-Não, Yurika-san, não estou te traindo com
ninguém,fique tranquila.
-Que bom, Takeo-kun !Eu não vejo a hora de você
fazer faculdade de administração para suceder seu pai nas empresas dele !
-Eu não vou sucedê-lo, Yurika, esquece !
-Vai sim, se você me ama, você vai obedecer as
minhas ordens ! E depois de sucedê-lo, quero que você seja meu marido, se você
for obediente a mim, você vai ser feliz !
Takeo e Yurika continuaram a briga por
telefone, enquanto lá fora o dia amanhecia...
Como todos os dias, durante a semana, Lune
acordou, tomou um banho, escovou os dentes e tomou o café da manhã, para depois
ir para a escola.
Mas aquele fora um dia irritante e estressante:
ela tropeçou e caiu no caminho, na aula os alunos a ficavam pedindo ajuda com
os exercícios, algo que ela não gostava de fazer,no intervalo, um garoto
colocou o pé no caminho dela quando ela estava com a bandeja na mão ,de
propósito e lá se foi ela no chão novamente e deixou toda a sua comida cair, e
ainda caiu suco em seu uniforme, manchando tudo.
Furiosa, pois ela percebeu que fora proposital,
ela pegou o garoto pelo colarinho e o chocoalhou e aí o garoto falou que as
bocas deles estavam tão perto que eles estavam quase se beijando, o que a
deixou com mais raiva ainda, e ela o derrubou da cadeira e começou a estapeá-lo
com toda a força, com ele caído deitado no chão e ela sentada em cima do ventre dele,espancando a ele sem parar,enquanto uma multidão de rapazes falava:-Beija, beija, beija
!
Nisto Rina entrou na lanchonete e tirou Lune dali, e a defendeu dos rapazes
que estavam prontos para fazer mão boba nela.
Entraram numa sala de aula vazia e Lune chorou
como um bebê de raiva, e tremia de nervosa!
Deu trabalho para Rina finalmente acalmá-la ,
com muito carinho, e depois da aula, a acompanhou até em casa.Rina sabia que
todo tem seu dia em que nada parece dar certo e era muito compreensiva com a
amiga, que a considerava mais irmã que a própria irmã.
Ao chegar em casa, Lune ainda estava
estressada.Seu cérebro estava cansado, sua mente não conseguia pensar em nada,
mas havia o bendito trabalho escolar para fazer, e tinha de ficar pronto para o
dia seguinte.
Quando seu pai chegou do trabalho, só de olhar
para a cara de Lune, ele já sabia que ela estava tremendamente nervosa durante
o jantar, de modo que, assim que ela terminou de comer e já ia correr para
subir as escadas para o quarto dela, ele aproveitou que a mãe dela ia levar o
lixo para fora, e Ruri e Otaru tinham ido para a sala, e abriu os braços com um
sorriso meigo.
Lune percebeu rápido o gesto do pai e o
abraçou, e chorou em seus braços, enquanto ele fazia cafuné em seus cabelos e
beijava sua testa.
Ela explicou o ocorrido na escola.
-Ah, filhinha, não fica assim não...olha, todo
mundo tem seus dias ruins, ok?Procura deitar e descansar, sem pensar em nada,
que vai passar...
-Mas eu tenho o trabalho, pai...
-Tudo bem, filha, tudo bem, faça então e depois
descanse.Se precisar de ajuda, me chame,pode contar sempre comigo, está bem?
-Obrigada, papai ...
E Lune, um pouco mais calma, subiu as escadas e
entrou no quarto.Sentou-se na sua cadeira, ligou seu computador e começou a
digitar o trabalho. Quando terminou, ligou a impressora e a mandou imprimir.
Só que ela viu na tela que a impressora não
detectou a presença do papel e dizia que a bandeja estava vazia.
Ela arrumou os papéis de novo. Tentou outra
vez.
Mesma mensagem.Ela tentou, duas, três, quatro
vezes e nada da impressora aceitar o papel.Isto a foi deixando nervosa novamente
e ela continuou tentando, sempre com o mesmo resultado, e a raiva se
transformou em fúria, e ela massocava o papel dentro da impressora aos berros:
-Impressora idiota ! Aceita este bendito papel
! Pombas ! Mas que droga !Aceita logo, vai ! Custa tanto assim você me obedecer
?
