quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sensibilidade de Viver Origens Episódio 8





 -Oi, Lune-san, é a Rina !
-Oi, Rina-san, ainda não tive tempo de pensar em sua resposta.
-Ah, fica tranquila, quando você estiver pronta você me fala!É que eu tenho um outro assunto importante para falar com você.
E Rina começou  contar da Síndrome de Asperger , para depois sugerir que ela fosse a uma psicóloga.
-Foi meu pai que pediu a você para falar destas coisas comigo, não foi?
-Não, eu que andei lendo sobre o assunto e...
-Rina-san, não minta para mim, você mente muito mal !Desde quando você se interessa por psicologia?Você está me subestimando !
-Aaah, desculpe, Lune-san...é, foi seu pai sim, depois daquele surto seu. Todos nós ficamos preocupados com você por que amamos você e...
-Discurso típico da minha mãe !Então os dois te pediram. A resposta é não !Por favor não insista !
-Ok, Lune-san, então pelo menos pensa com carinho no que te falei, ok?
- E por que eu pensaria com carinho? Ao pensar a gente deve ser lógica e racional, carinho não tem nada a ver com isto.
-Lune-san, você não tem carinho por mim, que sou sua amiga de tanto tempo?
-Temos uma amizade lógica em que exercemos afinidades de pensamento.Não há razão lógica para eu ter carinho por você !
-Mas com razão, ou sem razão lógica, eu tenho carinho por você !Poxa, eu me preocupo com você por que eu gosto de você, quero o seu bem, quero te ver feliz...por que você me trata assim...você não percebe como às vezes você é cruel com as pessoas que gostam de você, Lune-san?
-Isto é problema seu, eu não pedi para você ter carinho por mim ou gostar de mim.Você é assim por que quer.Eu não sou cruel, sou racional.Ah, e se prepare, provavelmente amanhã já terei uma resposta para você e vou ganhar este debate !
-Agora você me magoou, Lune-san, sabe, é duro ser sua amiga, viu?E você também não ajuda muito as pessoas a serem suas amigas, alíás nem faz questão que sejam...por que você tem de encarar todas as nossas conversas como se estivéssemos competindo, Lune-san?Por que?Por que você é tão fria e dura comigo deste jeito...
-Agora preciso me deitar e pensar nos meus argumentos para nosso debate.
-Droga !Mas que...
E  Rina desligou o telefone.
E Lune ficou pensativa, tentando buscar argumentos para a conversa dela na escola.Estava tão distraída pensando que tropeçou e caiu ao vestir as roupas de baixo, e tropeçou e caiu ao vestir o pijama , e se levantou nas duas vezes praguejando baixinho, com raiva das roupas terem interrompido seu fluxo de pensamento.
E deitou-se na cama.
No dia seguinte, quando acordou, ocorreu a Lune um pensamento: de repente, ir à Psicóloga poderia ser uma boa fonte para seus debates, e ela poderia ter grandes debates filosóficos com a profissional e vencer os debates e mostrar a ela que a doutora estava errada!
Ao chegar na cozinha, animada com seu plano mirabolante, Lune foi dizendo ao pai sem nem mesmo lhe cumprimentar:
-Pai, pode marcar a consulta com a Psicóloga, que eu irei!
Surpreso, Kazuo pensou imediatamente que Rina tivesse conseguido convencer a amiga.Mas não deixou de desconfiar, pois aquilo lhe pareceu fácil demais. No entanto, Momiji aplaudiu a decisão da filha e a incentivou:
-Muito bom, filhinha, vai fazer bem para você!
A resposta foi ríspida:
-Ora, mãe, não enche !
-Lune Tamasuki !Isto é jeito de falar com sua mãe, menina ! Olha para mim !
Até Ruri se assustou com o trovejar da mãe e olhou para irmã, buscando de modo aflito, um olhar de obediência e resignação dela.Já Otaru, o irmão mais novo, continuava comendo, completamente alheio ao clima de tempestade familiar.
E Lune olhou. Seu olhar para a mãe foi duro, frio, raivoso e determinado.
O de Momiji estava pegando fogo, mas lágrimas começaram a escorrer dos olhos dela:
-O que fiz, Kazuo, o que fiz para ter uma filha tão insensível, me diz?Por que ela me odeia?Por que ela me desafia?E eu...eu não consigo entender...
E Momiji saiu correndo da cozinha e foi chorar em seu quarto.O olhar de Kazuo para a filha foi reprovador, mas Lune parecia se sentir feliz, e vitoriosa com a situação criada e o clima familiar que permeava como nuvem negra aquela cozinha!
