quarta-feira, 30 de julho de 2014

Conto: F 4 Phantom II - Parte 2



(PS: esta é a segunda parte do conto, a primeira está na postagem logo  abaixo, por favor, leiam a primeira parte primeiro)

...A cabine, ou o que restou dela, tinta de sangue,  e ele viu o caça caindo no mar, num parafuso incontrolável, e ele não podia salvá-lo !Não podia fazer nada...
Lembrou-se que isto podia  acontecer com ele também, e veio-lhe uma profunda revolta, amarga como as águas salgadas em que Ronnie mergulhava para sempre-queria vingá-lo !
De olhos rasos, deixou a formação, perseguindo o Mig assassino, contrariando todas as regras-aquele era o Mig líder, seu piloto, um ás multi condecorado!
Outro esquadrão de Phantons, auxiliados por outro de ágeis Falcon F 16, chegavam agora e os Migs batiam em retirada.A ordem de retornar à Base foi dada.
Mas Nigel não se conformou, foi atrás daquele Mig,e  de nada adiantaram os apelos para que ele voltasse.
Nig abriu seu canal de rádio e  distribuiu xingamentos e ofensas aos pilotos de Migs, chamando o líder para um combate.
Ele não só ouviu, mas ordenou que todos os outros atacassem.
Já não era mais uma guerra, mas vingança cruel e real, pura e simples!
Agora Nigel não tinha mais medo, encarava seu Phantom como uma enorme arma voadora e vingadora,quase suicida!
Olhos inchados, revoltos, espumando de raiva, desesperado !
Agora não se importava mais em morrer, desde que vingasse seu amigo !
Mesmo acuado, cercado por vinte  inimigos, atacou !
Disparava mísseis certeiros e quando estes acabaram, disparou o canhão.
De alguma forma inexplicável, desviando-se dos mísseis e balas, conseguiu abater sete Mig´s, quase não conseguindo entender como o Phantom ainda voava ,tão cravejado de balas que estava !
Vazava combustível, óleo, os motores falhavam, mas Nig ainda voava e continuava atirando.
A Base detectou o dogfight e mandou de volta os F16, e os Migs restantes fugiram, menos o Líder.
Ao ver-se frente a frente com este,Nigel colocou o dedo no gatilho do canhão e atacou, disparando uma rajada contínua no Mig, desviando-se dos mísseis, acertando o piloto inimigo, estraçalhando sua cabine!
As balas de seu oponente também o acertaram, atingindo seu navegador mortalmente, e o vidro da cabine traseira explodiu.
O Mig caiu no mar e só agora os F16 chegaram.
Nigel ainda estava fora de controle, chorando muito !
O Phantom já estava perto da Base, o combustível acabou, trens baixados e flaps recolhidos, o avião vinha balançando , torto, perdendo altura de modo descordenado.
Toda a equipe de emergência na pista e o Phantom planava.Atenção total !
Seus colegas, receosos e nervosos!
O vento silvava,naquele vôo à vela improvisado.
As rodas tocaram o solo, freios aerodinâmicos extendidos,freios das rodas travados, mas a velocidade ainda era muito alta.
Os pais e a namorada de Nig, tensos a ponto de desespero !
O avião não parava!
Os pára-quedas do avião se soltaram, mas ao desfraldar-se rasgaram-se pelas balas que  levaram.
O Phantom arrebentou três redes de segurança e vinha direto para a torre de controle, todos torcendo para ele parar a tempo !
Alguns já comentavam:
-Pobre rapaz, morrer assim !
Mas para a surpresa de todos, ele começou um louco cavalo de pau, girando e regirando várias vezes e acabou parando a meio metro da torre.
Quando abriram o canopy, Nigel ainda estava rígido, segurando o gatilho do canhão apertado, calado, olhos rasos, impassível!
Ao ser retirado do cockpit, ele viu o que restou do corpo de Ronnie, sendo retirado dali.Nigel caiu ajoelhado ao lado da maca no chão, chorando compulsivamente,estava psicológicamente arrasado!Traumatizado, angustiado , numa depressão profunda !
Mas foi recebido como Herói, absolvido pela coorte marcial, por méritos prestados e seus pais e sua namorada o acompanharam ao hospital psiquiátrico.Foi condecorado no hospital.
Quanto ao Phantom F4 E, ninguém acreditava que ainda tivesse conseguido voar, e ter exigido tanto sangue para provar uma fidelidade quase canina, mas exigente!
Ainda era aquela máquina brutal, potente, ágil e veloz, robusta, complexa e resistente, brilhando abandonada ao por do sol!
O brilho de aço naquele entardecer tão bonito, resplandecia naquela base vazia....

              FIM!

Cristiano Camargo


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