Este assunto que irei levantar hoje é muito rico e dá muito pano para
manga:as vantagens e desvantagens de se narrar uma obra em primeira ou
em terceira pessoas.
Na primeira pessoa,muitas vezes (mas nem sempre)
o narrador é o protagonista da estória,é algo parecido como alguém
descrevendo suas memórias.A grande vantagem desta técnica é que as cenas
sao narradas com mais emoçao, num tom mais intimista, onde o personagem
pode colocar para fora suas opinioes, seus pontos de vista e suas
emoçoes,e como sentiu tudo o que passou.
Porém as desvantagens,por
outro lado sao claras;nao dá para alternar fácilmente entre vários
planos de açao, por isto é impossível fazer uma novela em primeira
pessoa.Nao dá para usar o clássico recurso do "enquanto isto...", com
facilidade.Até dá, mas complica, e os resultados nao sao garantidos, em
termos de qualidade literária.
O que se pode fazer é algo tipo
assim:"Eu nao sabia que enquanto eu falava com fulano de tal, Ciclana
tramava contr mim em conluio com Beltrana-só depois fui saber de tal
fato"
Mas fica pobre, e pior, nao dá para reproduzir diálogos
inteiros das outras duas pessoas e alegar que ficou sabendo mais tarde,
com tantos detalhes,fica inverossímel.
Porém, ,como se trata de algo pessoal, a narrativa ganha mais força e
emoçao em primeira pessoa, entao esta é ideal para textos com poucos
personagens.
A narrativa em terceira pessoa, no entanto tem a
vantagem de poder acessar vários planos de açao ao mesmo tempo, e
permite alternar com a primeira pessoa em trechos curtos.Em Eternidade
por exemplo, uso um recurso interessante:uns capítulos sao em primeira,
outros em terceira pessoa, e em alguns capítulos narrados em terceira
pessoa, há pequenas inserçoes de curtos depoimentos de personagens,
dando a sua visao particular do que aconteceu.Como isto é
possível?Interrompendo-se o fluxo da narrativa e inserindo a
partícula:Agora fala Fulano de Tal: .
Com isto, temos a uniao das vantagens de ambas as pessoas e o cancelamento das desvantagens das duas.
A
narrativa em terceira pessoa pode ter sua fraqueza de expressao
atenuada usando-se o recurso de "poesia em forma de prosa", outro
sofisticado recurso utilizado em Eternidade.Porém, poucos escritores
conseguem dominar bem esta técnica complexa e sofisticada, e obter um
resultado limpo e elegante, pois fazer longas descriçoes de ambientes,
muito detalhadas, é fácil,mas se nao for bemfeita e poética, vai ficar
maçante, chata.A maestria está em colocar todos os detalhes
estratégicos, que serao utilizados mais tarde na narrativa de forma
fluida e leve, com força emocional e beleza poética, distraindo o
leitor, que passa a nao perceber a extensao da narrativa, enlevado que
está.
Poucos leitores sao capazes de distinguir na narrativa, os
detalhes estratégicos que irao aparecer em mais detalhes mais tarde na
narrativa e que sao cruciais para o desenrolar da estória.
A narrativa em terceira pessoa permite o uso de um número maior de
personagens, mas deve-se evitar o uso de um número excessivo de
personagens, pois eles perdem suas identidades e personalidades, que
acabam pouco exploradas, e fica maçante e complicado de entender.A
vantagem da primeira pessoa aparece ai- permite uma exploraçao mais a
fundo de cada personagem, embora permita um número menor de
personagens.A combinaçao terceira-primeira pessoa no mesmo texto é
perfeita para um texto sofisticado, elegante e complexo, como
"Eternidade".
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