E nada. Ela colocava o papel de tudo quanto era
jeito, de um lado, de outro, jogou os papéis amassados fora, pegou mais e nada,
e a cada nova tentativa fracassara sua fúria aumentava e ela começou a espancar
a impressora, e dar gritos histéricos, depois de mais de trinta tentativas em
vão.
Ruri ouviu os gritos da irmã, pois seu quarto
era ao lado do dela, e foi ver o que estava acontecendo, e seus olhos se
arregalaram ao entrar:
Havia papéis sulfite rasgados e amassados
espalhados pelo quarto todo e Lune estava com a impressora nas mãos, pronta
para jogá-la no chão e destruí-la !
Ruri correu e conseguiu tirar a impressora das
mãos trêmulas de Lune, e finalmente Momiji chegou, e enquanto Ruri finalmente
colocava a impressora de volta na mesa e depois de algumas tentativas,
conseguiu imprimir o trabalho, a mãe acudia Lune, assustada com os gritos,
o olhar vidrado e colérico, os olhos
marejados de lágrimas. e tentou abraçá-la, mas Lune se safou num sacão e saiu
correndo. Foi descer as escadas correndo e tropeçou, voando escada abaixo, no
que foi salva e pega em pleno ar pelo pai, que subia as escadas agora e a
envolveu num abraço.
-Me deixa ! Me deixa ! Me largaaaa !
Gritou Lune, e saiu de casa, batendo a porta
com força, ganhando as ruas escuras.
Momiji, desesperada quis correr atrás dela, mas
Kazuo disse:
-Minha esposa querida, deixe a ela. Ela precisa
ficar só agora. Calma que já já isto passa !
-Mas querido, ela pode ser...
-Fica tranquila, anjo, vou ligar para a Rina,
para segui-la de perto.
Lune finalmente afrouxou o ritmo de sua corrida
e passou a caminhar pelas ruas desertas. Tentava se acalmar e só conseguia
pensar em tudo o de ruim que tinha lhe acontecido. Buscava consolo nos seus
conhecimentos de Filosofia, mas sua mente estava tão exausta, que parecia ter
perdido todo o seu conhecimento, o que a deixou insegura.
Foi quando se deu conta de que estava perdida.
Ela conhecia muito bem o bairro onde morava, mas nunca tinha feito aquele
caminho antes, nem nunca tinha ido para aqueles lados do seu bairro. Ademais,
ela quase não saia a noite, e ela costumava perder todo o senso de direção no
período noturno. Ao olhar para trás, percebeu um rastro de sangue, e olhou para
as próprias pernas.
De seu shorts jeans, muito sangue descia pelas
pernas. Ela tinha ficado tão nervosa que acabou adiantando sua menstruação!
Ela sentia vontade de chorar. As lágrimas
caíam, mas a voz, já rouca, não saía, os soluços não vinham...
Ela viu então um vulto sinistro encostado num
poste, fumando algo que lhe pareceu ser droga.
Agora ela tremia de medo e, paralisada, não
sabia o que fazer.
Então sentiu uma mão tocar seu ombro esquerdo e
ela soltou um grito de terror.
-Calma, calma, sou eu, a Rina ! Que bom que te
encontrei ! Vem, vem para a minha casa, você
vai dormir em casa hoje!
E abraçou forte a amiga.
Ao chegarem na casa dela, Rina avisou a aflita
e preocupada mãe da Lune e explicou a situação e Momiji, eternecida, agradeceu
a ela.
Rina fez Lune tomar um banho e emprestou
absorventes para ela.
No dia seguinte, antes da aula, Rina levou Lune
de volta para casa, pegaram o trabalho escolar e mais tarde foram para a aula,
desta vez um dia normal, sem incidentes.
Aproveitando, depois da aula, que Lune se
trancara no quarto dela, Kazuo e Momiji chamaram Rina para uma conversa na sala
e o pai da Lune explicou sobre a Síndrome de Asperger e sua desconfiança.
-É, pensando bem, senhor Kazuo, o senhor tem
razão, ela deve mesmo ser Asperger. Pode contar comigo, vou ajudar vocês a convencê-la a ir a um psicólogo!
Rina foi embora.
(por continuar)
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