Kazuo correu para consolar a esposa.
Já Ruri ficou calada. terminou de comer e foi buscar sua mochila, e saiu para ir para a aula.
Lune continuou comendo com Otaru ,ainda muito novo para entender o que acontecia.Dez minutos depois da irmã, ela pegou suas coisas escolares e foi para o colégio.
Vendo que a rua estava deserta, ela saltou de alegria e sorriu, e foi caminhando pensativa, mas com um sorriso no rosto.Sorriso este que ela não revelava a ninguém. A cada vez que encontrava alguém,seu semblante mudava para sério de novo e depois que a pessoa passava, ela voltava a sorrir.
Ao encontrar com Rina , ela estava animada, como se ela nem tivesse magoado a amiga no dia anterior.Na verdade, Lune nem achava aquele fato importante, importante mesmo era o seu debate com ela.
-Vamos entrar para a aula?Olha, eu já tenho algumas idéias legais para nosso debate, mas se você não se importar, ainda prefiro esperar mais um pouco, daqui uns dois ou três dias poderemos continuar aquela conversa !
Rina, ainda magoada, nem respondeu, seguiu com ela até a classe.
Depois da escola, Lune voltou para casa,tirou o uniforme, e colocou uma calça jeans e uma camiseta, calçando um tênis logo depois.
Desceu as escadas e disse para a mãe:
-Vou passear na cidade e volto antes de escurecer!
Aquela seria a primeira de muitas vezes em que Lune iria caminhar pelas ruas do centro, filosofando e com isto,observando e criticando a Sociedade !Logo se tornaria um habito arraigado, ao que a família dela acabou se acostumando.
No dia seguinte, o pai dela avisou que naquele dia, após a aula, a mãe dela iria levá-la para a Psicóloga .
E dito e feito: Assim que Lune saiu da porta da escola, a pequenina van Daihatsu da mãe dela já estava em frente a porta e o "bi-bi" da buzina dela soava estridente!
Lune entrou na van e sentou-se na frente, no banco do acompanhante.
-Tudo bem, filha?Vamos lá?
-Fazer o quê?É a senhora que está dirigindo mesmo...
-Mas foi você quem concordou em ir, Lune !
-Vamos logo com isto então!Quero poder dar minhas voltas pela cidade depois disto e que seja logo !
-Por Buda !Você só pensa em você mesma, não?
-Não torra, não estou com muita paciência hoje...
Momiji cerrou os dentes com raiva e brecou com tudo.Atrás outro carro quase bate no dela e ouve-se uma buzina tocando.
A mãe dela arrancou de novo, dirigindo nervosa, em alta velocidade.
-Lune Tamasuki ! Você...quando você vai aprender a respeitar sua mãe ? Mas que porcaria, pombas, eu estou cheia, sabia?Estou cheia de você ficar me maltratando deste jeito, merecia levar uns tapas na cara, isto sim, mas seu pai não deixa !
-Bata, que receberá outro de volta !E ainda contarei ao papai !
-Depois reclama que os pais fazem chantagem...você é bem espertinha, não?Pois você faz chantagens também, mocinha !
-Não foi chantagem, foi ameaça mesmo !E olha para onde está dirigindo, a senhora ultrapassou um sinal vermelho agora,quase bate !
-Ah, é, e quem você pensa ,por acaso ,que me tira do sério?
-O carro não tem nada a ver com a sua raiva de mim, ele é um objeto inanimado,não tem nada que ficar descontando sua raiva nele !
-Ah, mas que drogaaa !Escuta aqui garota mimada e malcriada!Eu tenho direito de descontar minha raiva no que eu quiser, entendeu?Eu sou a sua mâe e quem tem autoridade sobre você sou eu, entendeu?Pombas, quer me tirar o direito de me expressar também?Não vê que eu estou me descabelando aqui e que a culpa é sua?
-Se sou malcriada é culpa sua, por que foi a senhora quem me criou, então não soube me criar!
Momiji parou o carro e o estacionou.Tirou o cinto de segurança. De seus olhos pareciam sair labaredas, tal sua fúria, agora seu nível de stress chegara ao máximo e finalmente sua paciência se esgotou !
-Ora, sua filha de uma ...
Lune, tranquila, e olhando para a frente ao invés de olhar para a mãe, respondeu interrompendo-a como se fosse a coisa mais natural do mundo, do alto de sua lógica:
-Lembre-se que a mãe aqui é você, portanto você está xingando a si mesma !

(por continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário