banho, Rina desceu para a sala e conversou com os pais de Rina e eles concordaram que ela dormisse lá. Em seguida, Rina ligou para os pais dela e conseguiu o consentimento dos pais também.
Tudo pronto, Rina voltou ao quarto de Lune.
No dia seguinte pela manhã, Rina saiu cedinho para a escola e Lune ficou em casa. Agora animada, nem parecia que tinha acabado de sair de um evento traumatizante, pois sorria. Mas por dentro o trauma ardia suas chamas com tudo!
Durante o café da manhã Lune como sempre mastigava a comida em silêncio, quando seu pai decidiu falar com ela:
-Filha, hoje eu vou levar você para um passeio bem bonito: vamos passear no parque do Castelo de Osaka!
-Ótimo, pode levar a Ruri, pai.
- Não é a Ruri que quero levar ,filha, estou falando com você!
-Não estou interessada. Quer ficar em casa lendo meus livros.
-Puxa, que pena, pensei em levar você na doceria e te pagar um belo pedaço daquela torta de morangos com amoras e cerejas que você adora...

(por continuar)

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